Notícias Adventistas

Institucional

Especialista avalia pesquisa sobre crescimento dos não religiosos

O crescimento desse grupo foi significativo nos últimos sete anos conforme uma avaliação feita nos Estados Unidos.


  • Compartilhar:
O percentual dos que se dizem cristãos diminuiu segundo avaliação da Pew Research Forum

O percentual dos que se dizem cristãos diminuiu segundo avaliação da Pew Research Forum

Brasília, DF ... [ASN] Nessa semana, uma pesquisa do Pew Research Center, especializada em estatísticas sobre o mundo religioso, mostrou dados que apontam mudanças para o cristianismo nos Estados Unidos e outras religiões. Mais de 35 mil pessoas, acima de 18 anos de idade, foram ouvidas sobre a percepção da sua própria religião. Na comparação entre 2007 e 2014, o percentual dos que se dizem cristãos diminuiu de 78,4% para 70,6%. Já o percentual dos que não se identificam com a fé cristã (conforme a pesquisa o que inclui ateus, agnósticos e outros que disseram não ter qualquer fé) teve crescimento: saltou de 16,1% em 2007 para 22,8% em 2014. Também cresceu o percentual de religiosos não cristãos.

O teólogo Marcelo Dias, doutorando em Missiologia pela Universidade Andrews e professor da Faculdade de Teologia do Centro Universitário de São Paulo (Unasp – campus Engenheiro Coelho), ressalta que é importante destacar que a pesquisa incluiu adventistas do sétimo dia na sua amostragem norte-americana apesar deles representarem, no universo americano, uma porcentagem bem pequena (menos de 0.5%). Também vale destacar que os sem religião, agnósticos e ateus não são necessariamente a mesma coisa, mesmo que a causa da adesão a esses grupos seja a mesma”, pontua Dias.

Tendência

Para o teólogo, os números desse percentual dos chamados sem religião apontam para uma tendência que já é, de certa maneira, realidade também na América do Sul. Dias lembra que, no Brasil, por exemplo, o Censo de 2010 apontou 8% da população, aproximadamente 15 milhões, que se declararam sem religião. Comparado com estatísticas anteriores, esse número reflete uma tendência crescente contínua. “Tanto lá, como aqui, o número cresce mais entre os mais jovens. No Brasil, em 2010, o maior grupo dos sem religião tinha pouca escolaridade, se concentrava nas menores faixas de renda e eram homens”, acrescenta o especialista.

No Uruguai, o dado apurado nos Estados Unidos também encontra reflexo. O Uruguai chama a atenção por 40,7% da população se enquadrar nessa categoria os sem religião. Há uma tendência forte no mundo nessa direção, pois os sem-religião já são o terceiro maior grupo (16,3%), atrás somente dos cristãos (31,5%) e muçulmanos (23,2%).

Sintoma e alerta

Na opinião de Marcelo Dias, pra as igrejas cristãs essas pesquisas devem ser um sinal de alerta, mas não de desânimo. O teólogo explica que outros estudos têm demonstrado que esse fenômeno não está necessariamente associado com uma menor busca pelo espiritual, mas geralmente em uma decepção com a religião organizada, as denominações tradicionais, principalmente entre os das gerações mais novas (os que nasceram após 1981).

“Uma análise desse fenômeno exige maiores considerações, uma vez que esses resultados parecem ser somente a ponta de um iceberg. Na América do Sul, especialmente no Brasil, pelo menos parte dos sem religião parece reagir à decepção com as igrejas neopentecostais que apresentam uma abordagem agressiva de evangelização. Outro fenômeno, o da nova classe média, com acesso à escolaridade, tecnologia, informação e viagens, também pode causar mudanças no cenário religioso a médio prazo”, salienta.

Dias recomenda, diante do quadro apresentado, que denominações cristãs como a Igreja Adventista pensem, cada vez mais, em dialogar sobre os desafios que as pessoas enfrentam no seu dia a dia e sejam capazes de apresentar a importância dos seus ensinamentos para moldar um modo de viver bíblico. Para ele, mesmo assuntos desconfortáveis e polêmicos como aborto, homossexualidade, evolucionismo, deveriam ser abordados pela Igreja. É importante que a Igreja também resista à tendência natural de uma institucionalização engessante que abafe sua natureza original que foi de um movimento missionário”, conclui. [Equipe ASN, Felipe Lemos]