500 marmitas são distribuídas diariamente na região com mais mortes por Covid-19
A entrega das refeições acontece na região da Brasilândia e vai até o fim de junho.
Quando as ruas das cidades ficaram vazias por conta da quarentena, centenas de famílias temeram pela falta do pão. Essa preocupação foi refletida em um estudo nacional realizado pelo Data Favela e Instituto Locomotiva, no fim de março, em que mais de 90% das mães moradoras de comunidades afirmaram que teriam dificuldades para comprar comida se a quarentena durasse mais de 30 dias. No entanto, o Estado de São Paulo já ultrapassou dois meses nesta situação.
"As comunidades mais carentes da nossa região estão sofrendo muito neste momento, pois muitas pessoas perderam os empregos ou não conseguem continuar a atividade informal. Estão de mãos atadas", completa Jair Miranda, diretor da Ação Solidária Adventista (ASA) para a região leste e norte da capital paulista.
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Como a fome não espera o decreto acabar, um grupo de voluntários da Igreja Adventista do bairro Freguesia do Ó, em parceria com a ASA do leste paulista e o Sesi - SP, têm levado diariamente cerca de 500 marmitas para o bairro da Brasilândia, que concentra o maior número de mortes por Covid-19 na capital.
Voluntários levam marmitas, orientação e amor
E para a refeição chegar nas mãos dessas famílias na hora do almoço, todos os dias o grupo vai até o bairro do Ipiranga - um deslocamento de 40 quilômetros entre ida e volta - para retirar as marmitas, que são montadas pela equipe do Sesi.
Em seguida, o grupo de quase vinte pessoas se dirige até a comunidade Damasceno, região da Brasilândia, para fazer a entrega das refeições.
“Por volta do meio-dia, chegamos na comunidade e as pessoas já começam a fazer fila para receber as marmitas. Para alguns ali, esse alimento vai ser a única refeição do dia. Então, quando é possível, alguns também levam marmitas para a janta”, relata Everaldo Carlos, pastor na região da Freguesia do Ó.
Além das 500 marmitas preparadas pelo Sesi, um outro grupo de fiéis da Brasilândia monta diariamente entre 100 a 200 refeições para distribuir entre os moradores de rua da comunidade. Assim, conseguem alcançar um número maior de necessitados.
Além de garantir a refeição do dia para muitos moradores do bairro, o grupo de voluntários adventistas também leva esperança por meio de músicas, orações e conversas de conscientização à comunidade.
"Nós entregamos as marmitas e também orientamos a comunidade sobre os cuidados com higiene para evitar a contaminação do novo coronavírus. Participar desta ação é cumprir o propósito de todo cristão: auxiliar os que estão em vulnerabilidade”, conta Maria Thereza Rodrigues, líder da Ação Social Solidária do bairro Freguesia do Ó.
Veja como é o trabalho dos voluntários:
Quase 8 mil refeições entregues
A mobilização que tem levado alimento para centenas de famílias que já viviam em vulnerabilidade, mesmo antes da pandemia, já entregou quase 8 mil marmitas. Mas por trás desse número estão as mãos de inúmeras pessoas que estão se dedicando diariamente ao serviço.
"É um trabalho conjunto, que começou com a parceria da Associação Paulista Leste com o Sesi - SP. Depois entra o pastor distrital para mobilizar os ministérios locais para a ação. Lá na ponta, têm os voluntários que estendem as mãos para fazer as entregas e ajudar a suprir essas necessidades", destaca Jair Miranda.