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Pioneiro superou ameaças e idiomas para evangelizar

A história de Frank Westphal é inspiradora. Ele foi o primeiro pastor adventista a vir à América do Sul


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O primeiro pastor a chegar às terras sul-americanas foi Frank H. Westphal (1858-1944), enviado como presidente da Missão Costa Leste da América do Sul, que abrangia a Argentina, o Brasil, Uruguai e Paraguai.

O primeiro pastor a chegar às terras sul-americanas foi Frank H. Westphal (1858-1944), enviado como presidente da Missão Costa Leste da América do Sul, que abrangia a Argentina, o Brasil, Uruguai e Paraguai.

Brasília, DF ... [ASN] Imagine o impacto de uma missão dessas. O ano é 1894 e Frank Henry Westphal, mais conhecido depois no Brasil como Francisco Westphal, aceita um desafio enorme. Ele parte com a esposa e um bebê rumo ao desconhecido, nesse caso, a América do Sul. A primeira etapa da viagem foi a bordo do navio SS Paris saindo de Nova Iorque e indo até Southampton, Inglaterra. A outra etapa foi da Inglaterra até a Argentina no navio Magdalena. Segundo o jornalista Michelson Borges, no livro A chegada do adventismo ao Brasil, Westphal foi o primeiro ministro adventista enviado a servir na América do Sul. “O pastor Westphal veio para a América do Sul juntamente com William Henry Thurston, seu cunhado. Thurston ficou no Rio de Janeiro e Westhpal seguiu para a Argentina”, afirma Borges.

 

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O ministro adventista, que nasceu em New London, Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, tornou-se membro da Igreja com a idade de 19 anos e foi batizado em 1878, tornando-se já líder da sua congregação. Estudou no Battle Creek College por um tempo e depois acabou entrando no ministério, sendo ordenado em 1883. Antes de empreender a histórica viagem à América do Sul para atender os primeiros templos adventistas no território, Westphal chegou a ser pastor em Milwaukee e até lecionou História no Union College.

O pastor adventista foi um pioneiro em muitos sentidos. Tornou-se o primeiro a realizar batismos em regiões onde mal se sabia da existência de congregações da denominação. Exemplo são as cerimônias realizadas em São Paulo, no rio Piracicaba, onde ele batizou Guilherme Stein Jr, em abril de 1895, considerado o primeiro brasileiro batizado como adventista do sétimo dia. Ainda em 1895, em Santa Catarina, conforme o jornalista Michelson Borges, Westphal compartilhou a mensagem bíblica para uma comunidade em Joinville e ali deixou mais de 30 observadores do sábado. “Já em Brusque, Westphal diz ter encontrado os primeiros grupos de conversos ao adventismo, no Brasil”, afirma o jornalista. De acordo com o relato de Borges, “em 8 de junho de 1895 foi realizado o primeiro batismo de oito pessoas no rio Itajaí-Mirim, uns cinco ou seis quilômetros acima da Vila de Brusque”. Houve batismos, feitos por Westhpal, ainda, em Gaspar Alto, de pessoas como Guilherme Belz e sua esposa Johanna. Estima-se que Belz começou a guardar o sábado em 1890.

Na Argentina

Os relatos de Westphal na Argentina mostram uma realidade difícil que não era caracterizada apenas pelos momentos alegres dos batismos. No livro Pionero en Sudamérica (uma tradução do original Pioneering in the neglected continent), o próprio pastor afirma que, depois de um mês de viagens cansativas, teve ajuda, no país, de R B Craig, um colportor que havia chegado um ano antes para ajudar na obra de venda de livros com Elwin Snyder, Clair Nowlen e Albert Stauffer.

A barreira do idioma foi um outro capítulo à parte, especialmente quando chegou pela primeira vez ao Porto Diamante, no rio Paraná. Westphal afirma que, para fazer o transporte de seus objetos pessoais de um lugar para outro, precisava se esforçar para entender o espanhol. A alegria do pioneiro, relatada na sua autobiografia, foi quando encontrou um homem que sabia falar alemão e que indicou a existência de alguns adventistas e ainda lhe deu lugar para dormir uma noite em sua casa. A partir daí, o pastor adventista foi localizando as “ovelhas” e dando início formal à igreja na região.

Ainda em território argentino, Westphal narrou um episódio inusitado. “O crescimento inspirador da obra não foi realizado sem oposição. Uma tarde, enquanto estávamos em uma reunião, três homens entrara no prédio, um armado com um revólver, outro com uma faca mais larga e o terceiro com uma barra pesada de ferro de quase 1 metro e 20 centímetros de largura. Ameaçaram os presentes e nos disseram que, se não abandonássemos o lugar em dez minutos, retornariam e usariam as armas contra nós. Continuamos nossa reunião até que chegou o momento apropriado de terminar. Quando foi esse momento, cantamos um hino e pronunciamos uma bênção. Então, de repente, os três entraram de novo e nos ameaçaram furiosamente. Nossos irmãos permaneceram em silêncio e os olharam diretamente e logo os três intrusos, tremendo de medo, deixaram o salão”, disse na sua autobiografia.

O mais curioso, conforme assinala Westphal nas suas memórias, é que poucas semanas depois desse episódio, enquanto fazia um batismo, o pioneiro foi surpreendido com o pedido de um desses homens que fizeram a ameaça. O indivíduo queria ser batizado também e ficar livre de uma vida de maldade e vício do álcool.

É impossível medir os impactos que o ministério de Westphal teve na América do Sul, mas a Igreja hoje, com mais de 2 milhões de membros em oito países sul-americanos, é prova de que o movimento embrionário, com poucos adventistas e dificuldades extremas, tornou-se maior e aumentou sua influência na sociedade. [Equipe ASN, Felipe Lemos]