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O drama das águas

Coronel João Sá recebe doação de 3 mil garrafões de água para famílias que perderam cisternas com a inundação.


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Cada família recebeu 120 litros de água, com prioridade para os desabrigados ou desalojados pela inundação (Foto: Divulgação)

As águas da barragem de Quati que inundaram o município de Coronel João Sá e Pedro Alexandre, na Bahia, transformaram água potável em bem escasso. Fontes de água própria para o consumo foram afetadas por uma correnteza cujo volume tomou conta das duas cidades e de sua área rural, deixando 14 mil pessoas desalojadas ou lamentando perdas de bens materiais, devido à enchente do dia 11 de julho, segundo dados da prefeitura de João Sá.

A necessidade de água para beber motivou o escritório Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) para o Estado a realizar uma ação de emergência para destinar 3 mil garrafões de água potável, de 20 litros cada, para os moradores que foram afetados.

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Voluntários da agência humanitária internacional estiveram na região, na segunda-feira, dia 22, e terça, 23 de julho, trazendo três caminhões carregados com os garrafões. A decisão de doar água potável surgiu depois de uma reunião com a Secretaria de Ação Social de Coronel João Sá, que apontou o produto como de extrema necessidade.

Agência realizou o atendimento ao perceber que a escassez de água para consumo se tornou um dos principais problemas provocados pela inundação (Foto: Divulgação)

“A ADRA elaborou um projeto de emergência e conseguiu mobilizar doadores para a ação”, disse o diretor regional da entidade, Luiz Fernando. Com a inundação, cisternas tiveram seu conteúdo contaminado, tornando a água imprópria para o consumo. Mesmo com a prefeitura estabelecendo um plano para limpar as cisternas, muitas famílias ficariam sem acesso a água apropriada para beber por um certo tempo.

Alívio para a sede

Cada família cadastrada pela prefeitura do município recebeu 120 litros de água, o equivalente a seis garrafões. O recurso minimiza um problema que os desabrigados e desalojados estão passando neste momento, sem acesso ao recurso natural, enquanto soluções vão sendo pensadas para ajudar na reconstrução de vidas.

Adaílsa Matos mora próximo ao Rio do Peixe, que foi tomado pela inundação e transbordou. A água alcançou metade da altura da porta de casa (Foto: Divulgação)

Uma dessas pessoas é Adailsa Matos. Ela mora em uma rua próxima ao Rio do Peixe, que já estava em alta quando recebeu a correnteza que veio da barragem do Quati. A água alcançou metade da altura da casa de Adaílsa, causando perdas de bens domésticos. “Nunca tinha visto uma inundação como essa aqui. Fiquei desanimada. Essa doação é uma grande ajuda”, reforçou.

Outra pessoa beneficiada foi Ana Paula de Jesus, que terá sua casa demolida nos próximos dias. A estrutura ficou danificada pela força das águas. Ela está acomodada, com duas filhas – uma adolescente e uma criança – em um dos sete abrigos da cidade. Sem casa e sem perspectiva, ela não sabe ainda o que fazer da vida a partir de agora. “Quem sabe essa doação seja um primeiro sinal de esperança”, comentou.

Acolhida em um abrigo com duas filhas, Ana Paula ficará sem lar nos próximos dias (Foto: Divulgação)

Recomeço

“Receber esta doação fará a diferença na vida de famílias que tiveram perdas com cisternas que foram afetadas pela inundação”, pontuou Audicélia Dias, secretária interina de Ação Social do município. Ela afirmou que pelo menos 500 famílias estão desabrigadas. A prefeitura conta com sete locais para atendê-los momentaneamente enquanto vistorias vão sendo feitas em residências.

Até o momento, 32 casas foram evacuadas por conta do risco de desabamento. O nível Rio do Peixe, que está à margem da cidade, baixou, o que minimizou os estragos causados. Mas deixou perdas, tornando, por exemplo, inacessível a ponte que liga o povoado da Boa Sorte à rodovia de acesso ao município, prejudicando estudantes da comunidade que ficaram sem conseguir translado para os colégios municipais.

“Em 57 anos de vida morando aqui nesta comunidade, nunca vi tanta água, com tanta força e que tomou conta de tudo tão rápido”, avaliou o agricultor Francisco Sales, de 66 anos, mostrando os estragos da ponte sobre o Rio do Peixe, com mais de sete metros de altura, que ruiu em parte, prejudicando o seu uso para o trajeto dos moradores.

Em Pedro Alexandre, onde ocorreu o rompimento da barragem, um balanço registrou 24 desabrigados e 450 desalojados. Segundo o superintendente da Defesa Civil Estadual, Paulo Luz, equipes do órgão baiano fazem o trabalho de vistoria das casas que foram inundadas em Coronel João Sá, além de prestar apoio às famílias que sofreram com a inundação, com a distribuição de cestas básicas, colchões e cobertores.

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