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Voluntária em aldeia é homenageada com nome indígena

Ana Beatriz e outros 90 missionários serviram em aldeias Xerente no Tocantins. A experiência é uma iniciativa da Agência de Missões das escolas adventistas no Distrito Federal.


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População Xerente recebeu alunos da educação adventista durante o período de férias. (Foto: André Azevedo)

Foi no início do ano que o Colégio Adventista da Asa Sul, local onde Ana Beatriz Costa, 16, estuda, deu início a uma agência de missões. A ideia era que os alunos que tivessem interesse em participar executassem ações sociais durante todo o ano e, nas férias, dedicassem alguns dias para ir a um local específico e trabalhar com quem necessita. Beatriz logo se animou. “Eu sempre quis fazer missão! Sempre tive vontade de conhecer outra cultura, sair da minha zona de conforto. Senti que essa era uma oportunidade única”, contou. Ela e mais 16 colegas da escola passaram oito dias de suas férias em uma aldeia Xerente, na cidade de Tocantínia – TO.

Neste ano, a Agência de Missões foi implantada em mais 10 escolas da região Centro-Oeste do país. Dezenas de alunos da rede de Educação Adventista se deslocaram de suas casas para atender aldeias indígenas, comunidades carentes, orfanatos, presídios e outros projetos sociais. “A Educação Adventista no Centro-Oeste tem o objetivo de levantar uma geração missionária. Nosso sonho é que cada colégio tenha uma agência que possa organizar e motivar os alunos a fazerem missões urbanas, interculturais e atender às necessidades da comunidade”, explica o professor Almir Pires, líder de Educação para todas as escolas da região.

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A tribo Akwê Xerente é composta por cerca de 4 mil índios. Eles se dividem em 80 aldeias que ficam localizadas à beira do Rio Tocantins, nas proximidades da cidade de Tocantínia -TO, a 70km da capital, Palmas. Três das maiores aldeias Xerente foram atendidas durante essas férias por cerca de 90 voluntários, entre alunos e professores, das escolas adventistas do Distrito Federal. “Nós entregamos cestas básicas, roupas, brinquedos e calçados, reformamos uma escola com pintura, forro, iluminação das salas, reformas nos banheiros e pisos”, conta o professor Márcio Rocha, líder das escolas no DF.

Cultura e tradição

Crianças passam o dia brincando no rio, correndo pela aldeia e em meio à natureza. (Foto: André Azevedo)

Apesar de algumas aldeias já terem se adaptado a uma rotina bem parecida à de cidades grandes, ainda existem diversas famílias indígenas que vivem da própria plantação e da produção e venda de artesanatos. As crianças que não vão à escola possuem total liberdade dentro da aldeia e passam o dia correndo, brincando e tomando banho no rio. “A visita de missionários voluntários é bem aceita pelos indígenas. Sabemos que existem diferenças culturais e nem sempre é fácil de lidar. Nós vivemos entre duas culturas, mas algumas tradições nunca deixamos de lado”, explica Valcir Sinã, cacique da aldeia Salto Kripre Xerente.

Entre as tradições que não se perderam com o tempo, está o ritual de nomeação. Foi esse que deu um novo sentido à missão de Beatriz. Menos de oito dias foram suficientes para que a garota se apegasse ao povo Akwê. Os índios Xerente, da aldeia Porteira, também retribuíram o carisma da adolescente que se dedicou a fazer visitas às famílias durante o dia e cuidar das crianças à noite. “Por conta dessas visitas fiquei bem próxima à família do ancião de um clã da aldeia, e fui ‘adotada’ por eles”, conta.

Ao final da semana, Beatriz foi escolhida para participar do ritual de nomeação, sendo batizada com um nome indígena, escolhido pela família que a ‘adotou’. “Eu ganhei o nome de Waiquadi, que quer dizer peixe. Eles fizeram em mim a pintura do desenho do clã que iriam me dar, convocaram todos da comunidade e fizeram um ritual com músicas e danças. Nós ganhamos presentes que eles mesmos produziram e terminou com uma dança feita por todos”, relembra Beatriz. “Gostei muito da experiência de ter conhecido uma nova cultura e ter ganhado uma nova família. Encontrei meu ministério para servir a Deus”, reflete.

Ana Beatriz Costa, 16 e sua madrinha de "adoção", que também se chama Waiquadi. (Foto: André Azevedo)

Segundo o cacique Sinã, há ainda outras tradições mantidas, como o ritual de boas-vindas a outras comunidades, o ritual pós funeral, que é feito sete dias após a morte de alguém da aldeia, a festa cultural Dasipê, a corrida de tora de buriti e muitas outras.

Além de conhecer uma cultura completamente diferente da sua, os alunos voluntários também tiveram a oportunidade de falar sobre Deus aos indígenas por meio das visitas e dos cultos, que eram realizados às noites no local. “As mensagens dos pastores somaram e acrescentaram conhecimento para a nossa comunidade. A tribo gosta de receber missionários, principalmente para ouvir sobre Deus”, complementou o cacique Tiago Wakukepre, da Aldeia Porteira Xerente.

Acompanhe mais fotos da Missão Xerente: