História dos pioneiros adventistas em Goiás são preservadas em Museu com peças centenárias na cidade de Uruaçu (GO)

A história centenária da presença adventista no estado de Goiás está preservada em um museu na cidade de Uruaçu (GO). O espaço recebe peças raras doadas para a curadoria e preserva o legado de pioneiros que desbravaram o centro-oeste brasileiro para anunciar verdades bíblicas.

O prédio que abriga o museu foi construído para receber a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia em terras goianas. Sua arquitetura preserva características originais da construção da metade do século XX.

Acervo

No acervo, a Bíblia (Novo Testamento) utilizada por Jaulino Marques, datada de 1902, está entre as peças raras e exclusivas em exposição. Revistas da Casa Publicadora Brasileira (CPB), como o título “O Atalaia” do início do século XX também está disponível, além de exemplares dos periódicos Nosso Amiguinho, Revistas Adventista e Vida e Saúde.

Painéis apresentam fotos históricas de famílias pioneiras na pregação da mensagem bíblica no estado de Goiás, no sul do estado, e também no norte, região de Uruaçu e fazenda Riachão.

História viva

Agda Toledo foi aluna no prédio e após estudar em São Paulo retornou para lecionar no espaço. Ela relata como foi a experiência. “Fui aluna na escola aqui no Riachão e depois de ter feito magistério em São Paulo, o professor que lecionava aqui precisou sair e pediram para que eu assumisse as aulas. Mas o prédio era esse mesmo, antes igreja, depois escola e agora museu”, enfatiza.

Ezelina José Toledo visitou o espaço do museu durante a Campal Riachão, entre os dias 3 e 6 de julho, em Uruaçu (GO). Um misto de sentimentos tomou conta da neta dos pioneiros. “Estou muito feliz por visitar esse ambiente. Ele traz muitas recordações da minha infância e as brincadeiras que eram promovidas aqui para crianças e jovens. A cada três meses tínhamos o relatório da Escola Sabatina. Aí o pessoal de fora começou a vir com mais frequência e se decidiu em realizar o congresso do Riachão”, relembra.

Histórias que são apreciadas por visitantes como Clicia Antunes de Goiânia. “Visitar o museu é uma oportunidade de conhecer um pouco mais da história da Igreja Adventista aqui em meu estado. Muito interessante ver como Deus têm guiado a Igreja dele até os dias de hoje”, destaca a visitante.

Jaulino Marques

Em 1923, Jaulino Marques, um jovem português de 29 anos, veio ao Brasil em busca de novas oportunidades e aventuras, após ser abandonado pela família por abraçar a fé adventista. Em São Paulo, na Casa Publicadora Brasileira (CPB), ele encontrou apoio e foi fortalecido na fé.

Jaulino trabalhou em diversos empregos até ser aprovado em um concurso dos Correios, sendo transferido para Pires do Rio, Goiás, o que foi crucial para a introdução do adventismo no estado.Com. o apoio espiritual da CPB, Jaulino foi incentivado a observar o sábado, o que o levou a pedir demissão dos Correios. Em Pires do Rio, ele fez amizade com Eudóxio Mamede, que também se tornou adventista e guardava o sábado. Ambos começaram a pregar antes mesmo de serem batizados.

Em 29 de novembro de 1924, o Pastor J. Berger Johnson batizou Jaulino e Eudóxio, marcando o primeiro batismo adventista em Goiás. Jaulino Marques e Eudóxio Mamede foram os pioneiros do adventismo em Goiás, estabelecendo a base para o crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia no estado e inspirando futuras gerações de crentes.

Carlos Heinrich

O doutor Carlos Heinrich for um médico e teólogo. alemão pioneiro do adventismo em Goiás. Ele e sua esposa enfrentaram grandes dificuldades, viajando a cavalo e pregando o evangelho em uma época com poucos recursos de transporte e comunicação.

Eles Influenciaram muitos e fundaram novas congregações, treinando líderes para cuidar delas.

Nascido em Hannover, Alemanha, em 2 de julho de 1886, Carlos cresceu em uma família adventista e formou-se em medicina e teologia. Poliglota, ele dominava sete idiomas: alemão, francês, italiano, espanhol, português, inglês, hebraico e aramaico.

Em 1909, chegou ao Brasil, estabelecendo-se em São Paulo, onde se adaptou rapidamente e demonstrou um fervor missionário que chamou a atenção da Revista Adventista.

Após a Primeira Guerra Mundial, Heinrich e sua família decidiram retornar ao Brasil em 1919, motivados por um forte senso de missão. Ele usou suas habilidades médicas e teológicas para curar pessoas, ensinar práticas de vida saudável e guiá-las na fé.

Trabalhou especialmente com os índios Xerentes e Carajás no Norte de Goiás (atual Tocantins), inspirando a igreja a investir mais na evangelização indígena.

Heinrich foi um modelo de serviço altruísta e um dos heróis pioneiros do adventismo no Brasil, deixando um legado de fé e coragem que continua a inspirar gerações.

Alvin Nathan Allen

O Pastor Alvin Nathan Allen foi um missionário adventista fundamental para o estabelecimento da mensagem adventista em Goiás. Nascido em 1880 em uma família adventista, Allen estudou no Colégio Adventista de Battle Creek e formou-se em Teologia no Union College. Casou-se em 1901 com Luella Emily Goodrich, filha de missionários, e teve seis filhos.

O primeiro trabalho missionário da família foi em Honduras, onde Allen atuou na colportagem, lecionou, estudou odontologia e realizou reuniões evangelísticas. Em 1908, foi transferido para o Peru, onde foi influenciado pelo missionário Fernando Stahl e começou a perceber seu chamado para a evangelização de indígenas.

Em 1926, Allen foi convidado a trabalhar no Brasil, inicialmente lecionando no Colégio Adventista Brasileiro. Lá, ouviu sobre o trabalho evangelístico de doutor Carlos Heinrich e, ao saber da necessidade de missionários entre os indígenas de Goiás, voluntariou-se para a tarefa. Enfrentou desafios e perigos com um forte senso de missão e amor pela causa de Deus.

O impacto do ministério de Allen foi duradouro, deixando um legado significativo na Igreja Adventista em Goiás. Seu trabalho incansável é lembrado por todos que o conheceram e pelos seus descendentes, que vivem os resultados de sua obra missionária.