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Educação Adventista cria grupo de estudo da Base Nacional Comum Curricular

Início de debates e discussões técnicas começou na semana passada e deve continuar até a implementação nas escolas e colégios adventistas de todo o Brasil


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Por Felipe Lemos

Rede Adventista já estuda o tema com atenção para qualificar ensino. (Foto: Shutterstock)

Mudanças significativas para a educação brasileira devem ocorrer, de forma prática, nos próximos dois anos. Pelo menos no que diz respeito a medidas para melhorar a aprendizagem escolar na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A nova Base Nacional Comum Curricular, mais conhecida pela sigla BNCC, está na agenda de leitura e discussão de educadores de instituições públicas e privadas do País.

A BNCC é um documento de caráter normativo, ou seja, tem força de lei e vale para todo o território nacional. Na  semana passada, administradores e coordenadores pedagógicos regionais da Rede Educacional Adventista formalizaram o início de um grupo de estudos da Base para atingir todos os coordenadores e professores de cada escola e colégio adventista, o que vai impactar 207 mil estudantes da Rede no Brasil.

Em seu documento principal, a BNCC diz que vem para que “ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas do governo e seja balizadora da qualidade da educação”. Sua atuação é fundamentada em dez competências gerais que deverão nortear todo o ensino brasileiro para os próximos anos.

Em entrevista à Revista Educação Adventista, ano passado, o presidente da Comissão de Elaboração da BNCC, Cezar Calegari, sintetizou a justificativa para a Base ao afirmar que ela “é definidora de direitos de aprendizagem, o direito que toda criança e jovem brasileiro têm, de ter um presente e um futuro digno numa sociedade democrática, desenvolvida e socialmente justa”.

Educação Infantil

No caso da Educação Infantil, de zero a cinco anos e 11 meses, há uma alteração grande na forma de enxergar o ensino para essa faixa etária com a proposta da BNCC. Carolina Velho, coordenadora geral de Educação Infantil do MEC, explica que a Base vai privilegiar uma ideia de educação integral nesse período da vida das crianças sem um viés chamado “conteudista” ou excessivamente preocupado com a rápida escolarização. A Base Nacional Comum Curricular traz a ideia de campos de experiência que levam a direitos de aprendizagem e que privilegiam vivência real, resolução de conflitos, em uma conexão mais clara com o cotidiano dos estudantes. “Haverá uma necessidade de mudança política-pedagógica e, obviamente, a BNCC já traz nessa etapa, também, o respeito às diferenças, noções de cidadania, com uma proposta educacional bem mais abrangente”, ressalta.

O que muda no Ensino Médio?

O esforço teórico está bem delineado no documento da BNCC, mas o que realmente importa para educadores é como isso será aplicado. Wisley Pereira, coordenador geral de Ensino Médio do Ministério da Educação (MEC), comenta que, no caso do Ensino Médio, haverá mudança na organização curricular, com uma maior flexibilização. Sai a ideia de currículo baseado em conteúdos e entra o conceito de habilidades e competências.

A Base define 60% do conteúdo e das abordagens de caráter obrigatório, enquanto os outros 40% podem ser ajustados pela escola. Na prática, vai ser possível aos alunos em preparo para o Ensino Superior terem um aprendizado menos restrito a áreas em que não há interesse em aprofundamento. Isso, no entanto, só será visto de forma concreta quando as escolas tiverem seus referenciais curriculares escritos, tomando como referência a BNCC. Deve aumentar, também, a carga horária de 2.400 horas/ano para 3 mil horas/ano. “Os currículos hoje estão muito distantes da realidade  e esperamos com a nova Base estimular mais a criatividade, a inovação e melhorar os índices dramáticos do Ensino Médio no Brasil”, analisa Pereira. As mudanças da BNCC para o Ensino Médio, no entanto, ainda precisam passar por avaliações que ocorrerão nas audiências públicas, antes da homologação.

E a Rede de Educação Adventista?

A Educação Adventista vem estudando os temas propostos pela BNCC desde sua primeira versão, e nesse ano após a homologação do documento da educação infantil e ensino fundamental, avança juntamente com as equipes pedagógicas de todas as regiões administrativas do Brasil para aprofundar o debate com a comunidade escolar. A pesquisadora educacional Gláucia Clara Korkischko, avalia que a Rede Adventista possui um alinhamento de foco com a proposta de Educação Integral da BNCC, que promove um aprendizado mais colaborativo, analítico, criativo, participativo, resiliente, produtivo e responsável. A ideia é  auxiliar na formação de um ser humano com o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, emocionais, sociais e espirituais, como defende a própria filosofia adventista. A educadora pondera que certamente há desafios para implementação, “mas um guia será elaborado para a capacitação de professores e ajustes nos materiais didáticos. Várias dessas ações já estão sendo executadas e outras ainda serão dentro do planejamento dos próximos meses. A Rede no Brasil terá suas reuniões de discussão e estudo em nível regional e, até o final de 2019, a expectativa é que as escolas e colégios já estejam com um novo referencial curricular.

Veja um pouco a mais da discussão sobre o tema: