Projeto propõe alívio emocional às mulheres por meio de terapia em grupo
Atendimento psicológico beneficiará, inicialmente, 15 mulheres no leste paulista.
Profissional, esposa, mãe, dona de casa e muitas outras funções. As vinte e quatro horas do dia não são suficientes para dar conta de tantas atividades e ainda achar tempo para cuidar de si. Mas ela consegue, afinal, ela é MULHER. Mas e se ela não conseguir? Será menos mulher por causa disso? Não, não será.
Entre outros fatores, as exigências da sociedade sobre a mulher têm sido o causador de um grande mal: a depressão. De toda a América Latina, o Brasil é o país mais triste. Aqui, 5,1% das mulheres têm depressão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mulheres jovens, grávidas ou em período pós-parto e idosas são as que mais sofrem com a doença, cujo índice de incidência chega a ser 150% maior do que entre homens. Ainda segundo a OMS, até 2020, a depressão será o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo.
Mulher maravilha?
Amanda Siqueira* sofreu de depressão durante três anos. A rotina de trabalho somada aos esforços de suas atividades domésticas e o cuidado com os filhos sugou todas as suas energias. “Cheguei ao ponto de pensar em tirar minha vida. Era muita pressão vinda de todos os lados e eu não conseguia resolver os problemas. Minha casa vivia bagunçada, minha alimentação era péssima, dormia poucas horas por noite, não dava a devida atenção às minhas filhas pequenas. Minha vida desmoronou e eu só queria sumir pra dar fim nisso tudo”, lamenta.
Aconselhada por uma amiga, Amanda decidiu procurar ajuda médica e começou a frequentar um psicólogo. “Aos poucos, entendi que eu não precisava ser a mulher maravilha para que o mundo me aceitasse. Bastava ser eu mesma, primeiro eu precisava me amar e só então, concentrar forças para resolver um problema de cada vez no lugar de tentar resolver tudo ao mesmo tempo”, afirma. Amanda trocou de emprego e com o passar dos meses, conseguiu colocar a vida em ordem. “Hoje respiro mais aliviada. Aqueles pensamentos ruins foram embora. Eu não preciso ser a mulher maravilha, mas posso ser uma mulher maravilhosa do meu jeito, no meu tempo”, diz.
Viva + Mulher
Para ajudar mulheres como Amanda, surgiu o projeto Viva + Mulher – Renovando seus pensamentos, na região leste de São Paulo, capital. O projeto busca a sintonia do estado emocional, físico, mental e espiritual da mulher.
De acordo com a idealizadora do projeto no leste paulista, Marziane Guimarães, líder do Ministério da Mulher da Associação Paulista Leste, o Viva + Mulher nasceu para ajudar as mulheres a praticarem hábitos saudáveis a fim de adquirir melhor qualidade de vida. “Na parte emocional nós queremos ajudar as mulheres que sofrem neste mundo estressante. Queremos ajuda-las a conseguirem enfrentar situações do dia a dia de forma mais positiva, alegre”, aponta.
Terapia em grupo
Entre as ações que serão promovidas neste ano está a terapia em grupo. A primeira turma está sendo formada. Durante quatro meses, 15 mulheres serão atendidas na Igreja Adventista de Vila Matilde, zona leste paulista. Os encontros semanais começam no dia 23 de abril. Serão 16 sessões mediadas pelo pastor e terapeuta Aguinaldo Mozart. “Pretendemos, num exercício compartilhado, ressignificar situações difíceis para, com um novo olhar, enfrentar a vida e experimentar o melhor que a mesma tem a nos oferecer”, assegura Mozart.
De acordo com Marziane, a iniciativa trará benefícios às mulheres. “Além de desabafar sobre seus problemas e buscar ajuda para lidar com as dificuldades do dia a dia, elas terão a oportunidade de ouvir os problemas de outras mulheres, e poderão aprender umas com as outras”, destaca a líder.
Vagas disponíveis
Ainda há vagas para a terapia de grupo na Igreja da Vila Matilde. Para participar, as interessadas devem se inscrever na lista de espera, no site eventos.apl.org.br. Após inscrição, elas passarão por uma triagem. “Estamos analisando quem realmente precisa participar do grupo. Além disso, as mulheres com casos mais graves nós orientamos a procurar ajuda profissional específica”, explica Marziane.
O projeto
O projeto Viva + Mulher prevê funcionamento em quatro frentes: com atendimento nas igrejas locais, palestras e dinâmicas, terapia em grupo e grupos de apoio a segmentos de riscos sociais. Todos os profissionais de saúde que participam do projeto o fazem de forma voluntária. “Vamos expandir a terapia de grupo para outros lugares. Psicólogos e terapeutas de outras regiões se dispuseram para participar”, acrescenta Marziane, que em breve divulgará novos locais de atendimento. Para mais informações, ligue para (11) 2129-2712 ou envie um e-mail para [email protected].
*Amanda Siqueira é um nome fictício, utilizado para preservar a identidade da fonte mencionada.