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A mesma velha lamentação (da Babilônia)

Autor aponta realidade de conflito que envolve controvérsia em relação à adoração a Deus, observância do sábado e perseguição em um decreto dominical.


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Conceito bíblico de uma controvérsia final em relação a adoração a Deus, como criador, é uma realidade. (Foto: Shutterstock)

Uma onda recente de escatologia antiadventista tem surgido. É a mesma velha lamentação (da Babilônia), só que vindo do nosso meio. Roma não é mais um jogador importante; a perseguição dominical nunca surgirá; nosso cenário do tempo do fim vem de Ellen White, não da Bíblia. E devemos parar de assustar as pessoas.

Vamos dar uma olhada.

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Livro de Daniel

Para começar, Roma – não é mais um jogador?

Em Daniel capítulo 2, logo após a queda da Grécia antiga (Daniel 2:39), o ferro nas pernas da estátua, e o ferro e o barro em seus pés e dedos dos pés (Daniel 2:33, 34, 39-43) representam o último império terrestre, que permanece até que uma pedra, que “do monte foi cortada [...], sem auxílio de mãos” (Daniel 2:45) destrói a terra, e Deus estabelece Seu reino eterno (Daniel 2:44).

Em Daniel 7, após a queda da Grécia antiga (Daniel 7:6), a quarta besta com seu chifre pequeno (Daniel 7:7, 8, 19-21) representa o império terrestre final, que permanece até que Deus estabeleça Seu reino eterno: “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade” (Daniel 7:18).

Já em Daniel 8, após a queda da Grécia antiga (Daniel 8:8, 21, 22), o chifre pequeno representa o último império terrestre (Daniel 8:9-11, 22-25), que existe até que é sobrenaturalmente destruído, como em Daniel 2, “sem esforço de mãos humanas” (Daniel 8:25) no “tempo do fim” (Daniel 8:17).

Que poder, que também desempenha um papel importante no Novo Testamento, surge depois da Grécia antiga e permanece até nossos dias (como deve ser se destruído no final)?

Este mesmo poder também perseguiu o povo de Deus (Daniel 7:21), foi blasfemo (Daniel 7:20), exaltou-se contra “o príncipe do exército” (Daniel 8:11) e cuidou “em mudar os tempos e as leis” (Daniel 7:25). Portanto, a menos que os críticos possam identificar outro grande poder que surge após a Grécia antiga, que perseguiu o povo de Deus, que cuidou “em mudar os tempos e as leis” e que perdura até os nossos dias – o posicionamento adventista sobre Roma continua a ser a única opção viável.

Apocalipse

E essa opção se torna ainda mais viável, graças a Apocalipse, capítulo 13, que faz referência às mesmas imagens que Daniel 7 usou para representar o poder terrestre final, aquele que surgiu depois da Grécia antiga e permanece até ser destruído sobrenaturalmente no fim do mundo.

Em outras palavras, Roma – que agora, no Apocalipse, é retratada como o principal jogador do fim do jogo, ou seja, uma besta (Apocalipse 13:1-11), a mesma besta por trás da infame e apocalíptica “marca da besta” (Apocalipse 16:2).

Obviamente, a interpretação “tradicional” adventista da “marca da besta” e a perseguição do tempo do fim também são ridicularizadas.

Vamos ver...

Adoração no centro

O Apocalipse descreve os eventos finais como centrados na adoração. A adoração da besta e de sua imagem (Apocalipse 14:9), ou adoração a Deus, o Criador, Aquele que “fez o céu, e a terra, e o mar e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7). A linguagem aqui é extraída diretamente do quarto mandamento (Êxodo 20:10).

Este é o único mandamento que mostra por que devemos adorar a Deus – porque Ele é o Criador. E é o mesmo mandamento que Roma procurou mudar, substituindo o decreto de Deus (o sétimo dia) pelo do homem (o primeiro). “Observamos o domingo em vez do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo” (Peter Geiermann, The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine, IL: Tan Books and Publishers, 1977, página 50).

Enquanto isso, os seguidores do Senhor – que são descritos, duas vezes, como guardadores dos “mandamentos de Deus” (Apocalipse 12:17; 14:12) – adoram a Deus porque, como Criador (e, também, nosso Redentor), só Ele é digno de adoração (Apocalipse 5:9).

E não existe símbolo mais fundamental Dele, como nosso Criador, do que o sábado do sétimo dia, que (novamente) o poder da besta procurou mudar. Para um poder terreno tentar mudar, de certa forma, usurpar o sinal mais básico da doutrina mais básica, a criação, é tentar usurpar a autoridade do Senhor no nível mais básico possível: Deus como Criador.

O único nível mais básico é o próprio Deus, e porque nenhuma entidade, celeste ou terrestre, pode chegar a Ele, em vez disso, chega o mais perto possível: do sinal fundamental Dele como Criador – o sábado do sétimo dia.

Perseguição por causa do sábado?

Mas, perseguição por causa do sábado?

Em Mateus 12, depois que Jesus curou no sábado o homem com a mão atrofiada (Mateus 12:9-13), como os líderes religiosos reagiram? “Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a vida” (Mateus 12:14). Morte por causa do sábado do sétimo dia? Em João 5:1-16, após outra cura milagrosa no sétimo dia, os líderes “e os judeus perseguiam Jesus, porque fazia estas coisas no sábado” (João 5:16).

Morte por causa da tradição humana (nada na Bíblia proíbe curar no sábado, assim como nada na Bíblia coloca o domingo no lugar do sábado) versus o sábado do sétimo dia? Embora a questão específica aqui com Jesus não seja a mesma dos eventos finais, é próxima o suficiente: a lei humana versus a de Deus. E, em ambas, a lei contestada gira em torno do sábado bíblico.

É difícil, então, ver como a questão de adorar ao Criador ou à besta e sua imagem não será sobre o único mandamento que aponta a Deus como Criador e que revela porque devemos adorá-Lo – o mandamento exato que o poder da besta usurpou.  

Argumentação de Ellen White

E, no que diz respeito a usar Ellen White para provar nossa posição sobre a marca da besta... Onde eu a citei acima?

Finalmente, e quanto a assustar as pessoas com aquelas bestas ferozes e advertências sobre a perseguição e decretos de morte? Noé provavelmente ouviu algo semelhante. Talvez alguém tenha dito a Malaquias: Será que você não pode se concentrar mais no amor de Yahweh em vez de dar advertências desagradáveis ​​como: “Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei excremento ao vosso rosto, excremento dos vossos sacrifícios, e para junto deste sereis levados” (Malaquias 2:3)? E o que dizer do sermão de Jesus no monte: guerras, rumores de guerras, fome, pestilência, iniquidade, perseguição, “o princípio das dores” (Mateus 24:8)?

Desculpe-nos, se necessário, por pregar a marca da besta. É uma parte integrante das três mensagens angélicas e do “evangelho eterno” a ser proclamado pelo povo de Deus do tempo do fim. Afinal, aquele que o receber apenas “beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira” (Apocalipse 14:10). Não podemos, sem avisar sobre os eventos que precedem esse acontecimento, proclamar fielmente a segunda vinda de Jesus.

Uma coisa é nossa mensagem do tempo do fim ser atacada pelos de fora. Mas pelos de dentro? Seria ingênuo esperar o contrário. Infelizmente.

Clifford Goldstein é teólogo e autor do guia de estudos da Bíblia conhecido como Lição da Escola Sabatina, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em âmbito mundial.