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Terrorismo se diluiu, perdeu fronteiras e tem causas profundas

É o que dizem três analistas ouvidos pela ASN (Agência Adventista Sul-Americana de Notícias) sobre o crescimento do terrorismo no mundo


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Foto: Shutterstock

Brasília, DF ... [ASN] Episódios de violência atribuídos a grupos ou organizações terroristas não são novidade no mundo. Especialmente na Ásia, Oriente Médio, América Latina e África, a atuação de grupos terroristas acontece por diferentes motivações. O fato é que, principalmente após os atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque - EUA, atos dessa natureza passaram a ser vistos com frequência, também, na América do Norte e Europa. Somente nesse ano, ocorreram pelo menos 15 ataques considerados terroristas de maior porte em países como Inglaterra, Alemanha, Filipinas, Afeganistão, Irã, Canadá, Suécia, França, Egito, Turquia e Rússia. O mais recente que se tornou notícia de destaque no mundo foi em Paris, com pelo menos três atentados simultâneos, sem contar a explosão de uma bomba em um estádio durante um lotado show de música com centenas de adolescentes e crianças, na cidade de Manchester, na Inglaterra.

A noção de terrorismo, historicamente, apareceu pela primeira vez no escrito Letters on a Regicide Peace (Cartas sobre uma paz regicida), do filósofo irlandês Edmund Burke. Nesse texto, Burke critica o período da Revolução Francesa conhecido como terror, ou seja, o período em que os jacobinos estiveram no poder (1792 a 1794). Burke classifica como terroristas as perseguições e sentenças de morte na guilhotina levadas a cabo pelos jacobinos nessa fase.

A profissional Suhad Nasser, das áreas de Gestão Pública e Logística, e que estudou e morou na Síria por algum tempo, analisa que a manifestação do terrorismo passa por uma transformação e, hoje, ultrapassa fronteiras, chegando a países onde ataques não eram comuns. “Os ataques na Europa são mínimos perto do que está ocorrendo na África e no Oriente Médio, porém, a imprensa dá muito mais atenção ao que ocorre no Ocidente”, comenta. Ela prefere caracterizar a ação terrorista como um ato chocante o suficiente para aterrorizar a sociedade, movimentar imprensa, chegar a redes sociais e chamar a atenção para uma causa defendida.

O professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp, campus Engenheiro Coelho), Fábio Augusto Darius, historiador e mestre e doutor em Teologia Histórica, acrescenta que o terrorismo em solo europeu pode ser fruto do acirramento das relações históricas entre o que se convencionou chamar de Ocidente e Oriente, especialmente por conta dos grupos e líderes extremistas no Oriente.

Por trás de tudo

Suhad entende que causas ideológicas estão na origem dos atos terroristas, e não apenas questões de cunho político e econômico. Já o professor Darius pondera que “o terrorismo é fruto de vários fatores combinados. Contudo, os mais significativos são aqueles de ordem formativa. A má formação integral (crise de sentido, falta de educação formal, como cultura geral e religiosa), em consonância com a crise econômica legada por má gestão e pelas guerras, principalmente, cria uma tempestade perfeita para que grupos terroristas com líderes paternais e com boa retórica aliciem jovens que se dispõem a morrer por uma causa que simplesmente não pode ser tomada sob nenhum aspecto, visto não ser nada além de mote para o terror”.

O mestre e doutor em Sociologia, Thadeu Silva, afirma que “os atentados terroristas têm várias características, mas o núcleo de todas é o poder”. O raciocínio dele é o de que a capacidade de criar medo é uma forma de exercer força sobre outros. Os terroristas, na visão do sociólogo, querem “demonstrar a crença de que, neste mundo, pode-se mais tirando vidas - e isso seria mais forte que o dinheiro, como apregoa o ocidente. Em outras palavras, é considerar a vida como algo sem valor, quando a intenção é aparecer e mandar”. Thadeu entende que a quebra de ordem e estabilidade ocasionada pelos atos terroristas não respeita mais limites geográficos, e cria um novo fenômeno: a ideia de que esses crimes não são mais, nem uma questão de segurança pública, nem de segurança nacional, mas problemas mundiais que exigem soluções de organismos internacionais em busca de paz.

Causas nobres e políticas públicas

Na avaliação do professor Darius, a solução para tentar conter o terrorismo é mais profunda e não tão simples. Ele avalia que “o terrorismo se combate com a conversão de corações e mentes para uma verdadeira causa que dignifique o ser humano, sem chantagens e promessas. A ONU faz seu trabalho, e os países, de um modo geral estão empenhados com a questão, investindo milhões de dólares e horas intermináveis de reuniões emergenciais. Mas não vejo como combater o terrorismo a curto ou médio prazo, em virtude da completa impossibilidade de diálogo entre esses grupos e governos democráticos”.

A analista Suhad Nasser acrescenta que são importantes, ainda, instrumentos de vigilância, inteligência e políticas públicas para diminuir a vulnerabilidade social e os riscos de jovens terem interesse em aderir a grupos com viés terrorista. [Equipe ASN, Felipe Lemos]

Veja o que pensam os adventistas sobre o terrorismo: