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Voluntariado

Pai e filho resgatam cerca de 300 pessoas com barco da família no Rio Grande do Sul

Juarez e Dionatan, seu filho, estiveram desde sexta-feira (3), retirando pessoas e animais das enchentes em Novo Hamburgo


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Junto a outros voluntários, eles resgatam pessoas e animais de estimação das enchentes em Novo Hamburgo (Foto: arquivo pessoal)

O Rio Grande do Sul está enfrentando graves inundações nas últimas semanas, deixando muitas comunidades em estado de emergência. Nesse cenário desafiador, histórias de coragem e solidariedade emergem, como a de Juarez e seu filho Dionatan, membros da Igreja Adventista, que se tornaram heróis ao salvar vidas durante as enchentes com o barco da família.

Solidariedade em tempos de crise

Tudo começou quando um pedido de socorro chegou através de um aplicativo de mensagens, em um grupo da Igreja Adventista do bairro Integração, em Novo Hamburgo (RS). Um casal da igreja precisava ser resgatado de sua casa inundada e Juarez não hesitou em oferecer seu barco para ajudar. No entanto, ao chegar ao local, eles perceberam que a situação era ainda mais grave do que imaginavam.

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Juarez expressa a dificuldade em relatar a situação em que as pessoas estavam durante os resgates. Segundo ele, ao buscar alguém, já sabia que deveria voltar imediatamente, pois outras pessoas precisavam de ajuda. "Tinha muita gente empenhada em ajudar, graças a Deus. É impressionante o que o pessoal viveu ali. Pessoas sendo salvas dentro da água, nadando, porque já não tinham para onde ir", relata.

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Pai e filho usam barco pessoal para salvar vítimas das cheias do Rio dos Sinos (Foto: arquivo pessoal)

Resgates incansáveis

O que começou com o resgate de um casal logo se transformou em uma maratona de salvamentos, com Juarez e Dionatan trabalhando sem descanso por horas a fio. Eles navegaram pelas águas perigosas, resgatando cerca de 100 pessoas no bairro Integração e 200 pessoas no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, enfrentando adversas consequências das fortes chuvas.

Dionatan, filho de Juarez, relembra que resgataram uma pessoa cadeirante por cima do telhado. "Quando olhamos para o lado havia as tábuas de madeira ideais para retirar a pessoa em segurança. Meu pai fala que é a direção de Deus encaminhando as coisas para se encaixarem", concorda.

Essa aparente coincidência é interpretada por Juarez como uma orientação divina, pois pessoas e recursos se apresentaram de maneira oportuna durante os resgates. Mesmo exaustos, eles persistiam, impulsionados pela responsabilidade e promessas feitas às vítimas.

Assim como Dionatan, outras pessoas e parceiros ajudaram durante os resgates. "Haviam pessoas que estavam desde sexta-feira até domingo resgatando. Elas diziam que estavam exaustas, mas não conseguiam parar, pois cada vez que voltavam e diziam que era a última vez que iriam buscar gente, eles se lembravam de que aquelas pessoas contavam com elas e que haviam prometido voltar", revive Dionatan.

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Juarez salva cadela ilhada em segundo andar de casa atingida pela enchente (Foto: arquivo pessoal)

Resgates humanos e de animais

Enquanto navegavam, além de salvarem vidas humanas, Juarez e Dionatan também não hesitaram em resgatar animais de estimação, mostrando uma compaixão sem limites em meio ao caos. Juarez relembra que durante os resgates encontravam vários outros moradores pedindo socorro, pois não tinham para onde ir. Aquelas pessoas suplicavam não apenas por suas vidas, mas também pelas vidas dos seus animais domésticos.

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Juarez e Dionatan priorizaram o resgate tanto de vítimas humanas quanto de vítimas animais (Foto: arquivo pessoal)

Confiança em Deus

Juarez enfrentou desafios adicionais ao colocar nove pessoas em um barco projetado para apenas cinco. O medo era palpável entre aqueles sem experiência e apavorados pela situação. Eles encontraram casais com cerca de 24 cães a bordo durante a madrugada, evidenciando a diversidade e complexidade da circunstância.

Entre os relatos, um padrão emergiu, o clamor desesperado por ajuda. Essa foi a realidade vivenciada hora após hora enquanto os moradores aguardavam socorro.

Família resgata cerca de 300 pessoas ilhadas pela enchente (Foto: arquivo pessoal)

Durante todo o período dos resgates, o tanque de gasolina do barco durou, possibilitando os salvamentos até o amanhecer. Foi somente quando a luz do sol apareceu que perceberam a falta do combustível. Em contrapartida, o barco precisou ser abastecido pelo menos três vezes para continuar navegando o longo do dia.

Por três dias consecutivos, pai e filho se dedicaram ao árduo trabalho de resgate. Tudo começou na sexta-feira pela manhã e se estendeu até o domingo à tarde, sem intervalos. Ainda nesta segunda-feira (6), Juarez retornou aos locais inundados a fim de encontrar e salvar mais pessoas ilhadas.