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Igreja quer ampliar debate sobre Liberdade Religiosa

Igreja quer ampliar debate sobre Liberdade Religiosa

Proposta é que cada congregação adventista na América do Sul tenha um responsável pela área


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Fórum Regional de Liberdade Religiosa destacou a importância de unir a sociedade na causa. Foto: Gustavo Leighton

Brasília, DF… [ASN] A Igreja Adventista do Sétimo Dia espera ter, a partir deste ano, um diretor de Liberdade Religiosa em cada um de seus templos na América do Sul. Os objetivos são ampliar o debate e a compreensão do tema nas comunidades, trabalhar para garantir o exercício do direito a liberdade de expressão e pensamento (previsto em Constituição) dentro e fora do contexto da Igreja, combater atos de intolerância religiosa, orientar os membros sobre os seus direitos como cidadãos e promover o diálogo com outras denominações e religiões para fortalecer a causa.

De acordo com o pastor Hélio Carnassale, diretor de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista para oito países sul-americanos, a ideia é que estes líderes ocupem algum tipo de função através da qual podem exercer influência para atrair pessoas para trabalharem unidas pela liberdade religiosa. “Nós esperamos que ele(a) tenha uma formação acadêmica superior, preferencialmente na área do direito, mas não necessariamente. Também que tenha articulação para representar a Igreja nas múltiplas relações que irão estabelecer com poderes governamentais, sociedades civis e outras entidades religiosas”, explica.

Júnior Borges, vereador na cidade de Camaçari, na Bahia, é uma das pessoas que já abraçaram o desafio. “Nós vamos conseguir quebrar o afastamento entre as denominações religiosas diversas. É importante que essas pessoas se juntem e discutam de que maneira pode-se viver em harmonia. É necessário que todos participem de modo efetivo para a construção de uma sociedade melhor, com mais liberdade”, afirma.

Para o pastor Carnassale, o exercício da liberdade religiosa e o diálogo entre as religiões não pressupõe o conflito ou a união de doutrinas. “Estamos juntos, mas conservamos nossa individualidade. Fazemos isso por uma causa comum, não doutrinária. Por [eu] trabalhar com outra pessoa, ela não precisa aceitar o sábado, e eu não preciso acreditar que, uma vez salvo, sou salvo para sempre. Você conserva a sua crença e eu a minha. Isso é liberdade religiosa: ela nos une num esforço, mas nos preserva na nossa identidade”.

Caso do Enem

Um dos exemplos em que grupos diferentes se uniram para reivindicar o exercício da liberdade religiosa foi em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Candidatos adventistas e judeus – que têm em comum a dedicação do sábado para reuniões religiosas – enfrentaram dificuldades até a edição de 2016. Para realizar a prova, precisavam permanecer confinados em uma sala até o pôr do sol. Por causa disso, segundo eles, além do desgaste físico, o esgotamento mental prejudicava o desempenho. Após o diálogo entre as entidades religiosas e autoridades, o Ministério da Educação (MEC) lançou neste ano uma Consulta Pública que constatou que 64% dos candidatos (que responderam à pesquisa) desejavam que o exame não mais fosse realizado aos sábados. A partir disso, o dia de provas foi alterado para dois domingos consecutivos.

Fórum Regional de Liberdade Religiosa

Outra atribuição dos diretores locais é promover encontros onde se possa dialogar e desenvolver o assunto de forma específica em cada região. E para exemplificar o debate que se espera ter, a instância maior do departamento na América do Sul promoveu nesta terça-feira (18) o Fórum Regional de Liberdade Religiosa na sede sul-americana da Igreja em Brasília – DF. Líderes, autoridades, especialistas da área do direito e leigos, adventistas e professos de outras denominações prestigiaram o evento.

Na ocasião, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, comentou que ainda é necessário que a população saiba que pode contar com o governo para o avanço da causa da liberdade religiosa. Segundo ele, o primeiro passo é “procurar os seus legisladores, que são os parlamentares e legítimos representantes do povo, para que dispositivos sejam assegurados em lei, ou na própria Constituição dos seus países, assegurando a liberdade de expressão e o exercício da sua atividade religiosa como princípio da sua crença”.

Para o diretor mundial de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista, o doutor Ganoune Diop, o maior benefício que a compreensão e o respeito mútuo trazem para a sociedade é a paz. “Liberdade religiosa é muito mais que liberdade para adorar. Conecta à dignidade humana, conecta à natureza de cada pessoa. Elas não devem ser violadas em seus direitos. A liberdade religiosa realmente enfatiza a melhor compreensão de que devemos mostrar solidariedade com toda a família humana. E paz, harmonia, mesmo com as diferenças, porque não precisamos ter a mesma crença para saber viver em paz”. [Equipe ASN, Jefferson Paradello e Vanessa Arba]

Veja as fotos do Fórum:

Veja a matéria em vídeo: