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Entrevista – Música, um instrumento de salvação

Entrevista – Música, um instrumento de salvação

No Dia Mundial do Compositor, Daniel Lüdtke compartilha suas experiências e a importância do ministério musical para que outros se decidam por Cristo.


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Lüdtke já compôs mais de 200 músicas. Seu ministério é conhecido, principalmente, por canções com base no livro de Salmos.

Brasília, DF... [ASN] “Ouvir que alguém se apaixonou mais por Jesus ao ouvir uma de suas composições.” Essa é a maior realização para um compositor cristão, define Daniel Lüdtke, que escreveu sua primeira música aos nove anos e hoje já contabiliza mais de 200. Nascido em Minas Gerais, Lüdtke é adventista de quinta geração, filho e neto de pastor, e um dos nomes da nova geração de compositores. Formado em Teologia e Comunicação Social, já atuou em instituições da Educação Adventista, foi pastor de igrejas e diretor de jovens. Sua esposa, Marla, é professora de música e o acompanha cantando em templos e eventos. De igual modo, sua irmã e irmão também viajam com eles para tocar e cantar. Atualmente, ele se dedica ao ministério musical. E neste 15 de janeiro, Dia Mundial do Compositor, a Agência Sul-Americana de Notícias conversa com Lüdtke sobre sua carreira, o papel da música na proclamação do evangelho, dentre outros temas.

Quando e por que você decidiu trabalhar com composição?

Lembro claramente de duas cenas marcantes. Primeira: Com cinco anos de idade, perguntei à minha mãe: “Como se faz uma música?”. Embora, como professora de piano, ela soubesse de todas as técnicas, me explicou mais ou menos assim: “As pessoas oram a Deus e pedem inspiração”.

A segunda cena aconteceu quando eu tinha 15 anos. Emocionado ao ouvir a música “Recordações”, do quarteto Athus, me ajoelhei no sofá da sala ao lado do aparelho de som e, chorando, pedi a Deus que me desse inspiração pra compor músicas tão bonitas quanto aquela.

Com essas duas cenas em mente, não posso dizer que decidi conscientemente trabalhar com composição. Aos cinco anos já queria saber como se fazia. Aos 15, embora já tivesse cerca de trinta músicas compostas, queria fazer muito mais pra Deus. Compor música sempre fez parte da minha vida.

Quantas músicas você já escreveu e gravou?

Acredito que já tenha feito mais de 200 composições – desde as primeiras, aos nove anos de idade, até hoje. Músicas gravadas, por mim e outros cantores, somam cerca de 50.

Como é o processo de composição de uma música? Letra e música nascem juntas?

Acho que depende da música e da proposta. Quando componho músicas baseadas em um texto bíblico, primeiro trabalho com a letra, já que é o principal. Mas às vezes vem a inspiração de uma melodia primeiro. Ou você está lendo um livro, ou trabalhando uma ideia na mente, e aí vem o insight de uma letra primeiro. Ou às vezes as duas coisas vem quase juntas. Já fiz uma música em 15 minutos. A inspiração da letra veio tão rápido que a caneta no papel mal conseguia acompanhar as ideias. Sentei ao piano e poucos minutos depois estava pronta a música Me cura. Isso é coisa de Deus mesmo! Minha mãe estava certa!

Explique, de forma resumida, como é o processo de gravação de um CD/DVD.

É um processo tão complexo e demorado que só o Espírito Santo para dar forças pra querer encarar um novo CD ou DVD.

Primeiro vem a escolha de repertório, que talvez seja a parte mais difícil. No caso de projetos autorais como os meus, onde eu mesmo componho todas as músicas, fico cerca de um ano fazendo isso. De 12 músicas que serão gravadas, componho cerca de 20. Mas cada música dessas passa por um processo. Recentemente gravei uma que reescrevi sete vezes. Quem vai pedir músicas pra outros compositores precisa ter paciência e insistência para receber as canções, muito discernimento para escolhê-las – principalmente ouvir a concepção simples da música e imaginar como ela ficará no futuro depois de produzida.

Com as músicas escolhidas, o produtor do CD/DVD agora vai fazer os arranjos, definir quais os instrumentos irão tocar em quais músicas, como será o vocal, etc. Se for um DVD, precisa haver ensaio e então a gravação ao vivo – que vai demorar umas boas horas. Se for um CD, haverá horas e horas de gravação de estúdio: primeiro a base (piano, violão, baixo e bateria, por exemplo), depois gravação dos outros instrumentos que vão complementar e enriquecer a base – aí entram guitarras, metais, instrumentos de sopro, cordas e o que mais se quiser acrescentar.

Depois começam as gravações do vocal e então a do solista (ou grupo, etc). Essa será a mais demorada. Depois entram trabalhos bem técnicos e precisos de mixagem (equalização de todos os canais de gravação) e masterização (formatação final do disco). Até aí tem que estar pronto o trabalho de arte (capa do CD, encarte, etc), e tudo vai para a prensagem, onde os CDs ou DVDs serão copiados e prontos para serem disponibilizados.

O processo é longo. Com certeza ainda esqueci de mencionar alguma coisa.

Que músicos influenciam seu trabalho? De onde vem sua inspiração?

Sempre admirei a música norte-americana. A origem protestante dos Estados Unidos fez desse país uma terra de músicos e melodias excepcionais. A riqueza é sem igual. Não tenho um nome em particular a quem eu atribua influência. Tento ouvir muitas coisas e acho que elas vão moldando meu estilo. Embora a “comercialização” da música cristã tenha feito muitos estragos, ainda existem muitos hinos de adoração profundos, cantados com o coração e com poder, atuais para as novas gerações e com a força da Palavra.

Qual a maior realização para um compositor cristão?

Ver as pessoas cantando sua música. Ver o rosto delas ao louvar. Ouvir que alguém se apaixonou mais por Jesus ao ouvir uma de suas composições. Nenhuma realização se compara a essa.

Qual o papel da música no trabalho evangelístico da Igreja?

De crianças a idosos, todos gostam de música. Ela tem o poder de despertar sentimentos que as palavras sozinhas não têm. É um instrumento poderoso para gerar interesse pelas coisas de Deus, bem como levar ânimo e esperança para cansados. Músicas cristãs têm levado milhares à decisão de ser de Cristo. Têm feito milhões permanecerem em Cristo.

Igrejas vivas não usam a música como um mero ritual a ser cumprido, mas como uma das principais ferramentas para aproximar pessoas do céu. Igrejas assim promovem o louvor congregacional como um momento coletivo de celebração à grandeza de Deus – tanto no ensaio (as coisas de Deus têm que ser bem feitas), como na utilização de instrumentos, na harmonia das vozes, no clima criado de consciência da presença de Deus. Igrejas assim são aconchegantes para os novos membros não apenas pela atmosfera criada pelo louvor e adoração no culto, mas também pelo espaço criado para a participação e envolvimento de todos – quer seja tocando instrumentos (ou mesmo aprendendo), em ministérios de louvor, corais, grupos infantis, entre tantas possibilidades.

Como você vê a relação do músico adventista com o público?

Creio que cada dia tem crescido a imagem do músico como um servo, adorador e ministro de louvor, ao invés de artista ou personalidade distante. Creio que parte disso se deva às redes sociais, onde os músicos podem se “aproximar” mais do público, interagir, comentar, e também expor sua rotina e seus pensamentos, desmistificando a ideia da “estrela do palco”.

Mas acredito que o principal motivo é o reposicionamento do lugar do músico, tanto pela Igreja, quanto pelos membros e os próprios cantores. A palavra “levita” começou a ser usada nos últimos anos como sinônimo para o músico cristão, creio que não apenas por um modismo, mas pela mudança de pensamento em relação à sagrada função de um músico dentro da igreja.

Na área da composição, qual ainda é o seu maior sonho?

Transformar os principais textos da Bíblia em música. Que sonho poder cantar os mais lindos versos da Palavra de Deus!

https://www.youtube.com/watch?v=GGFAQ5MQNE8
Quais são seus planos para 2015?

Embora não seja nada oficial, pretendo começar a compor as músicas do próximo projeto, que provavelmente será sobre a volta de Jesus. Com certeza será um ano de bastante trabalho. Pretendo também usar mais os recursos oferecidos pela Internet.

Uma das propostas é escrever mais sobre música cristã e compartilhar em sites e blogs. Outra ferramenta é o vídeo. Pretendo gravar e disponibilizar alguns vídeos com músicas inéditas que compus há bastante tempo, mas que por não se encaixarem na proposta e na linha temática dos DVDs, acabaram ficando de fora.

Algumas dessas músicas são as que fiz para minha esposa. Músicas cristãs que falem de amor às vezes são difíceis de encontrar, e espero esse ano contribuir um pouco nessa área também. [Equipe ASN - Márcia Ebinger]