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Comunicação

Número de fotos publicadas por dia supera um bilhão

Smartphones deram novos significados à fotografia.


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Por Mariela Espejo

Telefones inteligentes potencializaram a possibilidade de fotografar (Foto: Shutterstock)

Com a chegada dos smartphones, a fotografia adquiriu uma função distinta daquela conhecida nos tempos das câmeras analógicas. A escritora espanhola María García Aller defende que no mundo digital a função da fotografia não é lembrar, mas sim comunicar algo.

De acordo com o Mary Meekers Anual Internet Trends Report, 1.8 bilhão de imagens digitais foram publicadas diariamente em 2014. Naquele ano, elas foram compartilhadas 657 bilhões de vezes na internet. Na mesma época, Jorge Sosa acompanhou o aumento pelo interesse em produzir imagens para o meio digital. Ele trabalhava como fotógrafo do jornal da Universidade Adventista de Montemorelos, no México. No entanto, aos poucos a relevância da novidade foi ficando para trás.

Para Sosa, a popularização da fotografia digital possibilitada pelos telefones tem levado pessoas a perder experiências em detrimento dos registros

Sosa lembra que as redes sociais começaram a saturar-se de pessoas que faziam ensaios fotográficos, o que para ele era mais vaidade do que arte. O Facebook começou a ganhar força e, por sua vez, viu um aumento do número de pessoas que se preocupavam em tirar fotos para postar em seus perfis.

“Me saturei disso. Me saturei também de gente que viajava apenas para registrar o que viam e não pela viagem em si. Não olhavam os lugares, só através das telas”, decepciona-se ele.

Enquanto fazia os cursos de Comunicação e Meios, e Artes Visuais, decidiu parar de fotografar e encontrou seu lugar em outras áreas que incluem o conhecimento e a manipulação da fotografia, mas não a fotografia estática em si mesma. Hoje ele trabalha como redator na agência de marketing Grupo 4S e cria projetos independentes de vídeo e publicidade.

Nova realidade

Para Andreia Moura, mestre em Divulgação Científica e Cultural, e doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais, a fotografia faz parte de um contexto histórico-social que representa um novo homem.

Para ela, com a chegada da fotografia, a percepção humana de espaço e pertencimento foi alterada. “Nós transportamos a nossa existência, nossa compreensão do mundo, para uma dimensão pictórica, porque quando eu não existo nas redes, eu nem existo. Fotografamos para existirmos dentro de uma sociedade que só existe por meio da sua expressão visual, em muitas instâncias”, esclarece a docente.

Por outro lado, Rogério Furlan, mestre em Comunicação e professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) e da Faculdade Cásper Líbero, conclui que a fotografia tem uma ampla relevância cultural, histórica e social, pois ela foi a primeira possibilidade de registro do cotidiano mais próximo da realidade. “A fotografia foi o pontapé inicial para todos os outros registros que deixaram de ser visuais e passaram a ser audiovisuais, e por isso devemos comemorar sua criação”, afirma.

Hoje, fotógrafos precisam investir em qualidade e criatividade para se destacar no mercado

Assim como outras manifestações artísticas, a fotografia é uma forma de trabalho. Para Rosie Lema, o amor pela profissão foi inspirado na natureza. Há mais de dez anos ela faz retratos individuais, familiares, de casais e recém-nascidos na cidade de Lincoln, Nebraska, nos Estados Unidos.

“Meu foco é a beleza interna de cada pessoa. Todos têm algo que os caracteriza ”, ressalta Rosie. Sua preocupação é fazer com que o momento seja agradável para quem está sendo fotografado, o que influencia no resultado final. Na opinião dela, o fato de que tirar fotos seja acessível para muitos é uma oportunidade para oferecer um produto diferenciado.

Espaço para todos

Apesar de considerar que os dispositivos móveis, aplicativos de compartilhamento e as redes sociais tenham banalizado a fotografia, Furlan considera que isso não interfere diretamente na atuação do fotógrafo profissional. Afinal, as fotos produzidas no cotidiano dão relevância à quantidade, e não à qualidade.

Isso porque quem é fotógrafo precisa ter conhecimento técnico, de iluminação, estética e linguagem. Nas palavras de Sosa, um verdadeiro profissional dessa área é quem desenvolve uma voz própria e um discurso relevante, alguém que sabe combinar ferramentas com a sensibilidade artística e a visão.-


O dia 19 de agosto foi escolhido como Dia Mundial da Fotografia em comemoração a patente do daguerreotipo, precursor da fotografia atual.