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Coluna | Michelson Borges

Interestelar e o messias extraterrestre

A ideia de um messias extraterrestre, apresentada em alguns filmes, tem base bíblica? Será? Leia esse artigo.


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A revista Veja da semana passada publicou uma matéria em que trata da busca de planetas habitáveis pelo ser humano, da procura de vida fora da Terra e da destruição do nosso mundo, usando como “gancho” o lançamento do filme de ficção científica “Interestelar”. Na produção de Christopher Nolan, a astronauta Amelia (Anne Hathaway) fica emocionada ao descobrir um lugar no qual a espécie humana poderá eventualmente continuar sua existência: um planeta coberto de água. Sim, água. Sempre ela.

Em outra matéria, a especial sobre a descida da sonda Philae no cometa 67P, há a informação de que um dos objetivos da sonda é verificar se haveria moléculas orgânicas na rocha que viaja ao redor do Sol a uma velocidade equivalente a cem vezes a de uma bala de fuzil. Evolucionistas acreditam que moléculas orgânicas trazidas por um cometa poderiam ter chegado à Terra e dado origem a aminoácidos, proteínas, DNA e, finalmente, à vida. Alguns pesquisadores também acreditam que a água da Terra teria sido trazida a bordo de cometas. Se as tais moléculas e água não forem encontradas no 67P, assim como ainda não foram encontradas em Marte, a despeito dos jipinhos que passeiam por lá procurando a substância, a busca de evidências para a hipótese terá que continuar em outros locais. Mas a hipótese não perderá seus defensores, pois, de outra maneira, a explicação para a origem da vida aqui terá que passar pela ideia “inconcebível” de uma criação especial. Por quê?

Simples: porque mesmo que a Terra tivesse mais de cinco bilhões de anos, os cientistas sabem que, nesse tempo, seria impossível que a vida chegasse ao grau de complexidade observado hoje. Pergunte a um matemático bem informado (sugiro John Lennox, de Oxford, autor do ótimo livro Por Que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus). Não pergunte a um biólogo evolucionista, porque a fé dele trabalha contra os números. Mesmo a famosa experiência de Urey-Miller, aquela do balão de vidro no qual colocaram certos gases e os submeteram a descargas elétricas, não provou que a vida poderia surgir. Primeiro, porque os gases, a quantidade deles, o tempo das descargas e outras variáveis foram inteligentemente calculados para obter aminoácidos. Ou seja, se essa experiência provou alguma coisa foi que cientistas inteligentes obtiveram o que desejavam usando exatamente a inteligência. Design Inteligente.

Segundo, qualquer um com um mínimo de conhecimento do assunto sabe que o abismo entre aminoácidos e as proteínas (para não mencionar o DNA e a vida) é intransponível, mesmo em bilhões de anos. E nem vou entrar no detalhe de que naquele balão de vidro se formaram aminoácidos levógiros e destrógiros, sendo que os seres vivos são formados por apenas um tipo deles. Resumindo: a experiência de Urey-Miller foi desacreditada. Por isso, é preciso “jogar o problema para fora”. Se a vida surgiu em algum lugar do Universo, fora da Terra, jamais teremos como investigar e provar isso. Muito conveniente...

Voltando ao filme

Mas voltemos ao filme “Interestelar”. Um trecho da matéria da Veja me chamou a atenção de maneira especial. É a declaração de Silas Guerreiro, professor do programa de pós-graduação em ciência da religião da PUC-SP: “A ideia de procurar vida lá fora remete, em alguma medida, à ideia milenarista de um messias. Após a II Guerra, começou uma febre de óvnis. O horror e a destruição trazidos pelo conflito contribuíram para insuflar a perspectiva de que seres mais avançados nos ajudariam a retomar o caminho certo. Eles nos salvariam. [...] A possível descoberta de vida em outro planeta não colocaria a teologia cristã em crise. Nesse contexto, Deus é o criador de tudo, logo, também seria criador desses outros habitantes do Universo.”

E aqui parece que tudo converge (esqueci de um detalhe: há uma longa matéria na mesma edição sobre os perigos do aquecimento global). Vida extraterrestre + evolucionismo + destruição da Terra + salvadores vindos do espaço. Embora o professor da PUC tente acrescentar Deus à história, Ele é praticamente dispensável nesse contexto todo. A vida surge, evolui e pode se tornar extinta por si só. Mas, como esse pensamento fatalista não agrada a ninguém, permanece na mente de muitos a ideia de que a esperança estaria nas mãos (ou nas asas, ou nos tentáculos, ou nas garras) de seres mais inteligentes e avançados do que nós. E estaria aberta a porta para a invasão de “seres extraterrestres” capazes de levar a humanidade inteira (ou quase inteira) a aceitar um grande engano. O maior de todos os enganos.

O Messias já esteve aqui, revelou o caráter do Criador, levantou a cortina do grande conflito entre o bem e o mal, voltou para o Céu e prometeu que vai voltar. Essa é a única esperança dos seres humanos. Qualquer promessa diferente dessa se trata de contrafação.

Finalmente, apenas mais um detalhe sobre o 67P (e sobre qualquer outro cometa): quando a rocha (no caso do 67P, ele tem a metade do tamanho do Monte Everest) passa próximo ao Sol, os ventos solares desgastam a superfície dela, e é por isso que se formam as caudas dos cometas. A cada volta, o cometa perde mais e mais matéria. Extrapolando o tempo para trás, se o cometa tivesse os alegados bilhões de anos que lhe são atribuídos, não deveria ter sobrado nem poeira dele. Mas ele está aí. Eles estão aí. Passeando livres pelo espaço infinito. Sujeitos às forças gravitacionais. Sem vida. Mas deixando claro que a vida não “surgiu” ali.

Michelson Borges

Michelson Borges

Ciência e Religião

As principais descobertas da ciência analisadas do ponto de vista bíblico.

Jornalista, é editor na Casa Publicadora Brasileira (CPB) e autor de vários livros, como A História da Vida e Por Que Creio. Pós-graduando em Biologia Molecular e mestre em Teologia, é membro da Sociedade Criacionista Brasileira e tem participado de seminários em diversos lugares do Brasil e do exterior. Mantém o blog criacionismo.com.br @criacionismo