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Ex-presidiária participa de projeto social e tem vida transformada

Iniciativa que acolheu Jeane tem foco em geração de renda e beneficiou 270 famílias baianas durante a pandemia.


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Através da doação de equipamentos e treinamento em empreendedorismo, o projeto incentiva geração de renda para pessoas em zona de desemprego. (Foto: Ivo Araújo)

Dos 12 aos 24 anos, Jeane Rodrigues relata que já perdeu as contas de quantas vezes foi parar no Complexo Penal de Juazeiro (BA). Quando ainda era interna, ela recebeu uma visita voluntária da Ação Solidária Adventista e conheceu o projeto Viva Melhor. “Até então, eu não tinha esperança de ser contemplada porque nunca ganhei nada mesmo. Mas, depois que saí em prisão domiciliar, fiz minha inscrição e esperei uma resposta”, compartilhou.

Para sua alegria, em 2020, Jeane recebeu uma ligação que a fez sair correndo pela vizinhança anunciando as boas novas: ela tinha sido aprovada pelo projeto e receberia todo equipamento necessário para dar início a uma nova fase de sua vida.

"Hoje, me chamam de Jeane do acarajé. Sou bastante conhecida, mas de uma maneira diferente agora”, desabafou Jeane ao relatar de seu passado. (Foto: Fábio Lucas)

Quando foi contemplada, Jeane sabia fazer apenas salgados. Com ajuda da tecnologia, da internet e de pessoas dispostas a ensiná-la, ela aprendeu a fazer acarajé e, atualmente, é Microempreendedora Individual (MEI) em Juazeiro. Através da nova fonte de renda, todos de sua casa foram beneficiados. “Meu marido ficou desempregado por quase 3 anos. Graças aos equipamentos, eu conseguia ajudar pagando aluguel, água, luz. Tudo isso porque fui vendendo acarajé e muitas encomendas foram aparecendo, graças a Deus”, compartilhou.

Antes, seu nome estava associado a uma vida que não faz mais parte de seu presente, e Jeane enche os olhos ao poder dizer que, agora, ela é conhecida por um motivo mais nobre e até mais saboroso. “Até então, eu só acreditava que meu nome só saía em páginas policiais. Hoje, me chamam de Jeane do acarajé. Sou bastante conhecida, mas de uma maneira diferente agora”, desabafou com um sorriso no rosto.

Há 14 anos, a Igreja Adventista na Bahia apoia a fundação suíça através da ADRA, que atua como como apoiadora logística do projeto. (Foto: Fábio Lucas)

Parceria além das fronteiras

O projeto Viva Melhor é uma iniciativa da Fundação Advent-Stiftung, com sede na Suíça, que já contemplou mais de 270 famílias baianas durante a pandemia oferecendo equipamentos como carrinhos de lanches, fornos elétricos, tachos de acarajés, além de capacitar os beneficiados com cursos de empreendedorismo.

Aqueles que buscam não apenas uma renda, mas também uma vida melhor, recebem da fundação todo aparato necessário para sair da zona de desemprego e aprimorar seus negócios. Em parceria com a agência de ajuda humanitária adventista, a ADRA, que atua como apoiadora logística do projeto, centenas de pessoas encontram motivação e dignidade, trazendo uma nova perspectiva de vida para quem precisa.

A Igreja Adventista na Bahia apoia o projeto desde 2008 e reafirmou sua parceira durante o evento, como afirmou pastor Weber Thomas, líder das igrejas no norte da Bahia. “É muito bom quando nós vemos fundações apoiando grandes projetos sociais. A Advent-Stiftung é uma dessas fundações que faz uma grande parceria com a Igreja Adventista em várias partes do mundo e aqui também, em Juazeiro”, expressou.

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No mês de abril, novos contemplados participaram da cerimônia de entrega dos equipamentos e ouviram o testemunho de Jeane. (Foto: Fábio Lucas)

Efeito dominó

No dia 22 de abril, o projeto realizou mais uma edição no norte da Bahia e beneficiou mais de 20 pessoas. Giuseppe Carbone, diretor executivo da fundação, esteve presente no evento e reforçou o foco da iniciativa em promover dignidade e autoestima para quem precisa se desenvolver no mercado de trabalho. “Você imagina como uma pessoa deve se sentir quando exerce seu trabalho de maneira digna. A autoestima da pessoa muda e ela começa a se valorizar mais. Esse é nosso maior objetivo”, declarou o diretor.

E quem uma vez foi contemplado pelo projeto, hoje ajuda outras pessoas a seguirem o mesmo caminho de transformação. Jeane, por exemplo, participou desta edição do projeto como voluntária, auxiliando os novos contemplados e compartilhando seu testemunho. “Eu falo do projeto com muito orgulho. Se as pessoas tiverem a oportunidade que eu tive, elas nunca mais serão as mesmas. Para surpresa de muitos, por causa da vida que vivi, hoje sou um exemplo não apenas na minha família, mas também para aqueles que querem um recomeço”, afirmou.