Motociclistas intensificam ações solidárias em favor do Mutirão de Natal
Com a ajuda de amigos, empresários e comerciantes, o Ministério dos Motociclistas Adventistas estão mobilizados para ajudar famílias carentes.
Luiz Santana, da Associação de Motociclistas de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, BA, comentou que a motocicleta teve papel essencial na Segunda Guerra Mundial. Ele disse que servia para o mensageiro levar informações para a tropa e que, depois disso, as motocicletas se tornaram populares no Estados Unidos.
“Eram usadas por vários grupos rivais que a utilizavam para fechar comércio, apedrejar, fechar restaurantes; isso trouxe um aspecto muito negativo para o motociclismo; a sociedade não aceitava que pessoas que tinham propriedade da motocicleta fossem incluídas no contexto de família”, declarou Santana, com uma interessante perspectiva histórica.
Basta ler Hunter Thompson, jornalista americano que escreveu um livro icônico, Hell’s Angels (L&PM Pockets, 2010), mostrando como gangues de motociclistas aterrorizavam a sociedade americana com suas motos, jaquetas de couro preta e desafio à decência pública por meio de um histórico violento de crimes.
Contra as gangues do passado, a sociedade assiste a um movimento de motociclistas que unem a paixão por estas máquinas a um desejo de compartilhar o mesmo sentimento com a sociedade. E para isso, o diálogo com a diversidade e a solidariedade têm uma contribuição a dar. "Hoje, a sociedade não mede distância de estar conosco, a família está integrada nos movimentos que realizamos, inclusive evangélicos”, disse Luiz Santana.
Ele fez uma menção especial ao Ministério Adventista de Motociclistas, principal grupo a contribuir com um plano de ação em favor de causas solidárias. Depois de um ano de pandemia, onde várias ações foram realizadas, o foco do movimento está no apoio ao Mutirão de Natal, iniciativa de segurança alimentar da Igreja Adventista do Sétimo Dia que acontece em cada final de ano. Para o grupo, é hora de ajudar as comunidades a ter comida na mesa neste Natal.
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Agenda solidária
Washyngton Ferreira, integrante do Ministério Adventista de Motociclistas, conhecido como Ton, explicou que o grupo foi criado com o objetivo de unir duas paixões: motos e estudo da Bíblia. Para isso, o trabalho é pautado em relacionamentos e interações sociais. “70% do nosso trabalho acontece fora das igrejas e começa pela amizade”, disse Viviane Ferreira, esposa de Ton e parte de uma presença feminina apaixonada pelas motocicletas.
No relatório do grupo, está uma agenda intensa de ações solidárias no ano da pandemia. Começou logo no início dos decretos trancando comércios e restaurantes para combater a contaminação do coronavírus. “Fizemos uma campanha em favor dos caminhoneiros, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, para oferecer refeições para esses guerreiros da estrada, que não tinham onde parar para comer”, disse Santana. Foram 210 caminhoneiros atendidos na ação. A satisfação com o resultado desta iniciativa levou o grupo a novas aspirações.
“Vimos que precisávamos chegar na população carente de Feira de Santana”, afirmou Ton. Sempre valorizando as relações de amizade, Ton e o ministério de motociclistas usou as redes sociais para começar uma campanha de arrecadação de alimentos. Conseguiu apoio de um empresário, dono de um shopping center na cidade, que forneceu a estrutura adequada para um drive thru. Foram quase três toneladas de alimentos arrecadados. “Muitas famílias foram beneficiadas”, comemorou Ton.
No período do inverno, outra vez o grupo, inquieto, decidiu se mexer. Moradores de rua, especialmente, sofreram no período de chuvas e de tempo frio, sem ter cobertas adequadas para se aquecer. Os contatos e a amizade foram determinantes, mais uma vez. Em pouco também, mais de 100 cobertores foram arrecadados e distribuídos.
Mutirão de Natal
Agora, chegou a vez do Mutirão de Natal. Ton enxerga nesta mobilização uma oportunidade de assistir muitas famílias, mais uma vez. A ideia é reunir amigos, empresários, comerciantes, visitar supermercados e ampliar a marca alcançada no começo da pandemia. “As coisas não voltaram ao normal ainda. Você pode fazer parte disso, não importa se vai doar um quilo, uma caixa ou uma tonelada, ninguém está fora de condições de ajudar alguém”, apelou Ton. Certamente uma mensagem recebida como dádiva divina por muitas famílias ainda sofrendo os problemas da pobreza, da falta de comida e da pandemia.