Uma viagem pela história do adventismo no norte da Bahia
A presença adventista existe há mais de 75 anos na região.
A Caatinga é o principal bioma do sertão brasileiro e ocupa, aproximadamente, 11% do território nacional, englobando os estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Foi na Caatinga do sertão nordestino e nas terras férteis do Vale do São Francisco, que o adventismo foi plantado com muito empenho pelos pioneiros da Igreja.
O pastor Plácido da Rocha Pita foi o responsável por levar o evangelho para os moradores da região. Ele chegou na cidade de Juazeiro, BA, a 452 Km de Salvador, nos primeiros dias de fevereiro de 1946. Além de divulgar a mensagem adventista, ele vendia livros evangélicos para o sustento da sua família. "Justamente quando as águas do majestoso Velho Chico começavam a decrescer. Da estação de Piranga deslumbrei as duas cidades: Juazeiro e Petrolina. Olhando-as pela janela do trem fiz uma oração: dá-me Senhor os filhos do Teu reino de paz que estão escondidos nessas cidades. Amém!", expressou.
O legado de esperança
"Eu fui batizada pelo pastor Pita quando eu tinha meus 9 anos de idade e acompanhei crescimento da Igreja em toda a redondeza do nosso sertão. Que possamos nos preparar e estar de pé no grande dia da volta do Senhor Jesus Cristo", declarou Delzuíta A. Santos, de 75 anos, batizada no templo adventista do bairro Campo Verde, em Quixabeira - BA, a 295 Km de Salvador.
Cândido João Duarte, de 90 anos, é adventista de Fazenda Diogo, localizado no município baiano de Jaguarari. Seus olhos viram o pastor Pita e os pioneiros do adventismo realizarem maravilhas através da pregação do evangelho por onde passaram. "Conheci muito o pastor Pita. Pastoreou a nossa região e realizou vários batismos. Todos os problemas que os cristãos enfrentavam, ele sempre vencia como Jesus. Foi um bom pastor!", contou.
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O pastor Plácido Pita conheceu um jovem barbeiro por nome Ernestino. Quando lhe disse que era Adventista, o rapaz lamentou e disse que o pastor era um homem muito direito para ter aceitado uma religião tão ruim e má como os "sabatistas". Quando ouviu essas palavras, Pita decidiu marcar um horário com ele para estudar a bíblia, mostrando a luz do advento. Depois de uma semana, o barbeiro já estava frequentando a Escola Sabatina com outros adventistas. Ernestino se casou e teve filhas. Uma delas é viva e conta como Pita foi relevante na vida do seu pai e da sua família. "A importância de Plácido na nossa vida é extraordinária. Ele começou toda essa obra aqui no Vale do São Francisco e depois partiu para outros lugares. Em Juazeiro e região, sua marca foi fundamental", afirmou Genidete Pereira.
Plácido Pita
Deus certamente tinha um plano para Plácido Pita. Ao nascer, o menino foi salvo das mãos de uma parteira embriagada, que queria matá-lo por asfixia. Mais tarde, ainda pequeno, escapou de uma emboscada. Na juventude, ingressou na milícia estadual de Sergipe, para combater os temíveis cangaceiros do sertão. Convertido, Plácido Pita mudou de exército, ingressando nas fileiras da colportagem. Cavalgando "Penicilina", "Superbom" e "Sputinik", o pastor Pita levou a mensagem a uma das regiões mais difíceis e inacessíveis do país. "Os desafios eram grandes, o salário era pouco, mas a causa compensava", disse ele. Nesta autobiografia, Plácido Pita fala de sua vida, das regiões em que trabalhou, seu povo, seus costumes e do encontro de almas sinceras com a verdade. (Biografia: CPB)
Um novo começo
Graças aos esforços de Plácido Pita e de todos os pioneiros do adventismo, a região norte da Bahia possui hoje, cerca de 31 mil adventistas e 467 templos (Igrejas e grupos). A Educação Adventista possui 2 instituições acadêmicas e mais de 950 estudantes ativos nas cidades de Juazeiro e Jacobina.
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