Especialista do Hospital Adventista de Sydney lidera projeto para auxiliar crianças com malformação na orelha
Iniciativa usa tecnologia de impressão 3D para reconstruir orelhas.
![](https://files.adventistas.org/noticias/pt/2023/01/especialista-do-hospital-adventista-de-sydney-lidera-projeto-para-auxiliar-criancas-com-malformacao-na-orelha-960x540.jpg)
Uma especialista do Hospital Adventista de Sydney (SAN) está liderando um projeto usando a tecnologia de impressão em 3D para auxiliar crianças com malformação na orelha.
O projeto, chamado NEW EARS (Redes Integradas para Ciência Reconstrutiva Aditiva de Orelha, em tradução livre), é uma novidade australiana para a reconstrução de orelha híbrida bioimpressa, alcançada pela integração da ciência da impressão em 3D, da biologia celular e da engenharia de materiais. O projeto foi nomeado finalista no Prêmio Eureka do Museu Australiano de 2022 – o prêmio de ciência nacional mais abrangente do país.
Leia também:
NEW EARS aborda um caminho cirúrgico anteriormente desafiador para crianças com malformação da orelha, conhecido como microtia.
A professora associada, e especialista em ouvido, nariz e garganta do Hospital Adventista de Sydney, Payal Mukherjee, que está liderando um projeto com o professor Gordon Wallace, da Universidade de Wollongong, disse que a malformação da orelha pode retardar significativamente o desenvolvimento da criança por comprometer a aquisição da linguagem. Além disso, a malformação da orelha pode levar ao bullying e à danos psicossociais.
“Uma criança com microtia deveria idealmente ter sua cirurgia de reabilitação auditiva planejada até os quatro ou cinco anos de idade, mas a reabilitação auditiva e a reconstrução da orelha raramente são coordenadas, já que a reconstrução é frequentemente adiada até que a orelha da criança esteja totalmente desenvolvida por volta dos 10 anos de idade,” explica a doutora Payal.
“Com crianças comumente submetidas à vários procedimentos cirúrgicos, muitas ficam tão traumatizadas que, em seus primeiros anos de adolescência, começam a rejeitar assistência médica – mesmo que isso signifique viver com a surdez e com orelhas deformadas com infecção crônica”, detalha ela.
Novas perspectivas
A solução NEW EARS inclui, primeiramente, a pesquisa sobre a regeneração de cartilagem auricular impressa em 3D utilizando uma tecnologia chamada bioimpressão. O formato da orelha é unicamente confeccionado para cada criança. A parte do estudo de pesquisa clínica e implantação hospitalar foi desenvolvida no Hospital Adventista de Sydney pela doutora Payal e pela equipe de Wollongong, utilizando o laboratório de cultura celular do SAN no Instituto Australiano de Pesquisa.
A equipe também desenvolveu uma orelha protética impressa em 3D utilizando a tecnologia do silicone. Essa é uma solução provisória, de baixo custo e mais tangível para pacientes submetidos à quimiorradioterapia após a cirurgia. Sophie Fleming, uma anaplastologista clínica da equipe NEW EARS, está desenvolvendo com os pesquisadores um teste clínico sobre este dispositivo.
“Por serem impressas em 3D, tanto a orelha biônica quanto a orelha protética de silicone não têm restrição quanto à idade, o que significa que crianças com microtia podem ter sua audição de volta mais rápido”, sublinha a doutora Payal.
“Outros benefícios incluem o planejamento remoto e, especialmente, o acesso para pacientes rurais e à distância. O custo é minimizado, assim como o número de viagens para a clínica, pois a tecnologia e os serviços clínicos são desenvolvidos lado a lado neste projeto. A orelha protética é uma opção muito para os pacientes que estão se recuperando de ressecções mórbidas do câncer de cabeça e pescoço.
“Continuamos a inovar a eficácia com a qual provemos cuidados para restaurar tanto a estrutura quanto a função da orelha. Soluções digitais tem nos permitido cuidar de pacientes interestaduais e internacionais, cujos dados são utilizados na pesquisa para melhorar qualquer barreira tecnológica que impeça o acesso futuro”, amplia Payal.
A impressão em 3D usando cartilagem e outros biomateriais é um campo em rápido desenvolvimento e o projeto NEW EARS tem sido capaz de superar o grande desafio de replicar a complexa estrutura auricular em 3D de forma única para cada paciente. É também uma celebração do impacto que equipes interdisciplinares com diversos conjuntos de habilidades de diversas instituições podem fazer para oferecer inovações focadas no paciente.
A versão original desta notícia foi publicada pela Adventist Record.