Jovem faz pós-graduação para auxiliar surdos na igreja
Atitudes de inclusão aliadas aos materiais de apoio estão atraindo mais visitantes
Grajaú, MA... [ASN] Na cidade de Grajaú, na região sul do Maranhão, a igreja do bairro Canoeiro conta com 18 membros surdos batizados, frutos de uma congregação que apoia a inclusão social e da persistência de uma jovem administradora chamada Anna Paula Sá, que sentiu que deveria ser capacitada para ser intérprete durante dos cultos.
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Estima-se que no Brasil haja 9,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, segundo dados divulgados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número despertou a preocupação e o interesse da Igreja Adventista, que nos últimos anos criou o Ministério dos Surdos para atender esse público. A partir disso, foram criados materiais em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como, por exemplo, a Lição da Escola Sabatina, livro missionário, guias de capacitação para voluntários, Clube de Jovens, Pequenos Grupos e Calebes Surdos.
O envolvimento de Anna começou em 2007, quando Áurea Moreira dos Santos Arruda, que é surda, chegou a Grajaú, já batizada. Diante da necessidade, a administradora sentiu que precisava ajudar. De forma improvisada, tentava traduzir as palavras do pregador e dos cantores, e isso deu certo. Logo, outros surdos souberam que naquela igreja havia uma intérprete e passaram a frequentá-la.
Posteriormente, Áurea começou um relacionamento com Eurico Ávila Matos de Arruda, também surdo, que estava vindo de outra denominação. Eles casaram-se e tiveram uma filha ouvinte.
Disposição
A intérprete conta ainda que bem no início, ao final das pregações, os surdos sinalizavam ter entendido tudo, e isso a impressionava porque não entendia como tinha sido capaz, pois nunca havia feito nenhum curso. “Foi aí que entendi que recebi de Deus esse dom espiritual”, relembra.
“Comecei sem grandes pretensões. O que aconteceu foi um milagre. O Deus que chama é o mesmo que capacita. Quando vejo todos eles envolvidos, me sinto feliz e grata. Temos que dizer como Isaías ‘Eis-me aqui, envia-me a mim’”, considera.
Por incentivo da igreja e da família, e principalmente impelida pelo carinho pelos surdos, Anna Paula ingressou numa pós-graduação em Libras e hoje é especializada.
O templo do Canoeiro apoia os surdos através da amizade e de recursos financeiros, quando necessário. A jovem intérprete os motiva a desenvolver também a linguagem dos sinais para servi-los melhor. Em linguagem de sinais, Áurea diz: “Nos sentimos amados quando observamos que os demais estão se esforçando para aprender e assim podermos conversar”, afirma. Sensibilizada, a líder do Clube de Aventureiros, Gilvanete Veras de Sousa, recentemente começou a aprender o idioma e está atuando como intérprete em alguns cultos.
De 2007 pra cá, cerca de 30 surdos já visitaram a igreja. Uma característica dos surdos batizados é o espirito missionário. Eles se envolvem nas programações e são bastante ativos na cidade. E quanto à intérprete, ela revela qual é seu maior sonho. “Quero encontrá-los no Céu. Sei que será muito bom ouvir a voz deles”, finaliza. [Equipe ASN, Simone Joe]