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Jovens universitários falam sobre intolerância religiosa

Jovens universitários falam sobre intolerância religiosa

Conversa foi um dos assuntos abordados no 1º Congresso de Universitários nas regiões Norte e Leste da capital de São Paulo


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Jovens compartilham experiências na faculdade

Por Michelle Martins

Passar no vestibular é uma alegria que pode durar pouco para um sabatista. Isso porque vários jovens enfrentam dificuldades em encontrar alternativas viáveis, por parte das instituições de ensino, para cursar as disciplinas que acontecem no período noturno de sexta-feira. (Os sabatistas acreditam que o dia de guarda é o sábado, que inicia desde o pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado)

Daniel compartilha sua história no 1º Congresso de Universitários

Daniel de Jesus, 26 anos, foi um dos estudantes que optou por trancar o curso após se deparar com o aviso por parte da faculdade. Ele poderia ter os estudos prejudicados caso escolhesse faltar nas aulas de sexta-feira.

O caso se repete com Valber Santos, que cursa Engenharia Civil que apesar de receber alternativas, elas se tornaram inviáveis. “A alternativa que me deram é fazer as disciplinas no curso diurno, mas se tornou inviável já que eu trabalho e por isso me inscrevi no período noturno. A outra solução é assistir, na sexta-feira, em outra unidade a aula do curso a distância, mas a faculdade não se responsabiliza caso o professor da disciplina solte notas e faltas erradas no sistema. A faculdade está se abstendo de ajudar”, comenta o universitário.

Segundo a presidente da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB-SP, Damaris Dias Moura Kuo, jovens adventistas a procuram diariamente com casos de intolerância religiosa. “A liberdade é uma dadiva frágil e uma oportunidade de testemunhar. Mas sem liberdade religiosa não há missão”, comentou em palestra no congresso.

A presidente ofereceu aos estudantes as dicas para combater a intolerância antes de recorrerem aos processos judiciais. Uma das atitudes é ser gentil em todos os diálogos. “Brigar sorrindo é uma fórmula”, afirma.

Outra dica é criar um bom relacionamento e abraçar as pessoas em volta. E por fim, procurar ser o melhor em tudo o que fizer. Para Daniel, o último foi um dos pontos cruciais. Após trancar o curso, se dedicou mais aos estudos e passou em seis cursos com bolsa integral. “Eu sempre me esforcei, não passei em várias faculdades simplesmente orando. A gente tem que estudar e se esforçar”, afirmou.

Congresso Universitário aconteceu no Colégio Adventista de
Vila Matilde [Foto: Michelle Martins]

Congresso

De acordo com o censo realizado pela Sede Administrativa da Igreja Adventista - Associação Paulista Leste - 30 faculdades nas regiões Norte e Leste da Grande São Paulo possuem mais de um adventista como estudante.

O levantamento foi divulgado no último sábado, 21, no Congresso de Universitário realizado com o objetivo de oferecer apoio aos universitários e retornar com as atividades do ministério. “O nosso maior desafio é que eles entendam que o ministério não será relevante se eles não tomarem a decisão de serem relevante onde estão”, conta o diretor do Ministério dos Universitários nas regiões Norte e Leste da cidade, pr. Fabrício Leão.

Durante a programação o diretor do Ministério dos Universitários no Estado de São Paulo, Ronaldo Arco, afirmou que, segundo a psicologia, quando um jovem não está conectado espiritualmente ao receber a reprovação, cria-se o ressentimento que parte para os pensamentos de retaliação (vingança).

Porém Arco também comentou que esse estado emocional pode ser combatido. “Quando ele tem consciência que todos são rejeitados, desde uma criança, até o próprio Jesus Cristo, ele assume um compromisso com Deus e vai enfrentar a rejeição”

O evento também incentivou os participantes a terem uma vida transparente, sem preconceitos e com amor ao próximo. “Deus chamou eles com um propósito bem claro, ser uma testemunha relevante de Cristo, com uma vida autêntica, equilibrada e sem negociar seus princípios”, relata Fabrício.

Para isso, os estudantes vão poder contar uns com os outros ao aceitarem o desafio de montar uma base de G148 nas universidades. “A intenção é ter um grupo de relacionamento, que eles possam trocar suas experiências e acima de tudo, que eles possam ajudar e animar uns aos outros a permanecerem firmes com Deus “, ainda ressalta Fabrício.

Além disso, oito centros de influência abrirão suas portas para que os universitários possam ser voluntários e praticarem seus conhecimentos. Em outubro deste ano, ocorrerá um final de semana universitário, com programação nas igrejas no sábado e na comunidade no domingo.

Para Daniel, juntar a confiança em Deus com o esforço pessoal gerou resultados positivos. “Deus não só meu deu a oportunidade de cursar no matutino, como deu a oportunidade de conciliar o meu trabalho. Agora falta mais um semestre para eu terminar o meu curso de veterinária”

Mesmo terminando o curso, o jovem continuou fazendo o Enem para contar sua história aos sabatistas que ficavam confinados na sala a espera do pôr-do-sol para iniciar a prova. Em 2017, o Ministério da Educação, após uma pesquisa de opinião pública, alterou os dias que a prova era aplicada, que passou de sábado e domingo para dois domingos consecutivos.