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Adolescente

Brasil registra diariamente 129 casos de violência contra crianças

Agressividade, baixa autoestima e falta de comunicação podem ser sintomas de agressão contra a criança ou o adolescente


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Belo Horizonte, MG... [ASN] Dados da Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam um cenário desolador em relação à violência contra crianças e adolescentes. No Brasil, a cada dia são reportados ao Disque Denúncia 129 casos de violência (física, psicológica, sexual ou negligência) contra crianças, em média. Ou seja, cerca de cinco casos por hora. Esse quadro pode ser ainda mais grave se levado em consideração que muitos desses crimes nunca chegam a ser denunciados.

A pediatra do Instituto Fernandes Figueira (IFF), Marlene Roque Assumpção, ressalta que a violência intrafamiliar é uma forma de comunicação e relação que contamina todos os membros da família. Segundo ela, alguns estudos apontam eu essa violência está relacionada à própria estrutura social, que coloca sobre a mãe a responsabilidade quase exclusiva da educação e cuidado dos filhos, gerando uma densa carga de duplas ou triplas jornadas de trabalho.

Os mesmos estudos apontam que a figura materna é a principal autora das agressões contra crianças. Sendo assim, essa mulher precisa ser amparada, a fim de refletir esse cuidado em sua família. Para Marlene, isso é fundamental para uma educação positiva e sem violência.

A pedagoga também afirma que o melhor caminho para obter bons resultados na criação dos filhos é o diálogo. “É mais eficaz explicar, dialogar com a criança e falar sobre as consequências dos seus atos do que puni-la com agressão física. A criança não nasce sabendo das regras. Ela precisa que alguém explique o que se deve ou não fazer", ressalta.

Agressividade, baixa autoestima e falta de comunicação podem ser sintomas de atos de agressão contra a criança ou o adolescente, o que prejudica o desenvolvimento em diversos âmbitos. (Foto: Shutterstock)

Casa Esperança

Em Belo Horizonte – MG, a ADRA Brasil, em parceria com a prefeitura, desenvolve o projeto de acolhimento Casa Esperança. Ele tem como objetivo amparar, provisória e excepcionalmente, crianças de 0 a 18 anos de ambos os sexos, que estejam em situação de risco social e pessoal, vítimas de violência (física, psicológica, sexual e negligência), afastadas do convívio familiar por meio de medida protetiva de abrigo (ECA, Art. 101) em função de abandono e/ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. As crianças/adolescentes ficam sob os cuidados da ADRA Brasil até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família, ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família extensa ou substituta.

Atualmente, a ADRA mantém onze unidades do Casa Esperança, com capacidade para acolher cerca de 165 crianças e adolescentes. Numa delas foram acolhidos dois irmãos vítimas de negligência e maus tratos por parte da mãe. “Ao conhecermos essa mãe, percebemos que era apaixonada pelos filhos. Porém, era ‘fria’. Isso dificultava o trabalho da equipe”, relata Fernanda Schettino Reis, coordenadora do projeto. “Nas visitas às crianças na Casa Esperança, conseguimos a confiança dela e, juntos, realizamos um trabalho gratificante para todos. Essa mãe estabilizou sua vida para conseguir novamente a guarda das crianças. Hoje, mora em um apartamento bem preparado para receber de volta os filhos e trabalha com carteira assinada. É notória a felicidade das crianças quando estão com ela”, completa.

Uma das crianças, de dez anos (identidade preservada), conta que está ansiosa para voltar para casa. “Aqui na Casa Esperança eu já aprendi várias coisas legais. Agora que a minha mãe já melhorou, vai ser ótimo morar com ela”, acredita. O outro irmão, de nove anos, também demonstra a mesma expectativa: “Minha mãe me batia antes de vir na Casa Esperança. Agora ela não bate mais, e prometeu não bater mais. Vai ser muito legal morar com ela de novo”.

“Trabalhamos nos projetos sempre o amor e os limites, que influenciam muito na vida deles, afirma Gleice Luciane, também coordenadora do projeto. “A soma das nossas ações viabiliza as transformações, e eles se sentem protegidos e acolhidos. Sentir a esperança e a gratidão nos olhos das crianças e adolescentes é a maior retribuição que podemos ter do nosso trabalho, e isso ultrapassa a realização profissional”, finaliza.

Como ajudar?

Você pode ajudar o projeto com doações de vestuário, brinquedos, visitas com atividades lúdicas, palestras e serviços psicológico e pedagógico. Conheça o projeto através do site.

A ADRA também mantém outros projetos de apoio a crianças e pessoas de todas as faixas etárias, vítimas de circunstâncias sociais e/ou ambientais. Conheça todos os projetos no site. [Equipe ASN, Fernanda Schettino Reis e Gleice Luciane]