A comparação com os batimentos cardíacos mostra o quanto a Escola Sabatina é vital para a Igreja. Agora, adventistas da Bahia e de Sergipe querem fortalecer as unidades de ação, integradas aos pequenos grupos, para ampliar comunhão com Deus, com a comunidade e com a missão, conforme promovido no Concílio Anual.

Tudo começou com o convite para participar de partidas de vôlei, com um grupo de amigos de uma comunidade adventista de Aracaju, capital de Sergipe. Foi assim que Paulo de Tarso fez novos amigos, todos integrantes de um pequeno grupo da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que se reúne há 19 anos. Aquele foi o início de uma nova vida espiritual. Paulo foi batizado e casou com uma integrante do pequeno grupo. As coisas caminhavam bem até 2016, quando um acidente fez com que Paulo se tornasse tetraplégico. Para ele, passou a ser difícil ficar sozinho. Mas esta era uma realidade fora de questão para Paulo. “Nunca mais eu estaria sozinho, porque faço parte de uma comunidade especial. Eu faço parte de uma Base Life”.

A Base Life em questão é o nome dado para um novo modelo de comunidade, criado a partir da integração entre as unidades de ação da Escola Sabatina e os Pequenos Grupos. São dois ambientes da igreja que se conectam para criar um estilo de vida. É o pilar essencial do Projeto Todos Pela Palavra, que busca inspirar adventistas a estudar, viver e ensinar a Palavra de Deus. A proposta da integração, que tem como uma das metas fortalecer a Escola Sabatina nas igrejas da Bahia e de Sergipe, foi um dos principais destaques da agenda do Concílio Anual da União Leste Brasileira, sede adventista para baianos e sergipanos. O evento encerrou nesta quinta-feira, 18 de novembro.

“O desejo é de envolvimento de cada membro da Igreja com a Escola Sabatina, sendo que cada unidade de ação funcione como pequeno grupo. Isso favorece a condição de uma igreja mais dinâmica, vibrante e missionária, com esta realidade da integração”, disse o pastor Manoel Chaves, líder do Ministério de Escola Sabatina para Bahia e Sergipe.

A estrutura integrada da qual Paulo participa, na capital sergipana, conhecida como Base Life Mensageiros do Advento, é parte de um contexto em que mais de 580 unidades de ação do Estado já estão integradas aos pequenos grupos. O desejo da liderança é incluir toda a Igreja nesta realidade, de modo que cada membro seja inspirado a seguir a visão e a missão desta iniciativa (veja as definições na descrição abaixo). A primeira medida para a promoção será a realização de dois Congressos Todos Pela Palavra, logo nos dois primeiros meses do ano.

SOLIDARIEDADE E EVANGELIZAÇÃO GERANDO IMPACTO NA COMUNIDADE

O desejo é levar adventistas da Bahia e de Sergipe a experimentar o mesmo estilo de vida que hoje anima irmãos e irmãs do Distrito do Cabula, bairro no miolo central de Salvador que está em sexto lugar na lista de lugares mais desejados para se morar na capital baiana, onde vivem cerca de 25 mil pessoas, das quais 30% das famílias têm renda mensal de 5 a 10 salários-mínimos, e 49% dos moradores têm entre 11 e 14 anos de estudos, de acordo com dados do Observatório de Bairros de Salvador.

Nesta localidade, a integração entre unidades de ação da Escola Sabatina e Pequenos Grupos criou um ambiente favorável para o desenvolvimento da comunhão, do relacionamento e da missão, disse o pastor distrital Manoel Santos. “Hoje, as igrejas no Cabula vivem a experiência da fidelidade e da adoração, com a participação em eventos como o Congresso Família Feliz; compartilham a vida em comunidade, através de iniciativas relacionais como os desafios life, de cuidado uns com os outros; e respiram a missão com ações solidárias e classes bíblicas, destacando-se o resultado do Batismo da Primavera deste ano, quando 61 pessoas foram batizadas, depois de uma experiência de 50 dias de oração pela decisão dessas pessoas”, afirmou o pastor.

As ações solidárias se destacam como pontes no relacionamento com a comunidade. Durante o concílio, um grupo de líderes voluntários do Cabula apresentou os resultados destas iniciativas. O jornalista Davi Souza da Fonseca, 27 anos, um dos anciãos (líderes leigos de igreja local), falou sobre o Projeto Natan, que inspira os membros a planejar e executar a reforma de casas de famílias economicamente vulneráveis do bairro. Toda a ação é discutida no plano integrado de unidade de ação e pequeno grupo. O movimento já permitiu a reforma de casas de 5 famílias da localidade. Outro projeto que se destaca é o sopão solidário, que acontece a cada quinta-feira em dois lugares do bairro, como informou a diretora distrital de Escola Sabatina, Josita Jesus de Santana Silva.

Além da animação com as ações em favor da comunidade, outro ponto destacado por Davi é a formação de novos líderes e a coexistência produtiva entre gerações diferentes. O jovem jornalista tem como inspiração para o trabalho no ancionato o líder local Getúlio Lira, um dos pioneiros da Igreja, que participa das atividades há mais de 40 anos. A harmonia geracional inspira o surgimento de jovens líderes. Na apresentação durante o concílio, João Vítor Macedo Moreira, de 15 anos, disse que os jovens estão unidos com os adultos na missão de pregar o Evangelho no bairro.

CHEGOU A HORA

Para o pastor André Dantas, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia para Bahia e Sergipe, o momento é de resgatar a Escola Sabatina como o coração da Igreja. Transformando as unidades de ação em núcleos vivos para o crescimento da igreja, em suas atividades no templo, nas casas e na comunidade, integradas aos pequenos grupos. Escolhendo pessoas para a equipe da Escola Sabatina (diretores, secretários, professores) que sejam estrategistas, tenham paixão missionária, amor pelas pessoas e habilidade ou vontade para usar ferramentas digitais, como aplicativos. “Desejamos uma revitalização da Escola Sabatina como o núcleo essencial para um viver orientado pela Bíblia. Há um ideal missionário que precisa ser realizado pelas unidades de ação. Ellen White escreveu: “O grande trabalho de abrir a Bíblia de casa em casa, dando estudos bíblicos, proporciona maior importância à obra da Escola Sabatina e torna evidente que os professores devem ser homens e mulheres consagrados, que compreendam as Escrituras e saibam repartir as palavras de verdade” – Conselhos Sobre a Escola Sabatina, 83,84

Nas palavras do líder, é tempo de uma igreja determinada a viver plenamente esta experiência de unidade em torno de uma vida orientada a estudar, viver e ensinar a Palavra de Deus. E a Escola Sabatina, o coração da Igreja, vai bater mais forte a partir de agora.