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Educação a Distância cresce mais que a presencial nos últimos dois anos

No Dia Nacional da EaD confira porque esta modalidade de ensino tem sido a escolhida de milhões de brasileiros e porque tem crescido tanto.


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Os avanços tecnológicos dos últimos anos trouxeram diversas oportunidades para quem deseja ingressar num curso superior por meio da Educação a Distância (EaD). Esta modalidade de ensino, como o próprio nome já menciona, possibilita o aprendizado por meio de uma interação virtual entre o aluno e um tutor online que, apesar de estarem separados por tempo e espaço, conseguem se relacionar entre si através do ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a EaD cresceu 27,3% entre os anos de 2016 e 2017, enquanto isso nos cursos presenciais houve um acréscimo de apenas 0,5%. Há 10 anos, o total de matrículas desse novo modelo de ensino representava apenas 7% do total geral, o equivalente a pouco mais de 360 mil alunos. Em 2017, aproximadamente 1,8 milhão de brasileiros entraram no Ensino a Distância, totalizando 21,2% das matrículas gerais da graduação, segundo dados do Censo do Ensino Superior divulgados pelo Inep.

Na visão do gerente acadêmico do UNASP Virtual, professor Everson Muckenberger, um dos motivos para o crescimento de cursos superiores online está na flexibilidade oferecida aos indivíduos que não podem comparecer todos os dias a uma Instituição de Ensino Superior (IES).

“Há no Brasil uma quantidade enorme de pessoas que concluíram o Ensino Médio e tiveram que parar os estudos para trabalhar. O EaD oferece a essas pessoas a flexibilidade de fazer um curso superior onde elas estiverem e no horário que é mais conveniente para elas”, explica Muckenberger.

Outro fator interessante ao se analisar a expansão da Educação a Distância no Brasil, segundo o gerente acadêmico, é a acessibilidade do preço que esse sistema concede em relação a presencial. “A recente crise levou diversos alunos de cursos presenciais a perderem a fonte de recursos para pagarem as mensalidades. Em média, os valores ofertados pela EaD, ficam entre 20 e 40% mais baratos que em cursos presenciais”, avalia o professor.

Flexibilidade para os horários de estudo

De acordo com um estudo desenvolvido pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), representante de grande parte do ensino particular do país, divulgado em maio, 56% dos interrogados ainda optam pelo Ensino Presencial. No entanto, 44% dos entrevistados preferem a EaD.

Dentro desse universo, a Letícia Azevedo, 19, ao terminar o Ensino Médio optou por fazer o curso de bacharelado em Administração na modalidade a distância. “O curso a distância tem maior facilidade de acesso, já que trabalho e o valor é bem mais acessível do que o presencial”, afirma a universitária que mora em Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

“A maioria dos indivíduos hoje trabalham em torno de 8 a 12 horas por dia. A EaD permite, a essas pessoas, otimizarem o seu tempo, sem que ocorram conflitos com os horários de trabalho”, explica o coordenador de Educação a Distância na Escola Adventista de Gopoúva, em Guarulhos, professor Marcos Falchetti.

Segundo a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) 56% dos interrogados duma pesquisa ainda optam pelo ensino presencial, no entanto, 44% dos entrevistados preferem a EAD.

Com o desejo de fazer uma faculdade de Pedagogia e conciliar os estudos às atividades domésticas e criação dos filhos, a monitora escolar  Elayne Gomes, 36, também escolheu a EaD como modalidade de ensino. “Sou mãe, esposa e trabalho fora. Precisava de um horário flexível para estudar. Não queria deixar meus filhos, pois eles estudam no período do dia em que vou para o trabalho”, revela a aluna que estuda no polo do Instituto Adventista Grão Pará, localizado em Belém, no Pará.

Para Falchetti, o Ensino Superior Online proporcionou um processo de massificação da educação. Quando os entrevistados do estudo da AMBES são questionados sobre fazer um curso a distância, mas com 30% da carga horária presencial, 93% deles responderam que escolheriam a EaD. Os outros 7% restantes consideram que a modalidade de ensino ainda não é bem avaliada pelo mercado. Para o professor Muckenberger, as IES precisam prezar pela qualidade da educação para atrair o público mais jovem. “A medida que os cursos EaD tiverem mais acesso e mais recursos, vão oferecer a qualidade necessária às novas gerações”, afirma o professor.

Do ponto de vista da universitária carioca Letícia Azevedo, o modo como as aulas acontecem no ambiente virtual colaboram com a assimilação do conteúdo. “Consigo aprender bastante no curso. A cada final de módulo de disciplinas, temos provas no polo presencial da faculdade. Os coordenadores dos cursos são excelentes e sempre tiram minhas dúvidas”.

No entanto, para a monitora escolar Elayne, os primeiros meses de curso tiveram suas dificuldades, mas, a aluna, conseguiu encontrar uma forma de se organizar. “Sou metódica, por isso, estudo cada matéria em um dia da semana para ter um bom resultado no curso”, revela a cearense, moradora de Benevides, no Pará.

Na avaliação do coordenador de polo em Guarulhos, Falchetti, na modalidade EaD, o aluno é o principal responsável por seu sucesso. “O aluno de EaD depende de muita disciplina pessoal para entender a linha de raciocínio dos professores. Se ele não tiver essa sensibilidade terá dificuldade nos estudos. Ele precisa buscar informações, ter interesse”, justifica o coordenador.

https://youtu.be/EyjAnL3X8eM

 

EaD como opção de escolha para os mais experientes

No estudo da AMBES, um dos quesitos importantes de avaliação diz respeito à faixa etária dos universitários quanto à modalidade de ensino. Segundo a pesquisa, escolhem exclusivamente a Educação Presencial os mais jovens: 53% têm até 30 anos; entre os que preferem a EaD, 67% possuem mais de 30 anos. A auxiliar de serviços gerais, Valdenir do Vale, se enquadra nessa estimativa.

Segundo a pesquisa da ABMES 53% têm até 30 anos; entre os que preferem a EaD, 67% possuem mais de 30 anos.

Quando casou, aos 17, ela só tinha estudado até a 4ª série do Ensino Fundamental. Anos mais tarde, viria retomar os estudos e concluir o Ensino Médio em 2009. “Na minha cidade, quando eu era criança, não tinham muitas oportunidades para estudar. Os pais que tinham condições financeiras melhores levavam os filhos para terminar os estudos em outras cidades”, conta a nordestina de 50 anos que mora em Campinas, interior de São Paulo.

Em 2016, ao ingressar como funcionária da Escola Adventista de Campinas, Valdenir conseguiu se matricular no curso de Pedagogia ofertado pelo Unasp, campus Virtual. “Sempre quis fazer Pedagogia porque amo as crianças e gostaria de ensiná-las”, admite. “Eu trabalho. Tenho pouco tempo para fazer uma faculdade presencial, e com o curso a distância eu faço o meu tempo de estudo”, explica a estudante.

Na perspectiva do Coordenador de Educação a Distância da Escola de Gopoúva, essa geração, geralmente, tende a optar pela praticidade oferecida pelos cursos online. “Nessa idade os indivíduos se inclinam por desacelerar o ritmo de vida. Ficar cinco horas por noite, durante cinco dias, numa faculdade é cansativo”, explica Falchetti.

Por outro lado, para o especialista, o EaD favorece para os indivíduos desse grupo, que já possuem uma graduação, a oportunidade de se especializar em outra área de atuação por um custo menor e versatilidade de tempo. “Quem não conseguia ter entrada num curso superior, consegue fazer o primeiro curso. Quem já tem um curso superior, consegue exercer uma segunda graduação ou especialização”, comenta o educador, que possui quatro graduações, sendo a última concebida através da EaD.

Apesar de não ter muitas habilidades para o uso de aparelhos tecnológicos, como o computador, Valdenir fez diversas pesquisas para garantir que o ensino online seria aceito no mercado de trabalho. “As matérias que a gente estuda no presencial e no ensino a distância são as mesmas. O que muda é que em vez de estar na sala de aula, nós estudamos através do computador”, explica a auxiliar de serviços gerais.

 

Dia Nacional da Educação a Distância

Em janeiro, deste ano, o presidente da República Michel Temer sancionou a Lei 13.620 instituindo o dia 27 de novembro como o Dia Nacional da Educação a Distância, como reconhecimento da importância dessa modalidade de ensino para a educação do país, de acordo com o portal do Ministério da Educação (MEC).

Segundo Falchetti, toda data comemorativa estabelecida pela presidência é um marco na história do país. “O fato de ser criado um Dia Nacional da Educação a distância, mostra a relevância que essa atividade tem para o governo”, justifica o educador que vê a medida de forma positiva.

Hoje, dia 27 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Educação a Distância. A data foi instituída pela ABED e é comemorado desde 2003.

Além da Lei 13.260, em junho de 2017, o MEC publicou uma portaria para ampliar a oferta de cursos na modalidade EaD e facilitar a fiscalização do Ministério na área. Com a medida, as IES podem ser credenciadas para ofertar Ensino Superior Online sem a exigência de credenciamento para cursos presenciais. Outra novidade da portaria foi a criação de polos de Educação a Distância pelas próprias instituições que já estão habilitadas para o modelo de ensino.