Delegados votam modificações ao Manual da Igreja
Outros pontos também foram abordados durante a Assembleia da Associação Geral.
A cada cinco anos é realizada a Assembleia da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia para expressar gratidão a Deus pelos avanços que a organização teve no mundo e para escolher os líderes encarregados de dirigir a Igreja pelo próximo quinquênio.
Outros propósitos do encontro incluem aprovar documentos e declarações e, inclusive, fazer modificações nas crenças fundamentais e regulamentos da denominação, como é o caso do Manual da Igreja. Este descreve a operação e as funções das igrejas locais e sua relação com as estruturas denominacionais nas quais eles têm seus membros.
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Também expressa “a compreensão da Igreja a respeito da vida cristã, do governo eclesiástico e da disciplina baseada em princípios bíblicos e na autoridade das assembleias da Associação Geral devidamente reunidas” (Manual da Igreja, ed. 2015, p. 18).
As mudanças aprovadas serão incorporadas ao Manual da Igreja em alguns meses. O conteúdo do manual, em uma nova versão, será traduzido para diferentes idiomas, como português e espanhol.
Propostas de modificações
Se uma igreja local ou uma Associação/Missão deseja propor uma modificação ao Manual da Igreja, deve submeter essas propostas de revisão ao próximo nível administrativo da Igreja, para consideração e estudo mais amplo. Se esse nível aprovar a proposta, ela deve ser submetida à revisão do próximo nível para uma avaliação adicional. Se cada nível administrativo sucessivo aprovar a proposta, finalmente esta será enviada à Comissão do Manual da Igreja da Associação Geral, que considerará todas as recomendações.
Se a Comissão do Manual da Igreja aprovar uma revisão, ela será preparada para ser apresentada em um Concílio Anual da Comissão Diretiva da Associação Geral e/ou na próxima Assembleia da Associação Geral.
Veja algumas inclusões aprovadas:
Pregadores não autorizados
Esse item esclarece quem pode ser convidado para falar na igreja e aborda a confusão causada pelo fato de que um leigo não possa pregar porque não tem credenciais.
VOTADO: Modificar o Manual da Igreja, capítulo 10, “Culto e Outras Reuniões”, página 119, Oradores não Autorizados, para que declare o seguinte:
Oradores Autorizados. O pastor local poderá convidar a falar no púlpito somente pessoas dignas de confiança, em harmonia com as diretrizes dadas pela Associação*. Os anciãos locais ou a comissão da igreja também podem convidar oradores, em consulta com o pastor e em harmonia com as diretrizes da Associação. Não se deve permitir que ocupem o púlpito aqueles que já não são membros da igreja, ou que estão sob disciplina eclesiástica.
Pode haver ocasiões em que seja apropriado que nossas congregações escutem discursos de funcionários do Governo ou de outras personalidades públicas. Qualquer outra pessoa deve ser excluída de nossos púlpitos, a menos que a Associação local lhe tenha concedido uma permissão especial. Todo ancião, pastor e presidente de Associação tem o dever de garantir que essa regra seja cumprida (ver p. 34, 115, 116).
*Ver “Termos Usados no Manual da Igreja”, p. 20.
Conselho Escolar
Essa mudança votada se aplica principalmente à redação em inglês. Nesse idioma, substituiu-se “union school board” por “multiconstituent school board” nos casos em que o conselho escolar esteja constituído por mais de uma igreja, para que não se confunda o termo “union” pelo conselho escolar da União (unidade administrativa da Igreja). No caso do português, já se usa o termo “Conselho Escolar”, e por isso, não é preciso realizar a mudança necessária para eliminar a ambiguidade em inglês.
Cerimônia batismal
Esta também é uma mudança que permite flexibilidade na terminologia utilizada em diferentes lugares e idiomas. Assim, é permitido substituir o termo “cerimônia batismal” por “serviço batismal” onde o idioma ou o contexto o faz necessário, desde que seja mantido consistentemente em todo o Manual da Igreja (no caso do português, utiliza-se “cerimônia batismal” em cinco ocasiões).
Reuniões da Comissão Diretiva da Igreja
Essa é uma das modificações que a pandemia e a quarentena obrigaram a realizar. Tal emenda permite a participação eletrônica nas reuniões da Comissão Diretiva da Igreja.
Foi votado modificar o Manual da Igreja, capítulo 10, “Culto e Outras Reuniões”, página 135, subtítulo “Reuniões”, para que declare o seguinte:
Reuniões. A Comissão Diretiva deve se reunir pelo menos uma vez por mês, e com mais frequência se for necessário, porque sua função é essencial para a vida, a saúde e o desenvolvimento da igreja. Convém ter as reuniões mensais no meio da semana de cada mês.
A reunião da Comissão da Igreja deve ser anunciada durante o culto regular de sábado. Deve ser feito todo o possível para que todos os membros da Comissão consigam assistir a cada reunião.
Cada igreja deve determinar em uma de suas reuniões administrativas regulares, o número de membros da Comissão Diretiva da igreja que deverão estar presentes em suas reuniões para constituir quórum. Onde a legislação local permitir, os membros da Comissão Diretiva poderão participar das reuniões por meio de uma reunião eletrônica ou meio similar, pela qual todas as pessoas que participarem possam comunicar-se entre si, ao mesmo tempo, e a participação por tal meio constituirá como presença da pessoa em tal reunião. Votos por procuração ou por carta não serão aceitos.
Ordenação ao ancionato
Uma das modificações propostas ao Manual da Igreja na sessão de trabalho vespertino de 6 de junho terminou em uma discussão de 75 minutos. O secretário associado da Associação Geral (AG), Gerson Santos, mencionou que essa modificação buscava “esclarecer alguns aspectos da Comissão da Igreja”.
A emenda proposta está relacionada com a ordenação dos anciãos na igreja local. O motivo foi ter consistência de redação entre as seções sobre anciãos e diáconos/diaconisas ao abordar certa confusão que havia sido gerada nas divisões da igreja mundial onde as mulheres são ordenadas ao ancionato. Mais especificamente, recomendou-se modificar o Manual da Igreja com relação à ordenação ao ancionato, agregando a o trecho que aparece sublinhado abaixo. Também foi alterado a frase “servir como diáconos” para “diaconato”.
Foi votado modificar o Manual da Igreja, capítulo 8, “Oficiais e Organizações da Igreja Local”, página 71, subtítulo “Ordenação de Anciãos”, para que declare o seguinte:
Ordenação de Anciãos: A eleição ao ofício de ancião não qualifica, por si só, a ninguém como ancião. É requerida a ordenação antes que um ancião tenha autoridade para o exercício da função. Quando uma igreja, em reunião administrativa, vota a eleição de novos anciãos, também autoriza sua ordenação. No intervalo entre a eleição e a ordenação, o ancião eleito pode atuar como líder, mas não poderá administrar os ritos da Igreja.
A cerimônia de ordenação é realizada apenas por um pastor ordenado credenciado pela Associação. Por cortesia, um pastor ordenado visitante pode ser convidado a ajudar. No entanto, apenas com uma solicitação específica dos administradores do Campo, poderá um pastor ordenado visitante ou um pastor ordenado aposentado conduzir a ordenação.
O sagrado rito da ordenação deve ser realizado de maneira simples, na presença da igreja, e pode incluir uma breve exposição do ofício do ancião, das qualidades requeridas e das principais funções que o ancião estará autorizado a desempenhar. Após essa exortação, o pastor ordenado ordenará os anciãos por meio de oração e de imposição de mãos, ajudado por outros pastores ordenados e/ou anciãos locais que estiverem participando da cerimônia (ver p. 39).
Uma vez ordenados, os anciãos não necessitam ser ordenados novamente, se forem reeleitos ou se forem eleitos anciãos em outra igreja, desde que tenham conservado sua posição regular de membros. Estão também qualificados para o diaconato.
Depois de apresentada essa proposta de mudança, Gerard Damsteegt, delegado pela Associação Geral, propôs que fosse enviada essa mudança de volta à Comissão do Manual da Igreja. Segundo sua visão, esta não abordava a confusão sobre a ordenação de mulheres ao ancionato. “A ordenação de mulheres ao ancionato foi votada em um Concílio Anual, mas nunca durante uma Assembleia da Associação Geral”, argumentou.
Depois disso, alguns delegados compartilharam suas perspectivas sobre a necessidade de encaminhar esse ponto à Comissão: “A proposta original é clara e não vejo necessidade de encaminhá-la”, disse Mario Alvarado, delegado da Divisão Norte-Americana (DNA). “Não vejo nenhum problema com essa redação. Trata-se de facilitar a missão”. Finalmente, os delegados recusaram a proposta de Damsteegt de encaminhar a emenda original à Comissão do Manual da Igreja. Esse voto permitiu que a discussão sobre o ponto original seguisse em frente.
Depois de vários delegados terem comentado a favor ou contra a proposta de fazer essas mudanças sobre a ordenação ao ancionato no Manual da Igreja, ela foi posta à votação. A proposta teve apoio e foi aprovada por 75,7% dos delegados.
Karnik Doukmetzian, diretor do departamento jurídico da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, mencionou a importância desse voto: “Ele tem a intenção de esclarecer que, uma vez que a reunião administrativa da igreja local vota um novo ancião, supõe-se que também concede a autorização para que seja ordenado, portanto, não é necessária uma votação separada para que seja ordenado. Uma vez escolhidos, assume-se automaticamente que foi dada permissão para que eles sejam ordenados, independentemente de serem homens ou mulheres”.
Além disso, Doukmetzian explicou a outra modificação do voto: “A segunda parte afirma que as anciãs que posteriormente forem escolhidas como diaconisas não precisam ser ordenadas como diaconisas, porque a ordenação ao ancionato também cobre a ordenação ao diaconato. Assim, uma vez que tenha sido ordenada anciã, ela se transfere para a sua função como diaconisa”1.
Ministério Jovem Adventista e Clube de Aventureiros
Na seção dedicada ao Ministério Jovem Adventista, foi agregado um parágrafo que especifica qual é a função deste ministério no discipulado das novas gerações:
Na busca do discipulado, o objetivo do MJA deve ser de conduzir todos os jovens a um relacionamento salvífico com Cristo, edificá-los em Sua Palavra para que reflitam um caráter semelhante ao de Cristo, capacitá-los em como servir à igreja e às comunidades ao utilizar seus dons espirituais e enviá-los para evangelizar as comunidades no poder do Espírito Santo.
Além disso, uma modificação importante foi a ampliação de idade daqueles que podem participar no Clube de Aventureiros: antes as idades iam de 6 a 9 anos, e agora poderão participar crianças de 4 a 9 anos.
Marcos Blanco é pastor, doutor em Teologia e gerente de redação da Associação Casa Editora Sudamericana (Aces), na Argentina.
[1] Entrevista realizada por Wilona Karimabadi para o boletim no. 3 da Adventist Review, 8 de junho de 2022, p. 7.