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Teoria do Design Inteligente reconhece um ser criador

Especialista explica qual é a argumentação principal dos que defendem a Teoria do Design Inteligente e por que é mais plausível do que a evolução.


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Eberlin: importância de fortalecer a ideia do design inteligente como algo muito mais evidente na vida das pessoas do aquilo que a evolução ensina. (Foto: Debora Dantas)

A Teoria do Design Inteligente (TDI) tem muitos adeptos e possui uma relação bastante próxima ao criacionismo. Como o próprio site oficial do TDI Brasil define, trata-se do “estudo científico de padrões na natureza que possam referendar – ou descartar – a ação de uma mente inteligente como a causa de um efeito”.

O presidente da Sociedade Brasileira do Design Inteligente, doutor Marcos Eberlin, esteve de passagem por Brasília, na sexta e sábado, dias 1­­­­9 e 20 de outubro, para dar palestras na Igreja Adventista Central da cidade. Na oportunidade, conversou com a reportagem da Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN).

Eberlin possui graduação, mestrado e doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado de Espectrometria de Massas da Universidade de Purdue (EUA). É membro da Academia Brasileira de Ciências e comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico. Orientou cerca de 180 mestres, doutores e pós-doutores. Já publicou cerca de 800 artigos científicos e já foi citado em aproximadamente 16 mil trabalhos em áreas científicas diversas, como a Química, Física, Bioquímica, Biologia, Forense, Farmacêutica, Alimentos, Veterinária, Ciências Médicas e de Materiais.

Como os defensores do TDI trabalham para tornar compreensíveis os conceitos ao grande público?

Primeiro, eu gostaria de falar que a ideia do design inteligente é evidente. A gente não precisa de muito esforço. O esforço quem tem de fazer é a evolução para provar tanta coisa absurda. Que um dinossauro teria virado um pássaro. Que um quadrúpede, ou qualquer animal, teria nadado de boca aberta e virado uma baleia. Eles apelam para milhões e milhões de anos, e tudo mais, para deixar aquela comida mais digerível. Mas a percepção de design é evidente e todo mundo tem consigo. Ao contemplar o universo e a vida, a gente percebe que há uma mente inteligentíssima por trás de tudo isso. Que teria arquitetado o universo e a vida. Quando a gente fala, num primeiro momento, todo mundo fala. Nossa eu já sabia disso. Só não tinha argumentos para refutar tudo isso que está sendo contado.

O que a gente tem procurado transmitir é uma mensagem simples, uma mensagem baseada nas experiências do dia a dia das pessoas. Ontem eu estava com jovens e disse o seguinte: Quando uma criança pega um chocolate em cima da mesa, e vê que foi mordido e tem marcas de dente nesse chocolate, o que a criança vai falar para a mãe? Meu irmão mordeu meu chocolate. Ela sabe que foi o irmão, porque só tinha o irmão em casa. E tinha a marca do dente do irmão ali. A vida é assim. É um chocolate mordido. As marcas de dente desse designer estão em todos os cantos, em todos os lugares.

Quando a gente vê uma baleia com todo aquele sistema magnífico que permite com que ela possa sobreviver em alto mar; Quando você vê um pássaro voando com as suas asas, toda uma arquitetura fantástica, diferentes tipos de asas; As asas têm um design magnífico que permite o voo. E quando alguém tenta voar e sabe da dificuldade que isso representa, é óbvio que realmente isso foi desenhado por um ser de extrema inteligência. A gente quer transmitir alguns conceitos simples da ciência.

Na sua área de estudos, em que o senhor é conhecido mundialmente, como vê, em rápidas pinceladas, conceitos que ajudam a fortalecer a ideia de um designer acima de tudo e todos?

Quando a gente vai falar para as pessoas que não têm um conhecimento muito profundo de química, a gente diz: Olha a aurora boreal; Olha que conjunto magnífico de cores e tudo mais. Agora, quando a gente vai falar para químicos: olha os orbitais atômicos e moleculares; olhas as equações de Schrödinger; olha a mecânica quântica; olha como todos esses níveis energéticos foram calibrados a uma precisão absurda e absoluta para estabilizar o átomo de nitrogênio e de oxigênio que constitui a nossa atmosfera.

Veja como as explosões solares produziram energia certa para que, quando desviadas pelo nosso campo magnético, pudessem excitar os elétrons do nitrogênio e do oxigênio em orbitais moleculares. E quando voltassem aos seus estados fundamentais, emitissem luz em comprimentos de onda que estão na região do visível. Extremamente fino. Não precisava emitir no visível, não precisava ser colorido.

Na verdade, a chance seria absurdamente mínima. Mas não. É aquele capricho que eles chamam de capricho da natureza. A gente fala natureza porque a gente não quer identificar quem realmente fez: um ser de extrema inteligência. É um capricho desse designer que eu costumo dizer que é um exibido e exagerado. É um show de luzes e cores. A gente observando o show já diz: Uau! Foi alguém inteligente! Quando a gente vê os fundamentos do show do ponto de vista físico-químico, as equações e tudo mais, aí sim. Eu costumo dizer.

Como o senhor vê o ensino de criacionismo em escolas públicas?

Sou presidente da Sociedade Brasileira do Design Inteligente. No nosso primeiro congresso, nós fizemos um manifesto em relação a isso e, ali, a gente se manifesta contra o criacionismo nas escolas, inclusive nas escolas confessionais. Porque esse ensino pressupõe que seja nas aulas de ciência. E a ciência não tem essa capacidade, esse poder, essa amplitude, para debater uma tese tão ampla, tão diversificada, quem seria o autor das nossas origens.

O que a gente disse em nosso manifesto: E­­nsine ciência nas aulas de ciência. A gente tem de admitir que a ciência é limitada, que ela tem um poder muito amplo de explicar as coisas, mas esse poder não é absoluto, tem fronteiras, tem limites que ela não pode ultrapassar. O que a ciência pode dizer sobre as nossas origens é que um ser de extrema inteligência fez todas as coisas. Parece que há assinaturas muito claras desse ser permeando o universo e a vida. Mas quem é esse ser, de acordo com as pesquisas científicas?A gente nunca descobriu e talvez nunca descobrirá. A ciência não tem ferramentas para acessar esse ser.

Eu acho que, nas aulas de ciência, devemos ensinar ciência. Devemos ensinar as evidências que apontam, ou para a evolução, ou para o design inteligente. Que se ensine a evolução de uma forma justa, leal, honesta. Olha, a teoria é essa, mas há vários problemas. E tem a teoria do design inteligente que diz isso, isso e isso. E quem é o designer? O criacionismo vai assumir uma identidade para esse designer, que a gente não deveria apresentar em uma aula de ciência.

Agora, numa aula de filosofia e teologia, a gente pode expandir esses conceitos, a gente pode colocar quem seriam os candidatos a ser esse designer. E, por filosofia e teologia, decidir qual seria a melhor opção. Eu acho que a filosofia e a teologia, não a ciência, apontam para o Deus bíblico e ele ganha de goleada. Mas só ganha quando você expande o conhecimento humano, não somente no limite da ciência, mas quando coloca boa filosofia e boa teologia. A gente só constrói conhecimento com ciência? Não. A ciência dá a base e dá os dados. A filosofia é que faz as boas perguntas e quem responde, afinal, é a teologia.

Veja a palestra apresentada por Eberlin no dia 19 de outubro em Brasília: