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Representação de alunos alerta sobre violência contra mulher em Curitiba-PR

Para realizar a ação, os alunos estudaram em sala de aula sobre a violência, por três meses.


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Os alunos representaram o ciclo de violência vivido pela mulher.

Os alunos representaram o ciclo de violência vivido pela mulher.

Curitiba, PR... [ASN] Dona Maria Mendonça passava pelo calçadão da Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba, nesta manhã nublada de quarta-feira (25). O susto foi grande quando presenciou uma cena de agressão bem no meio da calçada. Gritaria, empurrões, insultos e tapas, na verdade, faziam parte das encenações de alunos do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro, no Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher.

Além de retratarem situações que ocorrem no dia a dia de muitas vítimas, também foi representado o ciclo de violência que uma mulher sofre, formado por três fases: início da agressão, explosão da crise e falsa lua de mel. Para isso, alguns adolescentes possuíam marcas de violência, já uma noiva machucada representava o casamento conturbado, enquanto outros alunos machucados demonstravam a falsa reconciliação, que é quando o agressor pratica o ato, mas depois volta atrás arrependido pelo que fez. Entretanto, muitas vezes, o ciclo não tem fim, porque não é rompido com a denúncia da vítima.

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A cena mexeu com Maria, por já ter sido vítima da violência. Por anos, conviveu com seu marido envolvido em drogas e bebidas. Com duas crianças pequenas, a mulher resolveu se separar e se desvencilhar dessa vida de sofrimentos. “Eu tenho pavor disso! Quando vi a cena já estava indo separar as pessoas. Eu tive isso na minha casa e não quero que tenha também na casa de outras pessoas”, revela.

Revistas Quebrando o Silêncio foram distribuídas para os pedestres.

Revistas Quebrando o Silêncio foram distribuídas para os pedestres.

Uma em cada cinco mulheres já sofreu algum tipo de violência, tendo o marido ou companheiro como principal agressor em 49% dos casos. Em 21% da situações, o motivo principal para a violência é o ciúmes, segundo pesquisa do DataSenado.

A intenção do movimento foi de alertar e conscientizar a população sobre essa temática que merece atenção. Os pedestres que passaram por ali, receberam uma revista do Quebrando o Silêncio, contendo informações e artigos sobre a violência e o abuso.

Mas antes de saírem às ruas, os alunos trabalharam o assunto em sala de aula. Foram três meses de pesquisas, debates com os pais e estudos. Izabelle Machado, professora responsável pelo projeto, comenta que foram abordados os diversos tipos de violência, além de dados estatísticos e números de telefone que podem ser utilizados para a denúncia. Ela revela que todo o processo foi interessante, pois os alunos descobriram informações que não sabiam sobre a violência. “Alguns não sabiam os telefones, como denunciar, nem imaginavam que algumas coisas aconteciam, inclusive os dados estatísticos. Cada dia mais a violência está atingindo também os adolescentes e as crianças. Eles precisam saber como agir diante das situações”, diz.

Recados afixados no chão complementaram o cenário informativo.

Recados afixados no chão complementaram o cenário informativo.

Guilherme Isfer de 13 anos entendeu a seriedade do problema. Ele acredita que sua atitude e a de seus colegas podem ajudar outras pessoas a denunciarem e dar um basta na violência. Não apenas o benefício do próximo, mas o adolescente enxerga também o benefício próprio de estudar o assunto. “Foi bem legal o incentivo que a professora deu dentro da sala de aula e aqui. Nós não tínhamos um conhecimento tão amplo, e agora com esse projeto teve um grande envolvimento de todos. Por a praça ser movimentada, aqui pode ter passado pessoas que sofrem com isso, e vendo a nossa a ação sintam coragem de denunciar e que percebam que elas não estão sozinhas”, conclui. [Equipe ASN, Jéssica Guidolin]