Alto consumo de gordura está associado ao câncer de próstata
Novembro Azul é uma campanha que tem tentado ajudar em uma maior conscientização sobre prevenção e diagnóstico
Brasília, DF ... [ASN] Os números não deixam dúvidas sobre o risco que o câncer de próstata oferece aos homens. Por essa razão, várias entidades no mundo criaram a campanha Novembro Azul com o intuito de chamar a atenção para a necessidade de exames preventivos de identificação da doença. Um estudo divulgado em 2013, chamado The Global Burden of Cancer 2013, já indicava que, naquele ano, havia pelo menos 14,9 milhões de casos de câncer e 8,2 milhões de mortes em 188 países pesquisados. O campeão, no caso masculino, era o câncer de próstata, com incidência em 1,4 milhão.
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No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) emitiu uma Nota Técnica, em 2013, em que afirma que “por existirem evidências científicas de boa qualidade de que o rastreamento do câncer de próstata produz mais dano do que benefício, o Inca mantém a recomendação de que não se organizem programas de rastreamento para o câncer da próstata e que homem que demandam espontaneamente a realização de exames de rastreamento sejam informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a essa prática”.
A favor
No entanto, a Sociedade Brasileira de Urologia defende o rastreamento. Segundo o Portal da Urologia, “as sociedades de Urologia Americana, Europeia e Brasileira indicam o rastreamento baseadas em estudos de grande porte e longo seguimento. O rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar idade, raça e história familiar) não parece ser a melhor abordagem. Apesar de associado ao diagnóstico precoce e diminuição da mortalidade, pode trazer malefícios a muitos homens. Individualizar a abordagem é fundamental neste sentido”.
Além disso, a posição oficial é que “a Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens, a partir de 50 anos, devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios. Após 75 anos, deverá ser realizado apenas [por] aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos”.
Saiba mais sobre câncer de próstata nesse vídeo do programa Vida & Saúde:
Ainda que existam esses pontos de vista divergentes, o tema realmente preocupa os homens. E alguns aspectos podem ser levados em conta quando se fala nesse tipo de câncer. O diretor de Saúde da Igreja Adventista em oito países sul-americanos, o médico oncologista Rogério Gusmão, explica que “para avaliar a importância de um exame para diagnóstico de uma doença é importante verificar duas características importantes, que são a sensibilidade e a especificidade do exame em relação à doença. Sensibilidade é a capacidade de um exame ser positivo quando a doença existe e, nesse caso, o PSA (exame Antígeno Prostático Específico) é muito sensível e melhor que o toque. Infelizmente, o PSA é pouco específico, pois outras doenças muito comuns, como a prostatite e a hiperplasia benigna de próstata também elevam o PSA. Aliás, o PSA é tão sensível que se eleva no toque e até no momento de andar de bicicleta."
Gusmão comenta, ainda, que a especificidade do exame precisa ser entendida como a capacidade de realizar o diagnóstico verdadeiro específico, o que exclui falsos positivos. “Neste ponto, o exame do toque é mais específico, pois é mais fácil diferenciar uma prostatite de um tumor ou hiperplasia de próstata no toque do que na avaliação do PSA. O toque, no entanto, não é tão sensível, pois muitos pequenos tumores ou alterações iniciais da próstata passam desapercebidos, por isso que os dois exames se complementam”, afirma.
Causas e prevenção
Sobre a prevenção, o médico comenta que há pesquisas que relacionam o risco de câncer de próstata com alimentos ricos em cálcio ou suplementos de cálcio. Há, também, pesquisas que ligam o risco desse tipo de câncer ao consumo de gordura animal e outras que conectam a incidência de câncer de próstata à baixa quantidade de frutas e verduras na dieta.
Para Gusmão, “as conclusões ainda não são consideradas definitivas, mas, nesses três casos, a incidência de câncer de próstata se eleva principalmente em relação ao consumo de muita gordura animal e menos consumo de frutos, além de obesidade. Só não podemos assim afirmar quem tem maior impacto, se a presença das gorduras ou ausência das frutas e verduras”, ressalta.
Perfil
Quando o assunto é o perfil do maior atingido pelo câncer da próstata, o que se tem atualmente é o homem com mais de 65 anos, residente nos Estados Unidos da América, afrodescendente, com um parente de primeiro grau que teve câncer de próstata. De acordo com Rogério Gusmão, os fatores que mais impactam são a idade, o fato de a doença ser mais prevalente em países desenvolvidos, mais comum em afrodescendentes e com chance de ter o dobro de incidência em quem teve parentes de primeiro grau acometidos pelo mesmo mal. [Equipe ASN, Felipe Lemos]