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Abuso sexual infantil é tema de palestra para famílias no Pará

Problemática do abuso sexual infantil é abordada pela campanha Quebrando o Silêncio em toda a América do Sul no mês de agosto.


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Pais e alunos do Colégio da Faculdade Adventista da Amazônia (Faama) participaram nesta quarta-feira, 21, de uma palestra para conscientizar pessoas sobre abuso sexual infantil. A iniciativa faz parte do projeto da Igreja Adventista do Sétimo Dia chamado Quebrando o Silêncio. O tema ganha visibilidade no mês de agosto, quando a campanha se intensifica. A iniciativa abrange toda a América do Sul.

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Diego Alexandre Silva, profissional de saúde focado em saúde mental, orientou inicialmente os pais dos alunos sobre o assunto. Ele explica que o lar deve ser percebido pela criança como um ambiente seguro para falar do assunto. "Isso precisa ser falado nas famílias, dentro de casa. Educação sexual não é iniciação sexual. Educação sexual é: "Quais são as partes do meu corpo e como eu devo cuidar do meu corpo". Os pais tendem a achar que os filhos sabem onde podem ser tocados. Será que sabem mesmo? Eu espero que os pais entendam que essa responsabilidade é deles".

Conscientização começa em casa

A urgência de quebrar o tabu em relação à sexualidade dentro de casa tem a ver com o fato de que, em 40% dos casos, o agressor possui algum vínculo familiar com a vítima, e 80% acontecem dentro da casa da vítima. "Não deixe seu filho com um desconhecido. Não é ser paranóico. É ser cuidadoso. Nossos filhos são um bem precioso que Deus nos deu", alertou.

A organizadora do Quebrando o Silêncio para os estados do Maranhão, Pará e Amapá, Ironildes Bussons, também comentou o assunto. "É um assunto árido que ao longo dos anos tem sido velado. As vezes a vítima não se manifesta por medo, por não querer expor a família. Mas como cidadãos e cristãos é nosso dever orientar e proteger as crianças. Conscientizar faz parte da proteção tanto para as crianças como para seus responsáveis. Faz parte da identificação de um abusador".

Identificar um agressor não é tarefa fácil para família ou para a criança, como comenta Ironildes: "Esses abusadores na sua maioria são pessoas de extrema confiança da família. E eles não costumam ter características agressivas.  Demonstram amar a criança, proteger e cuidar. Por isso, a importância de profissionais com embasamento e preparo para abordar a temática, preparar os pais e falar sobre abuso", complementa.

Lugar de fala

A campanha Quebrando o Silêncio consiste entre outras ações na distribuição de mais de 2 milhões de revistas de conscientização.

Diego Silva: "Se uma pessoa está sendo violentada é nosso dever espiritual e civil impedir que ela continue exposta".

Segundo a orientadora educacional do Colégio da Faama, Daniele Garcia, a escola precisa ser um lugar seguro para tratar do tema. "Faz parte da nossa essência a proteção, o cuidado. Quando a criança é violentada, aliciada por alguém da sua confiança, a gente, como escola, se oferece para ser alguém de confiança para ouvir, orientar, acolher e proteger. Nós não podemos nos omitir nesse sentido. Isso seria o equivalente a ser conivente com o que aconteceu. Aqui existe um compromisso de proteção da criança", ressalta.

A educadora destaca que este papel é importante no esclarecimento do assunto também. "Nós aprendemos hoje na palestra que muitas coisas são caracterizadas como abuso. Assistir a um filme pornográfico com uma criança do lado, por exemplo, andar de roupas íntimas pela casa, deixar uma criança desconfortável, quebrar sua confiança, tudo isso expõe uma criança. Nossa função é previnir  situações em que a criança possa estar em perigo", afirma.

Diego comenta sobre a função do profissional em instituições de ensino adventistas. "Na educação adventista, todos nós temos em cada criança e em cada adolescente o nosso ministério. Se eu estou limpando um jardim ou dando uma aula, o meu compromisso é servir e salvar essa criança. Eu devo levar salvação para ela aqui na Terra. A nossa vocação não é salvar apenas espiritualmente mas salvar do mal hoje e agora".

Além do toque

Para ser classificado como crime, o abuso não precisa envolver o toque físico em uma criança. Diego explica que "hoje com o avanço das redes sociais se configura abuso sexual o envio e o recebimento de fotos. As vezes é um adolescente que alicia uma criança. Infelizmente alguns pais são permissivos com o acesso a mídias indevidas. Ser omisso nesse sentido é expor uma criança à violência".

A orientação de Ironildes sobre o consumo do que é apresentado na internet é prático e objetivo. "É preciso acompanhar os sites que as crianças navegam; elas precisam ser acompanhadas sobre como usar seus aparelhos. A criança pode não perceber uma ameaça e o papel é nosso, como adultos, de orientar a criança nos caminhos que ela deve percorrer. Não podemos fugir desta responsabilidade", reforçou.

Responsabilidade cristã

Diego Silva também convida os cristãos a serem respostas de Deus a quem sofreu abuso em sua infância. "Quem foi vítima de abuso muitas vezes questiona a presença de Deus na vida delas. As vezes nós somos o recurso de Deus para responder pessoas que estão sofrendo. Não só um ombro amigo, pra chorar, compartilhar, mas alguém que vai lutar junto".