Ministério dos Surdos Adventistas existe desde 2017 na região sul do Rio de Janeiro. [Foto: Divulgação]

No último sábado (26), foi comemorado o Dia Nacional do Surdo. A data relembra todas as adversidades que a comunidade surda sofreu ao longo da história. Na região sul do estado do Rio de Janeiro, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, através do Ministério das Possibilidades, organizou um programa especial para a data na sede de Nova Iguaçu, com programas que promovessem a conscientização e evidenciassem a importância da inclusão social. Os surdos constituem 3,2% da população, ou seja, aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros.

O grupo que trabalha em prol da comunidade surda da região, chamado de Ministério  Adventista dos Surdos, é composto por uma média de 15 voluntários e existe desde 2016. O pólo deste ministério é a própria igreja de Nova Iguaçu, onde surdos adultos e adolescentes participam de cultos acessíveis e onde é promovido o Curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais), ministrados de forma regular e gratuita, tanto para a comunidade surda, quanto para quem quer desenvolver os conhecimentos desta língua para utilizar em outros locais .

Igreja de Nova Iguaçu é a sede deste ministério na região, onde os cultos são acessíveis em libras e aulas são ministradas. [Foto: Divulgação]

No sábado, o culto foi bilíngue, com vídeos acessíveis em libras (como o momento infantil), músicas, entre outros. Já nos momentos como estudo da Lição e Culto, a interpretação em Libras foi feita ao vivo. Houve também o incentivo à participação do Curso de Libras e foram trabalhadas temáticas de conscientização.

Hoje, novas grupos que desenvolvem serviços em torno deste ministério existem também nas igrejas de Pavuna II e Jardim Novo. Mas, apesar dos avanços, a inclusão também traz desafios. “A maior carência, como falamos no vídeo de homenagem ao dia Nacional do Surdo, é de material humano, pessoas que saibam Libras para que a comunicação ocorra com a Comunidade Surda de forma a ampliar seus contatos e amigos”, explica a líder do Ministério das Possibilidades no sul do Rio de Janeiro, Giselli Belinassi.

Para as aulas de libras, os alunos são divididos em módulo básico e avançado, assim, todos são atendidos de acordo com suas necessidades. [Foto: Divulgação]

“Sempre falamos para os membros desde crianças que precisam falar de Jesus para os outros e pregar o evangelho. Saber Libras e apoiar o Ministério Adventista dos Surdos é o único meio de falar de Jesus para eles, que também são candidatos ao Céu como todos nós. Além disso, Libras, que é a segunda língua oficial do país. Quanto mais pessoas souberem a Libras, mais contato a Comunidade Surda poderá ter com o evangelho e a mensagem que pregamos, e assim, firmamos relacionamentos de amizade”, completa.

História de Superação

Eliane Paixão, professora, aprendeu esta língua antes de imaginar que tal conhecimento seria tão importante para ela. “Há algum tempo eu diria que aprender Libras é legal, porque é bonito. Pois foi desta forma, com esse pensamento que fui ingressando neste outro mundo e cultura. Mas aí, quando me percebi surda, tudo passou a ter mais sentido”, relata.

Eliane Paixão incentiva as pessoas a aprenderem Libras por amor ao próximo. [Foto: Divulgação]

Foi há sete anos o ocorrido. Hoje, Eliane leciona para uma classe de Surdos na Educação Infantil, é Instrutora de Libras para alunos ouvintes e tornou-se Coordenadora do Ministério Adventistas dos Surdos  no Sul do Rio de Janeiro. “Quando você vive de verdade a coisa da não socialização, a não inclusão acompanhada de solidão, você percebe que Libras é a força que nós surdos temos pra viver dentro de uma cultura que não é nossa”, declara.

“Isso é o que eu passo para os meus alunos: Aprenda Libras por amor ao próximo. Aprenda Libras por amor e empatia. Aprenda Libras para ser instrumento para salvação daqueles que não podem ouvir. Aprenda Libras para cumprir Apocalipse 14: 6”, conclui.

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