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Comportamento

Campanha contra o abuso sexual infantil é realizada em periferias de São Paulo

Projeto Quebrando o Silêncio enfatiza medidas de prevenção e combate a essa violência


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Bárbara Luiza Costa de Souza tem 19 anos e atualmente cursa Pedagogia. Nascida na zona sul da capital paulista, a jovem tem dois irmãos, o mais velho e a caçula. Na infância convivia com as primas e o passatempo preferido era brincar de bonecas.

Filha de pais separados, Bárbara sentia falta da presença do pai, mas via num parente próximo a figura paterna.

Ele era muito brincalhão, carinhoso com todo mundo, alegre, já era da família há anos e todos gostavam dele”, afirma.

No entanto, o que era admiração tornou-se pesadelo. Em certa ocasião Barbara foi abordada de forma diferente. "Num determinado momento recebi um carinho que não era normal e depois disso ele começou a fazer outras tentativas até que um dia estávamos nos mudando e ele me pegou a força. Foi horrível. Lutei e não sei como, mas consegui fugir”, conta.

Por medo, culpa e vergonha Barbara se calou. O sigilo e os abusos que sofreu afetaram sua vida completamente. A garota que era alegre e expansiva tornou-se triste, calada, antissocial e cheia de traumas. “Sofri muito, na adolescência tive depressão. Lembro que demorava muito tempo no banho e tinha que lavar minhas mãos constantemente”, declara.

O caso se tornou conhecido na família através de um amigo. “Desabafei e ele acabou contando. Nessa hora eu estava presente. Foi um choque para todos, minha mãe chorou e até hoje se sente culpada de não ter identificado isso antes”, relata.

Depois que passou a falar do assunto e procurar ajuda, a universitária tem vencido o medo, superado os traumas e hoje milita em campanhas de conscientização como a do Quebrando o Silêncio, a fim de ajudar outras pessoas, vítimas desse mal.

Histórias como a de Barbara infelizmente acontecem todos os dias. Segundo relatório divulgado pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), cerca de 300 milhões de crianças do mundo sofrem com algum tipo de agressão. Para coibir esse número, a temática vem sendo trabalhada em diversos setores da sociedade.

Quebrando o Silêncio

Em 2019, o projeto educativo tratou da violência sexual infantil. A campanha que é desenvolvida durante todo o ano, teve uma de suas principais ações no último sábado, 24, envolvendo milhares de pessoas em oito países da América do Sul: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.

Zona Sul de São Paulo

Para alertar a população sobre esse crime, dezenas de iniciativas foram realizadas. No Parque Municipal Chácara Jockey, por exemplo, o show “ Eu quero paz”, apresentado pelos bonecos gigantes da Turma do Nosso Amiguinho chamou a atenção dos frequentadores do espaço. Além disso, encenações e rodas de conversa reforçaram a importância de identificar e se proteger dessa violência.

Periferias

Segundo dados Estatísticos do Estado de São Paulo, no primeiro semestre desse ano foram feitas cerca de 150 denúncias de estupro contra crianças e adolescentes na região sul da capital. Desses registros 49 foram feitos somente no Capão Redondo.

Mediante as estatísticas, o trabalho de conscientização e prevenção foi levado de forma criteriosa às comunidades por meio de revistas e materiais informativos, feiras de saúde e muito diálogo. “O objetivo é levar informação ao maior número de pessoas. O tema é muito delicado e precisa ser levado a sério. Por isso, nós estamos aqui para dizer e mostrar que somos contra esse e qualquer tipo de violência”, ressalta a responsável pelo projeto na região, Maria Teresa Araujo.

Trabalhos como esses salvam vidas, libertam e ajudam pessoas no mundo, no Brasil em todo lugar, principalmente nas periferias, onde acontecem muitos casos assim”, revela o aposentado Rubens Vidal de Lima.

Igrejas e Escolas

Mais de 200 templos adventistas da região explanaram o assunto dentro de suas programações, com a participação de psicólogos e especialistas na área.

Por entender que as instituições de ensino também exercem papel fundamental na proteção à infância, escolas adventistas realizaram palestras para pais e alunos e desenvolveram atividades dentro e fora da sala de aula. “É aqui na escola que os alunos passam a maior parte do tempo e por isso é importante abordar esse conteúdo de todas as formas, porque ajuda a sinalizar aquilo que eles podem vivenciar ou estão de repente enfrentando em casa ou em algum outro ambiente. Informados eles saberão como agir, a quem recorrer”, aponta a coordenadora pedagógica, Julia Gomes Freitas.

Materiais distribuídos

Mais de 100 mil materiais educativos foram distribuídos à população. O conteúdo, extremamente relevante, aborda o que é o abuso e suas consequências, como preveni-lo, como identificar o agressor, a importância da denuncia que pode ser feita de forma anônima pelo disque 100, entre outras questões ligadas ao assunto.

Para saber mais sobre os materiais disponibilizados esse ano, acesse: https://downloads.adventistas.org/pt/projeto/quebrando-o-silencio/

Confira o vídeo das ações do Quebrando o Silêncio