Notícias Adventistas

Missão

2.000 quilômetros de missão

Grupo de ciclistas pedalando de Washington, DC até St. Louis, MO tem uma história para contar.


  • Compartilhar:
ciclistas
Grupo distribuiu livros pelas cidades no caminho (Foto: Marcos Paseggi)

Quando um grupo de ciclistas adventistas do sétimo dia decidiram viajar de Washington, DC até St. Louis, MO, Estados Unidos, antes da Assembleia da Associação Geral de 2022, todos os oito ciclistas sabiam que teriam que treinar muito e se preparar.

“Eu senti que precisava aumentar o meu treino e ficar mais em forma se eu quisesse participar do projeto”, relembra o diretor associado do Ministério da Saúde da Associação Geral e um dos participantes. “Eu precisava focar na minha saúde”. 

Leia também:

Mas o que Bergland e vários outros do grupo não perceberam é que, à medida em que o dia se aproximava, algo mais encheria suas mentes com preocupação. “Eu nunca colportei, nunca falei com as pessoas nas ruas sobre a minha fé”, disse Bergland em um programa especial de sábado na Igreja Adventista de Thompsonville, Illinois, apenas um dia antes do final do trajeto previsto para 5 de junho.

Esses comentários ecoaram exatamente o que os outros participantes da pedalada “Eu Vou” sentiram. Vários deles, autodefinidos como “tímidos” e “introvertidos”, estavam mais preocupados com o elemento do testemunho da viagem do que com os desafios físicos da iniciativa. “Mas acabou sendo uma experiência maravilhosa”, exclama Bergland durante o programa. “Eu ainda fico com vergonha de abordar outros, mas eu descobri que há muitas pessoas lá fora que necessitam de algo, que apreciam não apenas os livros que damos, mas também a interação”, afirmou.

ciclistas
Adventistas pedalaram pelos Estados Unidos e distribuíram livros missionários (Foto: Marcos Paseggi)

O participante Rob Hansford, contador adventista na Austrália, concordou. “A parte mais assustadora era compartilhar minha fé com as pessoas. Eu tinha medo. Mas essa foi uma experiência que realmente mudou a minha vida. Eu aprendi que posso ir e contar a história da minha família para qualquer um”, confessa ele.

Um empreendimento missionário

Desde o começo, os participantes reconheceram que a viagem de bicicleta não era apenas uma iniciativa de saúde, mas também uma maneira de testemunhar a outros ao longo do caminho. Os veículos de apoio ao longo dos 2 mil quilômetros a oeste por estradas secundárias, levaram caixas com literatura adventista que os ciclistas compartilhavam quando encontravam desconhecidos, contavam a eles sobre sua viagem e se ofereciam para fazer uma oração.

Tudo começou quando o secretário associado da Associação Ministerial da Associação Geral, Anthony Kent, e amigos, buscavam recriar a iniciativa de missão de Philip Reekie, um imigrante escocês do século XIX na Austrália, que viajou em sua bicicleta milhares de quilômetros, compartilhando literatura adventista com as pessoas que encontrava. Uma das pessoas que se beneficiaria ao ler o livro de Ellen G. White, O Grande Conflito, seria Thomas Kent, tataravô de Anthony. A eventual aceitação da mensagem adventista levou à formação de uma igreja local e várias gerações de pastores adventistas e membros leigos comprometidos. Kent estima que mais de 20 mil pessoas encontraram esperança em Jesus ao longo dos anos, graças a um homem em uma bicicleta.

Salvando dedos dos pés e membros

O trajeto tem outros objetivos também, contou o presidente da Divisão do Pacífico Sul, e membro do grupo de ciclistas, Glenn Townend, durante o programa no dia 4 de junho.  “No Pacífico Sul, uma pessoa perde os dedos do pé ou um de seus membros por causa de diabetes a cada 20 minutos”, conta ele. “[Minha esposa e eu] moramos em Fiji, e eu tive colegas que perderam seus membros e outros que morreram por causa de diabetes”.

De acordo com Townend, esta é a razão pela qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia estabeleceu uma parceria com outras organizações pela iniciativa “10 Mil Dedos dos Pés”, que busca apoiar esforços que reduzam a incidência de diabetes na região. A Igreja Adventista está transformando igrejas em centros de bem-estar e ensinando as pessoas a como mudar os hábitos de seu estilo de vida para evitar a doença não-transmissível.

A iniciativa não foi esquecida, disse Townend. “Uma universidade da Austrália fez um estudo sobre todas as iniciativas de saúde no Pacífico do Sul”, relatou. “10 Mil Dedos dos Pés ganhou um prêmio como melhor iniciativa por dois anos consecutivos”. Neste ano, o programa também ganhou um auxílio de AU$37.000, que será investido na ampliação do alcance da iniciativa.

É tudo sobre a missão

O ponto alto da viagem, de acordo com os participantes, foi o elemento evangelístico do trajeto.

Líder do departamento de Publicações e Saúde na União do Sudeste Asiático, Pham Nguyen To Phuong, do Vietnã, é a única participante feminina no passeio. (Foto: Marcos Paseggi)

A diretora do departamento de Saúde e Publicações da União do Sudeste Asiático, Pham Nguyen To Phuong, doe Vietnam, é a única mulher participante da viagem. Ela começou a pedalar cinco anos atrás e nunca mais parou. “Eu costumava orar, ‘Senhor, por favor, use minha paixão para a Tua glória’, To Phuong compartilhou. “Por meio desta viagem, Deus respondeu minha oração”. 

O secretário da União Australiana, Michael Worker, disse que pedalar por pequenas cidades e vilarejos até chegar em St. Louis apresentou a eles muitas oportunidades de testemunho. “Apenas compartilhar o que estávamos fazendo já era o início de uma conversa”, testemunha. “As pessoas acenavam, nos davam as boas-vindas, e compartilhar nossa história abriu portas para o testemunho. E ao compartilharmos e interagirmos com outros cristãos, aconteceu várias vezes de eles desejarem orar por nós. Nós fomos para dar, mas acabamos recebendo” disse Worker.

O especialista sênior em sistemas ministeriais da Divisão do Pacífico Sul, Russ Willcocks, concordou, acrescentando que ele sentiu Deus à frente deles preparando o caminho e o coração das pessoas para interagir com eles. “Aconteceu com frequência que quando chegávamos para encontrar com as pessoas, descobríamos que Jesus já havia chegado antes”, contou ele. “Eles estavam abertos e prontos para nos receber”.

A chave, segundo Willcocks, é estar disposto a seguir o caminho de Deus. “Não pergunte, ‘será que eu devo ir’, ou ‘posso ir’”, disse ele. “Apenas diga, ‘eu vou’ e Jesus encontrará com você lá”.

Respondendo ao chamado

Durante o programa, o editor executivo do Adventist Review Ministries, Bill Knott, relembrou às pessoas presentes e aos que estavam seguindo a transmissão, que o chamado para fazer a missão não é originada em nós, mas em Deus. “Nós não passamos a servir a igreja porque achamos que temos algo a oferecer”, disse Knott. “É o chamado de Jesus. Sem o chamado, não haveria missão”.

O pastor da Igreja de Thompsonville, John Lomacang, concordou. Em suas considerações finais, Lomacang enfatizou que a viagem não satisfez a maioria das zonas de conforto dos participantes. “Mas eu aprendi que Deus pode fazer qualquer coisa com um coração disposto”, declarou ele.

Lomacang acrescentou que esses ciclistas talvez nunca saibam a grandeza do impacto que essa viagem teve até chegarem ao Céu. Mas, novamente, ele enfatizou que a chave é aceitar o chamado de Deus para evangelizar. “Deus pode fazer qualquer coisa por meio de nós, se tão somente dissermos as palavras, ‘Eu Vou’”, afirmou.


Esta notícia foi publicada originalmente no site de notícias da Adventist Review