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“Sem amizade não existe cristianismo”, afirma homem que transformou comunidade

Com seu carisma, Cledevaldo implantou projeto Evangelize Brincando para falar de Cristo para seus vizinhos.


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Cledevaldo (direita) tornou-se o 'pai da fé' de Raysllan após se conhecerem durante as atividades do projeto Evangelize Brincando (Foto: Arquivo Pessoal)

Um campo de areia e cascalho próximo à igreja, bola, jogos de tabuleiro, uma caixa de som tocando músicas do quarteto Arautos do Rei dos anos 70, disposição e o desejo de falar do amor de Jesus. Foi desta forma que, em 2013, Cledevaldo Paixão despertou o interesse de moradores do bairro doutor Fábio Leite I, em Cuiabá, no Mato Grosso.

Ele morava no local há muito tempo e um contraste incomodava seu coração: apesar de ser um lugar cheio de jovens, poucos tinham ouvido falar sobre o amor de Deus. Para mudar essa realidade, ele decidiu usar os únicos recursos que tinha: amizade e disposição.

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A comunidade simples contava com poucas opções de lazer e rapidamente se envolveu com a proposta. Os pais passaram a acompanhar os filhos e em pouco tempo um grupo significativo de pessoas começou a se reunir aos domingos à tarde. Nascia, assim, o projeto Evangelize Brincando.

“Antes de começar e quando terminávamos de jogar futebol, vôlei ou de fazer qualquer outra atividade, convidava todos para orar. Neste momento, as regras eram ditadas de forma muito clara: sem palavrão, deboche ou brigas. As atividades acabavam por volta das 17h e eu emendava um convite para que voltassem e participassem do culto de domingo à noite, já que a igreja ficava ao lado de onde nos reuníamos”, detalha Cledevaldo.

Foram anos de encontros, diversão, amizades e discípulos feitos. A partir do projeto, surgiu um Pequeno Grupo. Pelo menos sete pessoas estudaram a Bíblia e foram batizadas na Igreja Adventista graças à iniciativa.

“Sempre acreditei que sem amizade não existe cristianismo. E que para fazermos amigos precisamos respeitar o estilo de vida das pessoas, mesmo quando não concordamos com as escolhas que fazem", esclarece o idealizador do projeto. "Quando alguém levava cerveja ou cigarro, por exemplo, com muito carinho eu reforçava que os nossos encontros eram diferentes, o espaço [era] cristão e sugeríamos que não trouxessem. A pessoa voltava no próximo domingo e não trazia mais.”

Pai da fé

Raysllan Costa morava em um bairro próximo, soube dos momentos de recreação e decidiu participar. “Lembro que foi em 2015. Eu tinha 15 anos e, definitivamente, não queria saber de igreja”, revela.

Ele conta que era muito tímido, de pouca conversa e que, naquela época, começava a ter os primeiros contatos com bebidas alcoólicas. “Mas me senti acolhido por aquelas pessoas, que me mostravam o quão feliz é quem serve a Deus. Ficava impressionado com o fato de não ter competição ou das pessoas não brigarem durante os jogos de futebol”, aponta.

O batismo de Raysllan foi realizado próximo ao dia do seu aniversário. A dupla comemoração foi celebrada pela igreja (Foto: Arquivo pessoal)

Foi em Cledevaldo que Raysllan passou a se inspirar. “Ele é muito simpático e carismático. Aos poucos, foi lidando com a minha timidez e logo me vi indo pedir seus conselhos. Quando me sentia perdido, ele falava: ‘não desiste de Deus. Ore, leia a Bíblia e sempre que precisar de alguém para conversar, pode me procurar'”, compartilha o jovem.

Raysllan começou a estudar a Bíblia e cerca de um ano depois foi batizado. “Escolhi o dia 10 de janeiro de 2016 por ser próximo ao dia do meu aniversário, em 12 de janeiro”, explica. “Fizemos uma decoração e preparamos um bolo para ele. Foi muito emocionante”, relembra Cledevaldo.

Logo após o batismo, a mãe de rapaz pegou nas mãos de seu "pai na fé", olhou em seus olhos e com muita firmeza reforçou a importância do que havia acabado de acontecer: “Você é responsável pelo meu filho a partir de hoje!”, declarou a mãe.

Mesmo após tantos anos, eles continuam presentes um na vida do outro. “Ele me acompanhou em períodos complicados e me deu apoio até quando fui pregar pela primeira vez. O Cledevaldo é muito importante para mim! É meu pai da fé! Com ele aprendi que amizade é mais que um método de evangelismo, é um dom”, reflete Raysllan.