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Livros religiosos sofrem menos no afetado mercado editorial

Títulos que tratam de temas religiosos apresentaram um crescimento nominal (sem contar a inflação) de 1,1% na comparação entre 2017 e 2018 no Brasil.


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Editoras adventistas contribuem muito para os resultados finais das estatísticas de vendas e faturamento. Foto: Shutterstock

É bem verdade que são recorrentes as pesquisas com apresentação de queda da venda de livros no Brasil. Há cinco anos, o setor amarga perdas. A Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2018, divulgada nesta semana pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL), evidencia que a crise do segmento ainda persiste. Foram ouvidas 202 editoras brasileiras que, juntas, representam a maior parte do faturamento do setor brasileiro.

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No ano passado, as vendas ao mercado tiveram uma queda nominal (sem descontar a inflação) de 6,7% em relação a 2017. Em termos reais (com inflação), significa uma queda de 10,1%. A produção de livros também caiu. Sofreu uma queda de 11% na quantidade de exemplares produzidos. Em termos absolutos, isso representa redução de 43,4 milhões em relação a 2017.

Fenômeno dos livros religiosos

Radiografia de vendas de livros segundo dados da pesquisa encomendada pelo SNAEL. Fonte: Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro

O chamado subsetor dos livros religiosos parece reagir melhor ao cenário negativo. A pesquisa mostra que o faturamento com a venda deste tipo de livro registrou variação positiva entre 2017 e 2018 de 1,07%.

Já em relação ao número de exemplares vendidos apresentou queda de 2,47% na comparação entre os dois anos. Só que esta queda no número de exemplares vendidos foi menor do que a de todos os outros subsetores como os de livros didáticos (queda de exemplares vendidos em 10,63%), obras gerais (-9,66%) e CTP – Científicos, Técnicos e Profissionais (-20,43%).

Mas que mercado é esse de livros religiosos?

Segundo a pesquisa, em 2018 foram vendidos 87 milhões, 61 mil e 285 exemplares de livros desta categoria no Brasil. A participação no mercado editorial total é de 24,88%.

Outro aspecto interessante é que as igrejas aparecem como o quarto canal com maior comercialização de livros. Em 2018, este canal respondeu por 9 milhões, 597 mil e 795 exemplares vendidos.

Editoras adventistas em alta

A Casa Publicadora Brasileira (CPB), a maior das 63 editoras adventistas do mundo, contribui significativamente para este mercado. Dados da editora mostram que anualmente são produzidos, em média, 1.300 títulos no catálogo. As vendas totais, somente de livros religiosos, somam 4 milhões de exemplares anuais, sem contar 16 milhões de exemplares anuais, em média, do chamado livro missionário.

A produção e distribuição do livro missionário é um projeto coordenado pela Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os livros são produzidos a um custo unitário a R$ 1,00. A ideia é que o material seja distribuído em larga escala pelos próprios membros em uma ação conhecida como Impacto Esperança.

O gerente de Marketing e Vendas da CPB, pastor João Vicente Pereyra, frisa que, apesar da crise generalizada, a editora adventista consegue boas vendas com dois canais específicos para os livros religiosos. O primeiro deles são as próprias igrejas que consomem em grande intensidade os livros missionários no projeto já explicado e outros livros denominacionais. A outra modalidade é a colportagem, com vendas de porta em porta, em empresas e escolas, responsáveis por distribuir milhares de livros religiosos regularmente.

Já a Unaspress, editora ligada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), produz anualmente em torno de 30 títulos. Vende, em média, por ano, 10 mil exemplares. O diretor da Unapress, Rodrigo Follis, entende que há razões culturais, por parte principalmente dos hábitos evangélicos brasileiros, por trás das boas vendas de livros religiosos. “Os grupos religiosos geralmente são grupos que leem e consomem literatura”, assinala.