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Projeto ganha revitalização na maior comunidade do Brasil

Projeto social Comunitá-Rio existe há 11 anos e anualmente atende cerca de 180 crianças e adolescentes da Rocinha


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Rocinha: projeto comunitário é grafitado na maior favela do Brasil

Crianças e adolescentes que participam das oficinas foram conferir o resultado do trabalho (Foto: Divulgação)

A ideia de grafitar o projeto Comunitá-Rio, localizado na Rocinha desde 2010, surgiu no ano passado, mas devido à pandemia, Gabriela Alves Marques e Harrison Marques — os organizadores, precisaram esperar para tirar a ideia do papel e deixar o projeto mais colorido.

O artista do projeto é o grafiteiro Henrique de Souza Melo, de 31 anos, natural de São Paulo, que mora no Rio há seis anos e está na profissão há 10. “Amo o que faço e acredito que o resultado no projeto ficou muito bom”, pontua. Ele conta que durante a pintura, as crianças se aproximavam, faziam perguntas e queriam ajudar a pintar. “Certamente, ficará marcado na vida delas todo o processo. O grafite muda o cotidiano e traz a transformação social, pois chama a atenção das crianças que estão com a mente em formação. Este foi um dos maiores projetos que pintei, fiquei bem feliz com o resultado e espero ter cumprido o papel”, relata Melo.

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Para Gabriela Alves Marques, a arte atendeu todas as expectativas, que representa várias marcas e iniciativas. “A Igreja Adventista, o projeto, a bandeira do Brasil, o Cristo Redentor que é um símbolo magnífico da nossa cidade”, pondera.

“Desde o início, queríamos colocar a imagem do Cristo Redentor na fachada. O Henrique trouxe vida e alegria para a comunidade com o colorido. As cores trazem vida. A ideia era de que as crianças chegassem e sentissem alegria por estarem num lugar tão bonito e sentissem orgulho de estarem ali para fazer o curso, o lugar onde estudam”, descreve Gabriela com muito orgulho do resultado.

A Rocinha é a maior comunidade do Brasil e abriga mais de 100 mil pessoas em situação de pobreza. O local surgiu em meados de 1927 durante a construção dos prédios de bairros da zona sul como Copacabana e outros pontos turísticos da Cidade Maravilhosa.

A falta de oportunidade pode ser vencida na Rocinha através de projetos comunitários que incentivam a cultura, a arte e o lazer entre crianças, jovens e adultos. O Comunitá-Rio já existe há 11 anos e oferece várias oficinas: canto coral, flauta, violão, Libras e Clube de Desbravadores — uma iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia para meninos e meninas entre 10 e 15 anos que oferece atividades esportivas, sociais, culturais e espirituais.

Atividades religiosas

No prédio onde funciona o projeto Comunitá-Rio também acontecem os cultos da Igreja Adventista do Sétimo Dia aos sábados pela manhã, terça e domingos à noite, semanalmente. No sábado à tarde, as crianças do Clube de Desbravadores Comunitá-Rio desenvolvem algumas atividades toda semana, e em razão da pandemia, as reuniões no domingo à tarde ocorrem quinzenalmente.

Rocinha: projeto comunitário é grafitado na maior favela do Brasil

Programa especial de Natal realizado antes da pandemia (Foto: Projeto Comunitá-Rio)

Entre as oficinas do projeto está o canto coral, aula que tem ajudado crianças e adolescentes em meio à pandemia. “A música exerce papel vital no desenvolvimento humano, seja no aspecto religioso, moral ou social, além de estar presente também na área da saúde, utilizada em diferentes tratamentos. Com as crianças, a música consegue estimular a comunicação, permitindo o contato direto ao diálogo, a interação, por isso é considerada a linguagem da afetividade, sendo capaz de contribuir no crescimento como ser humano e profissional, seja qual for a área”, salienta Gabriela, organizadora que também dá aulas de canto coral no projeto.

Andrea Leda de Sá tem uma filha de 12 anos, Alice Leda de Sá Fernandes, que perdeu a visão no olho esquerdo. Por orientação médica, precisou preencher o tempo da filha com atividades durante o dia. “O Comunitá-Rio entrou em nossas vidas fazendo a diferença com atenção e amor. Sou muito grata a Deus por ter colocado a tia Gabriela em nossas vidas. Vejo a diferença entre minha filha e crianças da mesma idade que não têm essa oportunidade”, comenta a mãe. Alice faz aula de canto coral, Libras, violão, flauta e participa no Clube de Desbravadores. Segundo a mãe, Alice é “apaixonada pela tia Gabriela”.

Gerações impactadas pelo projeto

Aline tem apenas 13 anos, mas já sabe que será professora. Foto: divulgação

Na família de Aline Victória Alves Pereira, de 13 anos, três gerações já passaram pelo projeto. Ela já foi aluna e hoje é voluntária dando aula de flauta, canto coral, Libras e ajuda no Clube de Desbravadores. Seu irmão, Kauê Alves Fernandes, de 7, também participa no projeto nas aulas de canto coral, flauta e Libras. Ela conheceu a iniciativa através da tia, Tatiana Silva Alves, que na infância, também fez aulas no Comunitá-Rio.

Aline diz que decidiu ser professora por influência do projeto. “Antes eu não tinha ideia do que queria pra vida, agora tenho a clara certeza do meu futuro”, diz a menina, que acredita que o projeto pode influenciar outras vidas. “Com certeza, as crianças podem ter outro modo de ver as coisas”, finaliza Aline.

Patrícia Viana é voluntária desde 2001, antes mesmo de surgir o projeto na Rocinha. Hoje ela é voluntária, dá aulas de Libras, flauta e é secretária no Comunitá-Rio. Está cursando o segundo semestre de Pedagogia e atribui ao projeto a escolha da profissão. “O Comunitá-Rio mudou minha vida pra melhor, me fez ter perspectiva de vida, me ensinou a ajudar o próximo e, principalmente, me ajudou a escolher a profissão que eu quero seguir. Hoje faço faculdade de Pedagogia por amar dar aula para as crianças do projeto. Foi assim que nasceu a vontade no meu coração de ser professora”, declara Patrícia.

Ela ressalta a alegria que tem de fazer parte na vida das crianças. “Eu cresci fazendo parte do projeto. É gratificante saber que lá atrás eu fui aluna, tive o privilégio de aprender e hoje posso passar para as crianças o que um dia eu aprendi!”, encerra.

Veja mais fotos da pintura e oficinas: