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Refugiados sírios recomeçam a vida na Argentina mesmo em meio a pandemia

Com o auxílio da ADRA e outras instituições, os refugiados recebem oportunidades para conquistar autonomia financeira e oportunidades no novo país.


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Eman e Zeban fugiram da Síria por conta da guerra e estão recomeçando sua vida na Argentina. (Foto: Arquivo Pessoal)

Zeban Alothman, sua esposa Eman e suas duas filhas pequenas sofreram os horrores da guerra em seu país, a Síria, e decidiram fugir. Como puderam, eles chegaram ao Líbano. Lá, o pai de família trabalhava para cobrir as necessidades básicas. Já a mãe fazia o melhor que podia para cuidar de suas filhas e contribuir com as finanças da casa.

Centenas de milhares de sírios chegaram ao Líbano fugindo da guerra. As agências humanitárias não conseguiam lidar com a proteção da população. No entanto, as igrejas evangélicas de Beirute forneceram assistência. “Eles nos trouxeram colchões, pois, até então, dormíamos no chão”, eles contam.

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Eman frequentava uma igreja onde os sírios eram ajudados com comida e foi lá que ela ouviu pela primeira vez que havia a possibilidade de viajar para a Argentina através do “Programa Síria”. “A Argentina é melhor que a Síria, melhor que o Líbano. E então falei para Zeban sobre a possibilidade de conseguir um visto humanitário”, disse ela.

Zeban não sabia sobre a Argentina, mas eles estavam desesperados e acreditavam que seria uma oportunidade de vida melhor. Eles se inscreveram no programa e, depois de um ano e oito meses de espera, viajaram para o país.

Na Argentina, eles foram recebidos por um grupo de patrocinadores da Igreja Evangélica de Peniel, na localidade de Tandil. Esses patrocinadores fazem parte do Programa Síria, uma iniciativa do Estado argentino que conta com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o ACNUR, e da Organizações Mundial das Migrações, a OIM , e que surgiu em 2014 para abrir as portas a aqueles que escaparam da guerra no Oriente Médio.

Os Alothman não podiam acreditar que estavam em um local seguro e com uma casa com cômodos separados: “As pessoas da igreja e da comunidade sempre foram muito amáveis conosco e sempre nos ajudaram”. Porém, chegou a pandemia.

Nova crise

Embora já não escutem bombas, em dias de coronavírus eles sentem o perigo e o sofrimento de perto. “É uma guerra mais complicada, porque é contra um inimigo invisível”, diz Eman. Nesse contexto, eles contaram com a ajuda da ADRA, a agência humanitária adventista. O apoio veio em forma de integração local e proteção em plena crise pandêmica, o que resultou na autonomia econômica da família.

Empreendimento gastronômico

Eman adora cozinhar e Zeban diz que a esposa o faz muito bem. Por isso, decidiram iniciar um empreendimento gastronômico. O restaurante Tandil começou muito bem e contou com a ajuda de doadores para adquirir os primeiros ingredientes. O cardápio faz questão de preservar a cultura síria e toda a família está comprometida, tanto na elaboração dos pratos quanto na entrega.

Porém, com o aumento da produção, a família não teve os insumos necessários. O forno não era adequado, era antigo e estava em más condições. Embora tenham tentado consertá-lo, não conseguiram atender à demanda de produção.

Do medo à esperança

Embora a situação de pandemia ainda os preocupe, a família toma todas as medidas de precaução necessárias e estão motivados, trabalhando no empreendimento gastronômico. Eles querem inclusive que a iniciativa cresça e os ajude a alcançar seus sonhos na Argentina.

Eman diz que, ao começar uma nova vida neste país, eles conseguem pensar no futuro. Seu sonho é ter uma casa própria, como a que tinham no Oriente Médio. Todos os membros da família gostam do seu restaurante, o Tandil, e não querem voltar para a Síria.

Novo forno auxiliará a família no novo empreendimento gastronômico. (Foto: Arquivo pessoal)

Nova casa

A família se diz muito agradecida ao apoio da comunidade e da ADRA, que além de ajuda-los na adaptação, lhes forneceu um forno semi-industrial para fazer seus produtos. Os Alothman falam da importância da paciência para lidar com as diferenças culturais, mas Eman diz que os argentinos são muito amáveis e não pensam nas maldades que pensam as pessoas que viveram na guerra.

Zeban diz não querer voltar nem um ponto para trás. “Agora, queremos ajudar as pessoas que ficaram sem trabalho por conta da COVID 19. Nos ajudaram muito desde que chegamos aqui, por isso, queremos oferecer ajuda também. A Argentina se tornou nossa casa”, ele conclui.

O trabalho da ADRA

O apoio à família Alothmané parte dos esforços que a ADRA e o ACNUR estão fazendo para apoiar a recuperação econômica das famílias refugiadas que mais sofreram o impacto da pandemia na Argentina.

A ADRA trabalha em conjunto com a Rede Argentina de Apoio ao Patrocínio Comunitário, promovendo e difundindo o Programa de Reassentamento no âmbito do esquema de Visto Humanitário concedido pelo Programa Síria. Além disso, acompanha os Grupos Chamadores e os beneficiários que chegaram ao país através deste programa.