Projeto de combate a violência psicológica é divulgado na Câmara Municipal de Maringá
Painel de discussão contou com representantes de órgãos relevantes do município. Alunos participaram com encenação e músicas.
Na segunda-feira (22), a Escola Adventista de Maringá Zona 7 promoveu um painel de discussão sobre o tema da violência psicológica, assunto do projeto Quebrando o Silêncio em 2022. A realização ocorreu na Câmara Municipal de Maringá e contou com o envolvimento de alunos e suas famílias.
Entre os convidados do painel, estiveram as psicólogas Raquel de Souza, Célia Regina Cortellete, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crimes (Nucria); a secretária do setor de Políticas Públicas para Mulheres de Maringá, Terezinha Pereira; a vereadora Cris Lauer e o pastor Éber Cordeiro, que atua junto ao Ministério da Prisão do município.
Os estudantes presentes ainda participaram da ocasião apresentando uma encenação sobre o tema e algumas canções, com participação da banda de voluntários da Igreja Adventista do Jardim Iguaçu.
Violência que fere por dentro
Diferente da violência física, a violência psicológica acontece quando se utilizam palavras e comportamentos que afetam o emocional da vítima, não prejudicando apenas a sua autoestima, mas também o seu direito de fazer as suas próprias escolhas. Isto pode acontecer através de humilhações, críticas constantes, ameaças de agressão, privação da liberdade e impedimento de trabalhar ou estudar.
A discussão começou com uma exposição sobre o assunto feita pela psicóloga Célia Regina, que reforçou, entre muitos aspectos, sinais que podem ser observados dentro da própria família ou pessoas de convívio, especialmente crianças e adolescentes.
“A família precisa ficar muito atenta a mudança de comportamentos extremos. Se você tem uma criança, que é calada, calma, mas começa a ter comportamentos agressivos ou, ainda, se você tem uma criança que se alimenta adequadamente e, de repente, começa a comer em exageros ou deixa de comer, por exemplo, ela deve ser observada e, de preferência, que a gente possa conversar sobre o que está acontecendo para ocorrer essa mudança”, ressalta.
Para a vereadora Cris Lauer, além do projeto colaborar com o poder municipal, a iniciativa do Quebrando o Silêncio tem aspectos relevantes a serem desenvolvidos na vida das vítimas. “É uma excelente iniciativa que vem para somar, pois o poder público muitas vezes não consegue solucionar todos os casos. Hoje aprendemos muito em relação a como podemos ajudar ou até se formos vítimas, como podemos denunciar sem medo. Este é o papel fundamental deste projeto, pois entra com uma força espiritual, com acompanhamento e encorajamento. Graças a Deus, desde 2021, a violência psicológica é considerada crime, pois mesmo não deixando marcas, há a violência que corta a alma”, pontua.
Ecos da pandemia
No período da pandemia, dados dos mais diversos órgãos dão conta de que casos de violência doméstica e psicológica aumentaram. Em 2020, pelo menos 5 mil denúncias, essas apenas contra mulheres, foram registradas no Paraná pelo disque 100, conforme informações do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos do Governo Federal. Essa mesma violência presenciada dentro de casa por crianças e adolescentes tem refletido agora, no rendimento e comportamento na escola, o que torna ainda mais relevante a discussão sobre o tema nos mais diversos ambientes.
“Eu sei que a vida está muito corrida para todo mundo e a gente as vezes não tem tanto tempo pra isso, mas tudo isto são sinais de alerta, pedidos de socorro através de comportamento psicossomáticos das quais precisamos ficar atentos”, reforça a psicóloga Célia.
Cristiane De Ponte é mãe de dois anos alunos – um do quinto e outra do sétimo ano do ensino fundamental – da escola adventista. Ela presenciou o painel de discussões e acredita que, mesmo não havendo este tipo de problema em casa, é preciso conscientizar mais pessoas sobre o tema. “Como as vezes, é um assunto que nem todos nós passamos, de perto, isso traz ainda mais importância. Acende um sinal vermelho sobre ter que conversar mais sobre isso, inclusive com os filhos, até para que eles não pratiquem isso com outros amigos e colegas, então é relevante porque isso abre um leque de assunto que precisa ser mais tratado”, explica.
O painel organizado e promovido pela unidade escolar faz parte de uma série de etapas que começaram em sala de aula, conforme explica a diretora da escola, Cléia Pimenta, no ano em que o projeto completa 20 anos de existência. “Na escola, começou com os professores discutindo e abordando o tema com os alunos, que participaram de encenações no ambiente escolar, o que fez com que entendessem qual é o seu papel na sociedade, que é o de respeitar o seu próximo, de amar quem está ao lado, e levantar essa bandeira do Quebrando o Silêncio. Hoje foi uma noite em que os pais que estiveram aqui presentes puderam entender o significado de toda essa bandeira que a escola já trabalha junto a igreja em defender aqueles que precisam do nosso acolhimento, palavra e amparo”, conclui.