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Saúde

Tratamento é a melhor prevenção para a AIDS, afirma especialista

Por ano, mais de 40 mil pessoas são diagnosticadas com o vírus do HIV no Brasil


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Em campanha de prevenção, testes rápidos podem ser realizados com sangue ou saliva e têm resultado em até 30 minutos (crédito: Wellington Andrade)

São Paulo, SP ... [ASN] Segunda-feira, 28 de abril de 2003, Fábio pedalou até o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), na rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo. Próximo das 16h recebeu o retorno do exame que havia feito há poucos dias. O resultado, positivo. Descobriu naquele momento que era portador do vírus da imunodeficiência humana, o HIV.

Trinta e seis milhões de pessoas convivem com vírus do HIV no mundo, cerca de 830 mil apenas no Brasil, onde a cada ano mais de 40 mil novos casos são diagnosticados, conforme apontam os indicadores do programa da Organização das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). No Centro de Referência e Treinamento da Sede da Coordenação Estadual do programa de DST/AIDS do Estado de São Paulo, localizado na Vila Mariana, cinco pessoas recebem o mesmo resultado que Fábio todos os dias.

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Fases do HIV

O vírus do HIV ataca o sistema imunológico, especificamente os linfócitos T-CD4+. Ele se multiplica e destrói essas células no processo. A falta das células acarreta a baixa imunidade, que por sua vez abre espaço para doenças oportunistas, o vírus da imunodeficiência adquirida, a AIDS.

O HIV possui três estágios. O primeiro, nomeado de infecção aguda, ocorre quando o vírus é incubado e se reproduz rapidamente – um período de até 60 dias para o organismo produzir anticorpos, o anti-HIV. Na fase inicial, alguns portadores da sorologia positiva podem não apresentar nenhum sintoma.

No segundo estágio, o vírus está ativo no organismo, mas a sua reprodução é bem menor, chamado de infecção HIV assintomática. Este período pode durar até 10 anos e, quando não tratada, a doença evolui para a AIDS – vírus da imunodeficiência adquirida – que ocorre quando o organismo está debilitado e suscetível a infecções, conhecidas como doenças oportunistas.

“O ideal é que se faça o diagnóstico precoce para inibir a replicação viral e evitar que o HIV chegue ao estado de destruir o sistema imunológico. Com o diagnóstico e tratamento, é possível que a pessoa seja apenas portadora do HIV e que não desenvolva a AIDS”, explica a Denise Lotufo, Gerente da Assistência Integral à Saúde do CTA. 

Tratamento 

O primeiro programa de AIDS do Brasil foi criado na década de 80 e em 1996 o país disponibilizou a terapia antirretroviral aos portadores da doença. Em 2013, o tratamento foi disponibilizado para todas as pessoas que possuem o HIV, independente do estado imunológico.

“Hoje sabemos que a melhor forma de prevenção é o tratamento. É uma utopia, Se todos os portadores do HIV tomassem a medicação corretamente, teríamos a eliminação da epidemia”, afirma Denise.

Fabio de Souza descobriu a doença no estágio inicial, há 14 anos. Atualmente alia a terapia antirretroviral (faz uso diário de três medicamentos) ao estilo de vida saudável. Colportor evangelista, Fabio utiliza os conhecimentos adquiridos nos livros que vende para manter a saúde e a boa forma. Com os tratamentos, hoje tem carga viral negativa, quando não há possibilidade de transmissão.

Além do tratamento físico, o apoio psicológico aos portadores da doença é fundamental. Conhecer suas causas, sintomas e como ocorre a transmissão é algo que precisa ser amplamente trabalhado com a população, com o objetivo de evitar o preconceito. “Não é o HIV que mata, é o preconceito, a falta de amor e compreensão sobre o que é a doença”, ressalta Fabio.

Dezembro Vermelho

Sancionada em outubro deste ano, a lei 13.504 institui a Campanha nacional de prevenção ao HIV/AIDS, o Dezembro Vermelho. Com o objetivo de proporcionar visibilidade, prevenir, prestar assistência, proteger e promover os direitos humanos dos portadores da doença, a campanha começa nesta sexta-feira, dia 1 de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a AIDS.

A 10ª Campanha de Testagem Fique Sabendo, organizada pela Secretaria de Estado de Saúde, por meio do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP, conta com a participação de 597 municípios da capital Paulista. Implementada em Unidades Básicas de Saúde (UBS), ONGs e com ações extramuros, a campanha visa realizar 350 mil exames, sendo 300 mil testes rápidos de HIV e Sífilis, além de 50 mil exames convencionais, até domingo, dia 3 de dezembro.

“Tem gente que não se sente em risco de pegar o HIV. Para todas as pessoas que têm uma vida sexualmente ativa, nós indicamos que se nunca fez um teste, faça para saber o seu estado sorológico. O importante é saber que o teste é simples, confiável, não precisa de jejum, gratuito e sai no mesmo dia o resultado. É uma enorme oportunidade para as pessoas”, comenta Karina Wolffenbuttel, coordenadora da campanha de DST/AIDS-SP.

Para realizar o teste em seu estado, basta entrar em contato com o Disque Saúde (156). Enquanto para saber mais sobre a campanha do estado de São Paulo e sobre a doença, entre em contato com o Disque AIDS 0800 16 2550 ou acesse a página do CRT – www.crt.saude.sp.gov.br. [Equipe ASN, Stephanie Passos]