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Projeto da Igreja Adventista resgata vidas de detentos por meio da leitura

Projeto Página Virada, da Igreja Adventista, é oportunidade para detentos refletirem a respeito da sua condição e do significa estar longe da criminalidade.


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A cada livro lido no período de 30 dias, os presos fazem uma redação e precisam tirar no mínimo seis pontos. (Foto: Divulgação)

O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, com mais de 800 mil presos, segundo dados revelados pelo Banco de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para amenizar esse quadro e oferecer soluções ao poder público, a Associação Planalto Central (APlaC), sede administrativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia para a região de Brasília e entorno, e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) criaram um projeto intitulado Página Virada. O objetivo é diminuir a ociosidade dos presos, além de apresentar novas condições de pensamentos por meio da leitura. O projeto foi lançado em janeiro na Unidade de Internação do Recanto das Emas (UNIRE) e as atividades acontecem no Centro de Inserção Social de Luziânia (CIS).

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Em parceria com o Ministério Público do Trabalho e a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, o projeto propõe estimular a leitura dos detentos e, em troca disso, reduzir a pena. As reuniões acontecem todas as segundas e quintas-feiras, quando é realizada uma roda de conversas referente à leitura da semana.

O projeto

O "Página Virada" funciona da seguinte maneira: a cada livro lido no período de 30 dias, os presos fazem uma redação e precisam tirar no mínimo seis pontos. Eles têm, por isso, quatro dias perdoados de sua sentença. Por ano, o máximo de pena que se consegue reduzir, por meio da leitura, equivale a 48 dias. No final do projeto são realizadas avaliações das redações desenvolvidas e as três melhores são premiadas.

Os Miseráveis

Um romance sobre desigualdade social, Os Miseráveis, do escritor Victor Hugo, foi escolhido como o primeiro da lista. Na trama, o personagem é preso por roubar pão para alimentar sua família. O diretor e fundador do projeto, Jeconias Neto, salienta que a leitura do livro traz reflexão sobre como construir a vida fora do crime por meio dos debates sociais. “Quem executa esse projeto do clube do livro são ex-detentos que, hoje, membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, desenvolvem rodas de conversas pós-leitura. Não é só um projeto literário, mas de inclusão, crescimento acadêmico, do jovem e do preso. É um projeto que dá senso de pertencimento”, explica.

O próprio Jeconias Neto esteve preso e, portanto, viu o drama das pessoas que anseiam por uma oportunidade de sair da criminalidade, mas não sabem como. “Nós esperamos influenciar a massa carcerária a entender que a leitura é uma arma sem pólvora em suas mãos na desconstrução das vulnerabilidades sociais que eles viveram e das ideologias do crime. Não é só o hábito da leitura, mas o pensamento crítico que ela proporciona, que faz com que os detentos protagonizem suas histórias”.

Atualmente, nas duas unidades, mais de 120 detentos participam das atividades que, além de ajudar na diminuição da pena, estimulam o hábito de leitura.

Leitura aprovada

O coordenador do ministério, Joymir Guimarães, também teve sua vida transformada dentro de um presídio por uma ação semelhante ao Página Virada.  Ele explica que, durante os diálogos, a maioria dos participantes já tinha lido mais de 15 capítulos do livro e aprovaram a leitura. “Ficamos muitos felizes com o resultado. O interessante também é como nós aplicamos as histórias do livro ao nosso dia a dia. Falamos sobre como sair da vida do crime, o que devemos fazer, quais são os caminhos, quais são as diretrizes. Eles passaram a ter uma nova visão de vida e falaram que nunca tinham pensado desta maneira”, comenta o coordenador.

Geovani Lima, um dos oficineiros voluntários - como são chamados os tutores do projeto -, dedica parte de seu tempo para ajudar a desconstruir as ideologias do crime e levar o desenvolvimento intelectual. “Participar do projeto está sendo uma experiência maravilhosa. Sabíamos que eles iam gostar do livro, mas não imaginávamos que, então, a adesão seria tão grande e com tamanha qualidade. Eles estão assimilando o assunto do livro, a mensagem que a obra está passando, e eu acho que isso é muito bacana. Poder estar lá dentro, contribuindo para a reinserção deles no mercado de trabalho, no âmbito familiar e em uma sociedade melhor vai mudar a vida deles”, conclui o voluntário.

Além do projeto Página Virada, a sede administrativa da Igreja Adventista para a região de Brasília e entorno também mantém o Ministério Carcerário. Trata-se de um projeto que tem restaurado a esperança de mais de 16 mil detentos e suas famílias.

Diversos voluntários participam das ações, como pastores, capelães, advogados, psicólogos, entre outros. Cada um auxilia de forma específica. Durante as visitas, os voluntários conversam com eles e utilizam histórias da Bíblia para proporcionar momentos de reflexão e mudanças na vida dos detentos.

Se você quiser saber mais informações sobre os projetos, entre em contato pelo telefone (61) 3343-5349.