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Auxiliar de enfermagem recebe homenagem póstuma de colegas de trabalho 

Momento especial teve barulho de sirenes de ambulância, discurso, oração do Pai Nosso e balões brancos que foram soltos para voar pelo céu. 


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Colegas de trabalho pararam suas atividades por cerca de 10 minutos para homenagear Raquel (Arquivo Pessoal).

Surpreso e emocionado. Essas foram as reações de José Soares ao chegar ao Hospital de Campanha de Franco da Rocha na tarde da última sexta-feira, 2 de outubro. Foi lá que sua esposa Raquel Soares trabalhou por quatro meses como auxiliar de enfermagem. Os profissionais de saúde pararam suas atividades por cerca de 10 minutos e se reuniram para prestar uma homenagem à Raquel, que faleceu no dia anterior, aos 43 anos, vítima da Covid-19.

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Adventista desde que nasceu, Raquel frequentava a Igreja do Parque 120, em Francisco Morato, junto com seu esposo José e suas duas filhas gêmeas. "Nossas filhas fizeram 26 anos no dia anterior à morte da mãe", lamenta José, que atua como ancião na igreja.

Uma vida de empatia e testemunho 

José conta que Raquel sempre teve empatia pelos pacientes. "Ela se colocava na situação deles. Como agente de saúde há 10 anos, viu muitas situações, como lares com famílias desestruturadas, fome, falta de saneamento básico, entre outras. Por causa disso, ela entrou numa depressão muito severa. Depois disso, ficou alguns meses desempregada e finalmente conseguiu emprego no Hospital de Campanha de Franco da Rocha, que está em funcionamento devido à pandemia de coronavírus", compartilha. O marido acrescenta que Raquel transpirava muito durante os plantões por causa da roupa e de todo o equipamento de segurança que usava. Segundo ele, esse foi o motivo de ela ter sido acometida pela pneumonia. "A gente não sabe se ela contraiu Covid-19 no hospital ou em outro lugar, mas por causa da pneumonia, o coronavírus fez um estrago no pulmão dela", menciona.

Casados há 26 anos, mais três anos de namoro e noivado, José relembra que conheceu Raquel na igreja. "Eu amei demais essa mulher. Foi minha primeira namorada. Ela sempre falava que fazia enfermagem por amor e se dedicava inteiramente nesta profissão. Sempre tratou a todos com bondade e carinho, trazia palavras de ânimo aos que sofriam. Os colegas de trabalho sabiam que ela era adventista do sétimo dia e através de sua vida, ela testemunhou com amor a maneira de tratar o próximo".

Raquel tinha pneumonia, o que agravou seu estado de saúde quando contraiu Covid-19. Ela não resistiu (Arquivo Pessoal).

Homenagem  

A homenagem póstuma contou com o barulho de sirenes de ambulância, discurso, oração do Pai Nosso e balões brancos cheios de gás hélio que ao final do momento especial foram soltos para voar pelo céu. No discurso sobre Raquel, uma colega de trabalho comentou: "Hoje os nossos corações choram, mas temos a certeza de que você cumpriu sua missão entre nós. Como você sempre dizia, 'enfermagem é com amor'... Além de amiga, ela era uma excelente profissional, estava sempre sorrindo. Em todos os plantões era sempre a mais elogiada... Não só ela, mas todos os nossos colegas que estão na linha de frente merecem essa homenagem. Obrigada por vocês existirem".

Esperança

A morte de Raquel não traz tristeza para José. Segundo ele, tudo aconteceu de acordo com a vontade de Deus, então só há motivos para agradecer. "O que eu mais quero é ver o anjo dela descer, se postar ao lado da sepultura dela e dizer: 'Raquel, levanta porque o Teu Pai te chama'. Eu vou esperar ela ressuscitar e vamos subir de mãos dadas para encontrar o Senhor. Lá no Céu, eu vou agradecer a Deus pela esposa que me deu", diz, emocionado.

A esperança que inunda o coração de José e de sua família é a mesma que todos os adventistas compartilham. Segundo a Bíblia, a morte é apenas um sono para aqueles que temem a Deus (1 Tessalonicenses 4:13). Haverá um reencontro no dia da volta de Jesus entre os que morreram nEle e os fiéis que estarão vivos.

A todos os adventistas do sétimo dia que morreram vítimas da Covid-19 ou qualquer outra doença existe a esperança do reencontro com amigos e familiares. Diariamente os líderes da Associação Paulista Leste oram em favor dos doentes e dos profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao coronavírus.

No fim da homenagem, balões brancos subiram ao céu. O gesto faz lembrar a certeza da subida dos filhos de Deus ao Céu, junto com Jesus, que ocorrerá no grande dia de Sua volta (Arquivo Pessoal).