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Ancião e adolescente destacam união entre as gerações da igreja

Como ensinar a nova geração da igreja, sem limitá-la na missão?


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Campo Grande, MS...[ASN] Folhetos evangelísticos, sermões em tons mais formais, direção conservadora e uma linguagem tradicional atípica para quem ainda não atingiu a maioridade. Do outro lado, mentes que trabalham a mil por hora, domínio das novas tecnologias e mídias sociais, um fôlego para inovação e uma disposição para a criatividade, típico de quem está descobrindo a vida. Parece contraditório? Pois essas são realidades que, muitas vezes, se chocam dentro da igreja: membros mais antigos versus a nova geração.

Mas, como unir as duas gerações dentro de um mesmo contexto da igreja? Para Rafael Lopes, advogado e ancião da igreja adventista Central de Campo Grande, “a junção da experiência e ponderação dos mais velhos, com o dinamismo e visão renovada dos mais novos, pode trazer excelentes resultados”, acredita.

Rafael e o grupo de jovens sob sua liderança na igreja adventista Central de Campo Grande. Para o líder, a solução está união das gerações.

Rafael e o grupo de jovens sob sua liderança na igreja adventista Central de Campo Grande. Para o líder, a solução está união das gerações.

Segundo o ancião, essa união pode contribuir muito para o crescimento da igreja, permitindo uma pregação mais efetiva do evangelho. “Sem sombra de dúvidas a presença de jovens em cargos de liderança pode trazer fôlego ao trabalho missionário. Acredito que uma liderança que inclua jovens é capaz de entender com maior facilidade as necessidades das novas gerações e é de extrema importância que a igreja compreenda as mudanças experimentadas por estas novas gerações para entender qual a forma mais efetiva de se comunicar com ela”, pontua.

Como ensinar a nova geração sem limitá-la na missão?

Em geral, nunca é fácil sair da “zona de conforto” e se adaptar a mudanças, aceitar o novo e abraçar o diferente. Mas, muitas vezes, esse é o caminho para oportunidades únicas e resultados até então, inimagináveis.  “Acredito que ainda existe uma grande resistência da liderança da igreja para a atribuição de grandes responsabilidades às gerações mais jovens e existe certo preconceito da juventude com relação à liderança mais experiente”, pondera o advogado, ressaltando que o caminho para uma resolução pode estar na inclusão de jovens na liderança, somada aos ensinamentos dos mais experientes, aplicados em conjunto com suas ideias inovadoras. Ou seja, uma via de mão dupla. “Tenho visto uma geração cada vez menos preocupada com programações e mais preocupada no envolvimento direto com a missão da igreja. Aliás, tenho visto esse movimento como nunca havia visto antes. Pra mim é muito claro o despertamento dos jovens para o trabalho na obra de Deus e nós, como líderes, devemos aproveitar este momento para direcionarmos os jovens pelos caminhos corretos de liderança e pregação do evangelho”, destaca Rafael.

A voz da nova geração

Do alto de seus 14 anos, o estudante Luis Guilherme Gomes, membro da igreja adventista da Vila Nasser, em Campo Grande, acredita que está na curiosidade e disposição em aprender uma das soluções para o crescimento da igreja. “Eu utilizo o meu dom de libras para auxiliar a minha igreja e também ajudo na comunicação, como diretor associado. Na última Missão Calebe – projeto missionário da igreja adventista para a América do Sul - dei estudo bíblico para uma deficiente auditiva e hoje ela é batizada e frequenta a igreja. Acredito que posso ajudar muito. Nesse caso, por exemplo, ninguém no meu grupo conhecia libras e eu pude oferecer o meu dom para ajudar e atendê-la no estudo”, conta.

Luis Guilherme (à frente). Com 14 anos ele dedica boa parte do seu tempo, dons e talentos para a pregação do evangelho.

Luis Guilherme (à frente). Com 14 anos ele dedica boa parte do seu tempo, dons e talentos para a pregação do evangelho.

O adolescente não para por aí. Além do dom de libras, seu gosto por comunicação o tornou um pesquisador do assunto e é ele o responsável também pelas redes sociais de sua igreja, dos vídeos sobre as programações da comunidade e até mesmo anúncios e informativos. “Tudo o que é relacionado à mídia eu pesquiso e procuro aprender para ajudar na comunicação da minha igreja. Não vejo a idade como um problema, mas como uma oportunidade para a nova geração utilizar seus dons e talentos para a missão. Com 14 anos eu posso fazer muita coisa. O próprio Cristo desde muito pequeno começou a pregar e anunciar o reino de Deus, então, eu também posso ajudar a minha comunidade com meus dons, talentos e conhecimentos. Uns cantam, outros tocam, outros dão estudo bíblico e cada um pode somar de alguma maneira”, enfatiza.

A nova geração da igreja está cada vez mais interessada no trabalho missionário e precisa ser ouvida. Na foto, o adolescente Luis Guilherme entre os jovens de sua igreja, todos missionários.

A nova geração da igreja está cada vez mais interessada no trabalho missionário e precisa ser ouvida. Na foto, o adolescente Luis Guilherme (canto inferior direito) entre os jovens de sua igreja, todos missionários.

Mas, será que essa geração tem voz na igreja? E por que ela precisa de uma atenção especial da liderança? De acordo com o ancião Rafael Lopes, nos últimos anos houve uma espécie de despertamento da liderança em relação à nova geração. “Percebo que a igreja tem visto de forma mais clara a importância do envolvimento da juventude nos cargos de direção e tem agido de forma institucional para que esta nova geração possa ser ouvida cada vez mais em suas comunidades”, explica.

A solução está na união

O ancião reforça, mais uma vez, a importância da união das gerações para o desenvolvimento saudável da igreja, onde se construa um ambiente de mútuo relacionamento. “Sempre ouvimos que os jovens são o futuro da igreja, mas acho que existe certo equívoco nessa afirmação. Acredito que o trabalho conjunto entre os mais experientes com os mais inexperientes é, na realidade, o futuro da igreja. Por isso, devemos cada vez mais abrir esse canal de comunicação entre a geração passada e a atual”, analisa.

E nada melhor do que a própria liderança para possibilitar essa realidade. “Como ancião, tenho buscado ser a ponte entre estas duas gerações, explicando aos mais experientes os anseios e a forma de pensar da nova geração e buscando traduzir a esta nova geração os ensinamentos que os mais experientes podem proporcionar”, finaliza. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin]

Fotos: Reprodução/Facebook