Campanha da ADRA já arrecadou quase 17 mil cestas de alimentos
Iniciativa já garantiu alimento para 4.500 famílias brasileiras.
Izaílde Silva estava desesperada. O horário do almoço se aproximava e tanto a despensa quanto as panelas da cozinha estavam vazias. A maior preocupação da mulher de 58 anos era saber que, provavelmente, daquele dia em diante Vitória e Paola, suas netas, não teriam mais um prato de comida na mesa. Sua única fonte de renda como empregada doméstica fora cortada semanas atrás por causa do novo coronavírus. O dinheiro tinha acabado e sua pequena família estava prestes a enfrentar a pior batalha: aquela contra a fome.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tinha alertado, em meados de abril, sobre a situação que em breve muitas famílias carentes teriam de enfrentar, afirmando que 386 milhões de crianças poderiam morrer de fome em 2020 devido à crise econômica global desencadeada pela covid-19, e que até 66 milhões poderiam cair em extrema pobreza.
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Crianças como a Vitória e Paola, de oito e nove anos, que dependiam de refeições escolares, contavam apenas com o dinheiro que sua provedora principal, Izaílde, conseguisse para comprar comida.
O economista-chefe e diretor de pesquisa do Programa Mundial de Alimentos em Genebra, na Suíça, Arif Husain, afirmou que “precisamos nos unir para lidar com o problema da falta de alimentos para milhões de pessoas que já estão por um fio ou o custo global será alto demais: muitas vidas serão perdidas.”
Ele ressaltou que o mundo vivencia uma crise aguda de alimentos e meios de subsistência, e se encontra na categoria três das cinco fases da ONU para classificar problemas mundiais relacionados à pobreza. Isso significa que existe falta de acesso a alimentos e desnutrição acima do habitual. A categoria cinco significa fome em massa.
Uma causa de todos
A situação vivida por Izaílde e sua família em Belém, no Pará, se repete em muitos outros lares brasileiros. Pessoas que tinham apenas o suficiente para subsistir passaram a carecer do básico. Naquele dia em que dinheiro e a comida acabaram, a avó foi à procura dos vizinhos e percebeu, com tristeza, que eles estavam na mesma situação: sem emprego, sem dinheiro e sem comida.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) anunciou que a pandemia provocada pelo novo coronavírus fará a economia brasileira encolher 5,2% neste ano. Os principais prejudicados são os trabalhadores informais, dentre eles os trabalhadores domésticos, que no Brasil alcançam os 6 milhões, de acordo com o levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
Diante desse quadro, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) no País criou a campanha Compartilhe Esperança com o intuito de garantir uma das necessidades mais básicas do ser humano: o alimento. A proposta inicial era oferecer uma cesta de alimentos, durante três meses, a mais de três mil famílias que já eram beneficiadas por projetos realizados pela agência nos Estados do Pará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia. O objetivo era arrecadar 10 mil cestas que custam 60 reais cada.
Resposta surpreendente
Por meio do site do projeto (adv.st/adra-compartilhe), os doadores foram motivados a contribuir a partir do slogan “um like não alimenta, uma doação sim”, que foi divulgado pelas redes sociais e outros meios de comunicação.
No dia 2 de maio, às 16h, em parceria com a Gravadora Novo Tempo e o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, a ADRA realizou uma transmissão com os cantores Leonardo Gonçalves, Jeferson Pillar, Pedro Valença, Dilson e Débora Santos, entre outros, que se uniram à iniciativa com o intuito de estimular os internautas a abraçarem o projeto.
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Na ocasião, foram arrecadadas mais de 6 mil cestas. Somando os valores conseguidos durante toda a campanha Compartilhe Esperança, incluindo doações de grandes instituições e de pessoas físicas, já são 16.585 cestas de alimentos. Com isso, o objetivo inicial de auxiliar três mil famílias foi ampliado. Agora, outras 1.500 que vivem em Pernambuco e no Maranhão passam a integrar a lista de beneficiados.
Gratidão
Graças ao auxílio de pessoas dispostas a ajudar, a narrativa de Izaílde teve um final diferente: naquele dia em que o dinheiro e a comida tinham acabado, alguém teve a ideia de gravar um vídeo contando a situação da família dela e de outras. O arquivo circulou pelos telefones de pessoas de toda a cidade através do WhastApp e chegou nas mãos dos voluntários da ADRA. Eles foram até a casa da doméstica e ofereceram ajuda pelo projeto Compartilhe Esperança.
Conheça a história:
“Estamos convencidos de que aquele lado compassivo do ser humano se fortalece em meio a crises como as que estamos vivenciando. E somos gratos a cada um de nossos doadores por continuar nos permitindo levar ajuda a quem mais precisa”, sublinha o pastor Fábio Sales, diretor da ADRA Brasil.
A campanha Compartilhe Esperança segue ativa durante o mês de junho. As doações podem ser feitas pelo site adra.org.br