Para amenizar saudade, professoras dão aula na calçada das casas dos alunos
Mensagens como "Tia, estou com saudades" e "Posso te ligar?" fizeram com que professora adotasse nova estratégia pedagógica para dar aulas durante a pandemia.
É bem verdade que a internet também viabiliza encontros e reencontros, mas é no presencial que acontece o abraço, o toque, a conversa olho a olho. Na falta desse contato, tão essencial para o bem-estar físico e mental, surge o que chamamos de saudade.
Há seis meses com aulas no ambiente virtual, a professora Sandra Storch Araujo, da Escola Adventista da Pampulha (EAP), em Belo Horizonte, passou a receber áudios que diziam: "Tia, estou com saudades", "Posso te ligar?". O coração apertava ao ouvir os alunos.
Sandra decidiu adotar uma nova estratégia pedagógica para amenizar esse sentimento. Ela preparou a aula e foi para a calçada da casa dos estudantes ministrar os conteúdos. Ao ar livre, organizou com cuidado e carinho o ambiente provisório de sala de aula, para que os estudantes se sentissem na escola.
Com máscara e em distância segura, ela transmite o conteúdo do dia, interage com os alunos e tira todas as dúvidas. As aulas duram em torno de 10 a 15 minutos.
"Apesar de fazermos aulas coletivas e individuais pela internet, sentia que faltava um contato maior. Tínhamos a expectativa de voltar à escola após as férias e acho que os alunos também. Entretanto, não foi possível. O ambiente de sala de aula faz falta para mim como professora e para eles também", ressalta Sandra.
O psicólogo e especialista em Psicopedagogia, Daniel Inácio, explica que o contato físico é essencial para o desenvolvimento do aprendizado da criança.
"A criança se desenvolve e aprende pela observação. Quando existe o afastamento, ela perde um pouco o fator aprendizagem, sem contar que o calor humano e a proximidade é importante para o desenvolvimento, a afetividade", enfatiza ele.
Professora Simone Santiago também adotou a mesma estratégia de ensino e, claro, aproveitou para rever os alunos. Antes da professora chegar, Taciane Vassalo contou ao filho, Mateus Vassalo, de 4 anos, que ele receberia uma surpresa.
"Foi algo que não esperava e ele ficou na expectativa, olhando pela janela. Eu acredito que isso marca muito o aprendizado do aluno", diz Taciane.
Confira nas fotos abaixo mais momentos de aula.