O culto familiar como instrumento de formação espiritual
Atualmente, o culto familiar pode ser um desafio por conta de tempo e rotinas, mas é de grande importância para a base da família.
A realização do culto familiar é um desafio da contemporaneidade para as famílias cristãs, mas deve ser encarado como tendo importância crucial na formação dos filhos.
Entende-se por formador espiritual aquele que educa, formando um caráter com princípios e valores cristãos. Desta maneira, é indispensável que os pais, enquanto agentes formadores de seus filhos, reservem em sua rotina diária um tempo regular e de qualidade para realizar, sistematicamente, o culto familiar. Na infância, a rotina transmite segurança ao infante.
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Infelizmente, muitos pais têm realizado o culto familiar com os filhos apenas quando sobra tempo, não racionalizando que, desta forma, estão enviando uma mensagem à estrutura cognitiva das crianças de que o culto não tem tanto valor. Assim, é bastante provável que essas crianças cresçam sem considerar o culto como prioridade na rotina, sequer como parte importante da vida cristã.
É preciso atentar ao fato de que a infância passa muito depressa. Por isso, é indispensável aproveitar o tempo e a capacidade da criança de ter o seu caráter moldado, e fazer como Joquebede, que decidiu utilizar cada minuto para preparar espiritualmente o seu filho.
Quando a formação espiritual deve iniciar?
A escritora Ellen White (2007, página 26) afirma que desde “bebê, nos braços da mãe, enquanto está moldando e formando o caráter dos filhos”. Vale destacar que os princípios cristãos experimentados desde bebê e nos primeiros anos de vida, encontrarão nesta fase uma mente mais suscetível a absorver o que lhes for ensinado. Da mesma maneira que a criança aprende diariamente, nos primeiros anos, a comer, andar, tomar banho e escovar os dentes, ela precisa ser ensinada com a mesma constância a se relacionar com Jesus. Desta maneira, à medida que for crescendo, vivenciar os princípios espirituais será uma prática natural.
Se os pais procederem assim, enquanto o bebê se desenvolve fisicamente, ele também estará fortalecendo o próprio conceito de um Deus real e próximo. Então, quando chegar a fase dos questionamentos e crises, as mensagens, músicas e histórias que conheceu na infância serão acessadas pela mente, e tais experiências falarão alto à consciência, que estará preparada para tomar decisões conscientes; decisões acertadas, que agradem a Deus e aos pais, pautadas em valores bíblicos e cristãos.
Uma pesquisa realizada pela Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, no início da década de 90, apontou que muitas crianças conheciam diversas histórias da Bíblia, mas não se sentiam amadas por Deus, nem compreendiam a graça como um presente. Ou seja, tinham a informação espiritual, mas não tinham a vivência prática do cristianismo. Por isso, com o objetivo de formar para salvar, devolveu-se neste mesmo período um currículo para as lições da Escola Sabatina das crianças, desde o nascimento aos 13 anos, denominado “Elo da graça”. Este esquema organizou mais de 600 histórias bíblicas com ênfase na graça, adoração, serviço ao Senhor e comunidade.
Também vale salientar que um processo de formação espiritual ultrapassa práticas superficiais como entregar um tablet com histórias e músicas bíblicas à criança. Os princípios cristãos devem ser embutidos nas histórias e reforçados em conversas do dia a dia, cumprindo o ensinamento de Deuteronômio 6:6-9.
Como realizar um culto familiar com a criança?
Devem ser levados em consideração os quatro estilos de aprendizagem: auditiva (ouvindo), visual (observando), sinestésica (com estímulos táteis ou movimentos corporais), artística (desenhando, dramatizando, cantando).
Partindo disso, é válido ter uma música que sirva de convite para a criança ir até o local do culto. Em seguida, deve-se iniciar o momento de louvor com até duas músicas infantis. Para crianças até quatro anos, é importante ter, nesse momento, um apoio concreto para ilustrar a música, por exemplo: um sabonete, para cantar a música do sabão.
Na sequência vem a parte mais importante do culto: o momento da história – e deve ser assegurada a qualidade desse momento. No início, é preciso apresentar a Bíblia como uma carta de Deus, verdadeira, com histórias que ensinam os Seus filhos a serem vitoriosos. Os materiais de apoio visual devem estar organizados no local do culto antecipadamente. Estes podem ser coisas cotidianas como peneiras, copos, embalagens, rolos de papel higiênico, garrafinhas de iogurte, etc., que podem facilmente decorados para representando personagens da história.
Esse momento requer objetividade (2 ou 3 minutos), mas precisa deixar claro para a criança o relato bíblico e o quanto ela é amada e valorizada por Deus. Fica mais fácil para ela assimilar a história se relacioná-la à vida cotidiana, então, os pais devem fazer perguntas que levem a criança a refletir sobre como pode aplicar as lições daquela história em sua vida, e devem sugerir que realize, em algum momento do dia, uma atividade daquelas sugeridas ao final de cada lição da Escola Sabatina, cuja finalidade é fazê-la praticar o princípio bíblico ensinado.
É imprescindível encerrar com uma oração! Por fim, diante da escassez de tempo, o desafio de hoje para as famílias é tornar o culto familiar uma prioridade inegociável para todos, crianças e adultos. Ali será plantando e regado diariamente nos corações o desejo de ver Jesus voltar. E se Ele demorar, como alguns julgam (2 Pedro 3:9), alegrem-se os pais na satisfação de ter cumprido o propósito de Deus para eles, de educar a criança no caminho em que ela deve andar (Provérbios 6:22). E quando chegar o dia do grandioso encontro com Deus, que cada família cristã consiga devolver ao Senhor os filhos que Ele bondosamente lhes confiou
Este texto foi publicado originalmente na edição 07, da revista Família Esperança, ano 2018.
Juliana Miranda Damasceno é psicopedagoga clínica e institucional.
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