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Estudo evidencia atuação de igrejas brasileiras na pandemia

Como tem sido a comunicação das igrejas em tempos de Covid-19? Pesquisa brasileira fala disso. Conheça detalhes na entrevista com jornalista responsável.


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Exemplo de ajuda de igrejas no contexto pandêmico. (Foto: Renata Paes)

O momento dramático ligado à pandemia da Covid-19 é uma realidade mundial. E é caracterizado por mortes, doentes e demais efeitos nas áreas de saúde, bem como sociais, econômicos e educacionais, todos estes dilemas enfrentados pelas organizações no mundo. Todos tentam reagir, de alguma forma, para minimizar os efeitos pandêmicos.

É o caso de algumas denominações cristãs, entre elas a Igreja Adventista do Sétimo Dia. A jornalista Renata Paes realizou uma pesquisa sobre o trabalho destas organizações, a partir da sua comunicação institucional, para verificar qual tem sido o papel delas em um determinado período do ano passado.

Trabalho científico

A Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com Renata Paes sobre o assunto. Ela é graduada pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará (FEAPA), especialista em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa (Estácio - MG),  e mestre em Ciências Ambientais (Universidade do Estado do Pará - Uepa).

Seu artigo foi escrito no início de janeiro de 2021. Ele é fruto do seu trabalho de conclusão da especialização em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa. A jornalista decidiu abordar esse assunto por ainda não haver abordagens dessa temática voltada à comunicação de grupos religiosos diversos e predominantes no Brasil.

O artigo está disponível na publicação Teologia em Revista, do Instituto Adventista Paranaense (IAP), a partir da página 34.

Na sua pesquisa, presente no artigo, você analisou, entre 15 de março e 4 de abril de 2020, 487 publicações, inclusive do site adventistas.org. Em todo este material, você constatou que houve uma forte comunicação institucional, especialmente aliada à pandemia da Covid-19. Mas o que você percebeu sobre a comunicação relacionada à ajuda humanitária das organizações religiosas pesquisadas?

A temática de projetos sociais alcançou o terceiro lugar dos conteúdos mais publicados. Dos seis grupos religiosos analisados na pesquisa, apenas três deram visibilidade a ações de projetos sociais. Entre eles, os adventistas do sétimo dia.

De todo o conteúdo jornalístico publicado pelo adventistas.org, as notícias de ações humanitárias estão em primeiro lugar e representam 38,1% das publicações. Um número significativo, visto o aumento da pobreza, falta de alimento na mesa dos brasileiros e necessidade de informação sobre como e onde buscar ajuda.

Comunicar as ações sociais num período em que as pessoas mais se isolaram revela o esforço institucional em fazer a diferença na comunidade, ajudar famílias a obterem informações de onde e quem buscar ajuda. Quando a comunicação e os projetos humanitários caminham juntos, o impacto e relevância social que as igrejas exercem ganham mais notoriedade e a informação chega a mais pessoas. Afinal, mesmo em pandemia, alimento e comunicação continuam sendo serviços essenciais.

Esses resultados foram obtidos a partir da análise das matérias jornalísticas publicadas uma semana antes, durante e uma semana depois da data de maior índice de isolamento social por parte dos brasileiros, 22 de março de 2020. Sabe-se que quanto mais trabalhadores em casa, maiores são os desafios para adquirir renda familiar. Refiro-me àqueles trabalhadores sem carteira assinada, que atuam de forma independente, por exemplo.

Orientações

Na sua avaliação, as organizações religiosas demonstraram, na sua comunicação institucional, um apoio no sentido de orientar as pessoas quanto à prevenção contra a doença pandêmica?

Sim. Apesar de se tratarem de organizações com doutrinas diferentes, notou-se um esforço em enfatizar a necessidade de assistir os cultos on-line devido ao cancelamento das celebrações religiosas. Além de tomar os devidos cuidados indicados pelo Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária sobre o uso de álcool em gel, máscara, distanciamento social. Tais orientações representam 23,80% de todo o conteúdo publicado pelo portal adventistas.org.

Nos adventistas, notou-se, ainda, que a abordagem das temáticas tinha como base a ciência, profissionais da saúde física e mental como fontes de informação. Assim como conteúdos que buscavam criar alternativas para que os fieis vivessem bem fisicamente, mentalmente e espiritualmente em meio ao isolamento.

É bem verdade que houve um determinado segmento religioso que optou em abordar a temática de forma questionável, pelo viés do sensacionalismo,  ao relacionar o coronavírus com o fim do mundo, o Apocalipse, e até mesmo se posicionar contra as medidas de isolamento.

Cuidados

Na conclusão do artigo, você dá a entender que as igrejas precisam tomar muito cuidado com sua comunicação, pois há um efeito no comportamento, especialmente dos fiéis. Fale um pouco mais sobre isso.

Os telejornais e as redes sociais exibiram alguns exemplos de "crentes" que, com a Bíblia na mão, negavam a pandemia e importância das medidas de isolamento social. Houve líderes religiosos, de determinado grupo cristão, que disseram claramente em rede nacional ser contra o isolamento social e o fechamento das igrejas. Em consequência disso, vimos igrejas lotadas, fiéis negando a pandemia e os efeitos dela.

A igreja tem o poder de mobilizar voluntários para doar sangue, arrecadar alimentos para mutirão de cestas básicas e resgatar pessoas desprezadas pela sociedade. Ao adotar posicionamentos sobre os assuntos que impactam na vida dos fieis, as organizações religiosas influenciam no modo de pensar e agir das pessoas.

Os fiéis acreditam naquilo que a igreja comunica, pois são instituições que carregam o conceito de verdade muito forte. Para quem é cristão, é difícil pensar em Jesus Cristo/Deus e relacionar a representação dele com mentira. A fé tem muito a ver com verdade!  Portanto, quando uma igreja ou um líder conhecido se posiciona, por exemplo, a favor do isolamento social, claramente a igreja está dizendo que acredita no discurso da saúde, da preservação da vida, da ciência como um meio que Deus usa para cuidar da humanidade.