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MEC aprova licenciatura em Teologia no IAP

Seminário teológico da Igreja Adventista no Paraná é o primeiro no País a conquistar autorização.


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O bacharelado, aliado à licenciatura, amplia as oportunidades profissionais e expande a prática pastoral para fora do ambiente eclesiástico (Foto: Divulgação)

Os alunos do curso de Teologia do Instituto Adventista Paranaense (IAP) estão em clima de celebração. Isso porque o Ministério da Educação (MEC) aprovou no dia 3 de dezembro a liminar que habilita, a partir de 2020, os futuros bacharéis a também graduar-se com licenciatura em Teologia, podendo lecionar a disciplina de ensino religioso em escolas públicas e privadas. O Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (Salt) da instituição é o pioneiro a obter essa conquista.

Tanto o reconhecimento do curso de bacharelado quanto a aprovação da licenciatura permitem aos estudantes ter um diploma legitimado pelo governo, o que amplia as oportunidades profissionais e expande a prática pastoral para fora do ambiente eclesiástico.

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O Salt-IAP iniciou suas atividades acadêmicas em 2014 como a 4ª sede do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia no Brasil. No final de 2017, a instituição comemorava três conquistas: a formatura da primeira turma de teólogos; a certificação do MEC, que passou a reconhecer o caráter universitário do curso, e a nota máxima no bacharelado.

Esta é uma distinção rara, avalia a instituição, ao considerar que a maioria dos pastores formados em cursos de Teologia no País ligados a outras denominações não possui reconhecimento do Conselho Federal de Educação, tão pouco uma licenciatura.

Para o pastor João Luiz Marcon, atual diretor do Salt-IAP, o compromisso de encontrar métodos que possibilitem o cumprimento da missão sem descaracterizar a Igreja Adventista e sua mensagem é uma das principais incumbências da instituição.

Alunos acompanham uma das classes do curso (Foto: Divulgação)

Em entrevista, Marcon explica quais são os desafios e conquistas que permeiam a nova etapa do curso de Teologia.

Raramente alguém procurava cursos teológicos com outro objetivo que não fosse atender uma vocação pastoral. A aprovação da licenciatura em Teologia vai interferir no perfil dos futuros alunos?

Nós estamos pensando em atender uma necessidade, que é a vocação ministerial para a educação, para a área educacional da Igreja Adventista. Contudo, o curso possibilita também exercer um trabalho na área pública como professor de religião, oferecendo ainda, para aqueles que desejam seguir na área acadêmica, a oportunidade de ampliar os horizontes de estudo e formação em Filosofia, Sociologia e assim por diante.

Isso não quer dizer que não seja um ministério. O futuro teólogo pode exercer o ministério de ensino religioso, mostrando para as pessoas a beleza da pessoa de Deus e toda mensagem que a Sua Palavra apresenta.

Quais são os benefícios da avaliação feita pelo MEC?

Para alcançar a excelência na Educação Adventista nós precisamos seguir as orientações da Bíblia e do Espírito de Profecia. Creio que a Educação Adventista sempre demonstrou ter um nível, um padrão bem elevado na sociedade em que está inserida. Principalmente por esse viés da nossa visão filosófica do que é a educação e de como ela se relaciona tanto nessa vida quanto na vida por vir.

Contudo, quando o governo faz esse acompanhamento, ele nos ajuda a também fazermos uma avaliação sobre onde precisamos melhorar e onde precisamos crescer. É bom que isso ocorra, porque às vezes, a visão interna limita esse conhecimento, então você pode pensar que está sendo bem-sucedido no processo, até que vem alguém de fora e olha sobre outro ponto de vista e diz: “Você precisa corrigir isso e aquilo outro, que vai ser melhor para a proposta que vocês têm."

Qual o impacto desse reconhecimento? 

Ele é muito positivo. Primeiro porque isso permite que os alunos, tanto de bacharelado quanto de licenciatura, continuem seus estudos. Me refiro a estudos formais, pois seguir com uma especialização tem sido um grande desafio.

Muitas vezes o aluno sai da faculdade com o desejo de continuar se aprimorando, mas sem um curso reconhecido, o estudante encontra dificuldades para entrar em determinadas faculdades e universidades que oferecem cursos de pós-graduação. Isso limita bastante o próprio preparo deles, seja para a área ministerial, seja para área educacional.

Então com isso, agora, com o próprio bacharelado, que já é um reconhecimento, somado à licenciatura, abre-se essa possibilidade. O aluno poderá avançar com seus estudos, se preparando melhor, adquirindo treinamentos e performance que vão ajudá-lo, seja na licenciatura ou mesmo no ministério pastoral.

Qual a sensação em ser pioneiro nessa conquista do curso de Teologia?

Por um lado, ficamos muito contentes e gratos a Deus. Foi grande a euforia, porque nós alcançamos um sonho que é ver mais pastores ou professores de religião trabalhando em instituições com a formação reconhecida.

Não tenho palavras para agradecer a Deus e às pessoas envolvidas, como os nossos gestores, o pastor Gilberto (diretor geral do IAP), a professora Marta (coordenadora da Faculdade Adventista Paranaense), pastor Fabiano (coordenador do Salt-IAP) e toda a equipe, tanto do Salt como da FAP, pelo trabalho desafiador, devido ao tempo limitado que tínhamos.

Ao mesmo tempo que isso era desafiador, haviam detalhes, e foram esses detalhes que fizeram a diferença. Foi um trabalho de verdadeira união e espirito cristão. Isso faz com que a bênção de Deus prevaleça e alcancemos a vitória.

Por outro lado, podemos ver a questão da nossa responsabilidade. Esse é o primeiro curso, tanto do meio adventista, como de fora, e isso gera uma expectativa de como será. Certamente o governo estará acompanhando de perto porque seremos referenciais para outras instituições abrirem, inclusive instituições não adventistas. Não com o propósito de limitarmos nosso trabalho, até por não ser essa a finalidade do governo, mas principalmente para que se der certo, outros venham a seguir o nosso modelo.

É uma oportunidade de mostrarmos mais uma vez a importância da Educação Adventista no contexto em que vivemos. Isso vai ser bom porque as pessoas de outras denominações terão a oportunidade de se aprofundar mais, não só no estudo da Bíblia, da compreensão do fenômeno religioso, mas também de ver mais a pessoa de Deus revelada em Jesus Cristo.