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Mulher sobrevive a duas tragédias em Petrópolis, na mesma casa

Sonia Ramos sobreviveu à tragédia de Petrópolis duas vezes. Primeiro, em 1988, quando estava grávida do primeiro filho, Iran.


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Tragédia Petrópolis 2022
Local onde Sonia costuma guardar seu carro, salvo no dia da enxurrada. Foto: arquivo pessoal

Sonia Ramos de Araujo (58) é nascida e criada em Petrópolis. Sua mãe era petropolitana e o pai paraibano. A família sempre morou na Cidade Imperial, e viveram na mesma casa desde que ela nasceu, no bairro Alto da Serra – um dos mais atingidos pela tragédia do último dia 15.

Ao contar como tudo aconteceu naquela terça, Sonia menciona três datas importantes no mês de fevereiro que marcam sua vida. Primeiramente, no dia 5 de fevereiro de 1988, quando caiu uma tromba d´água na cidade de Petrópolis e matou 171 pessoas, deixando vários desabrigados. Naquele dia, ela estava grávida de seu primeiro filho, que nasceu no dia 20 de fevereiro, duas semanas após a tragédia. A partir de agora, ela coleciona mais uma data triste no mesmo mês: o dia 15.

“Em 1988, nossa casa ficou interditada pela Defesa Civil por três meses, fizeram um muro de contenção e nunca mais voltou a chover tanto como naquele dia”, relembra Sonia que só voltou para casa com o filho três meses depois.

Família (esq. para dir.): Gerusa, Sonia, Karen (4), Nei, Kamile (12), Bárbara e Iran. Foto: arquivo pessoal
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Trinta e quatro anos depois, Sonia reviveu a mesma tragédia na sua cidade. Era por volta das quatro da tarde, no dia 15 de fevereiro. Sonia estava na casa da filha Bárbara com a neta Kamile. A casa delas fica no mesmo terreno, uma em cima da outra. Entretanto, quando a chuva começou, Sonia se perguntou como faria para buscar Karen na escola. Voltou em sua casa para fechar as janelas abertas, quando viu a água enlameada descendo pelas escadas como uma cachoeira. Só então se deu conta de que estavam em perigo ali.

“Desci com minha neta para a peixaria da rua principal, na esperança de que a chuva passasse logo. Mas permanecemos ali até às 21h. A rua virou um rio de lama com muitos galhos de árvores e lixo, logo soube que toda a cidade estava um caos. Ouvimos um estrondo que parecia um gerador estourando, mas eram pedras enormes caindo perto na Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva (Emas)”, descreve Sonia.

Seu genro, Raul, perdeu o carro, que foi levado pela água. O carro de Sonia e da filha não foram levados e ela gradece a Deus pelo livramento dela e de toda sua família. “Por enquanto, está tudo muito incerto, não sabemos se poderemos voltar para a nossa residência. Nossos móveis e nossas coisas estão na casa”, afirma Sonia, que junto com outros moradores do local, já receberam orientação da Defesa Civil de não retornar nos imóveis até segunda ordem.

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O desmoronamento atingiu o lado direito e esquerdo da casa de Sonia. Ela conta que perdeu amigos, alunos e ex-alunos. Sonia deu aula por 36 anos da rede Municipal de Petrópolis em variadas escolas, da Educação Infantil ao nono ano e na turma EJA (Educação de Jovens e Adultos). “Aconteceu tudo de forma muito rápida. A lama desviou-se da nossa casa pela segunda vez e sou muito grata a Deus por isso”, acrescenta.

A seta indica a casa da Sonia após o desmoronamento. Foto: arquivo pessoal

A neta Karen e os demais alunos da Escola Três Ursinhos só puderam sair de lá às 21h. O esposo de Sonia, Nei Carvalho, a filha Bárbara, e o genro Raul, entretanto, só conseguiram chegar em casa após a meia noite. Todos tiveram que enfrentar o caos da cidade.

Atualmente, Sonia está com as netas Kamile e Karen, na casa do filho Iran, que é professor do Colégio Adventista de Petrópolis (Ipae). “Sou grata a Deus pelo livramento, pois as pedras e a lama poderiam ter atingido a peixaria onde estávamos, além de outras pessoas. Deus certamente tem um projeto nas nossas vidas e ainda vamos executá-lo”, finaliza Sonia.

Ajuda da ASA e ADRA permanecem em Petrópolis

Desde o dia 16, voluntários da Igreja Adventista estão envolvidos em ações solidárias para atender os moradores afetados pela tragédia de Petrópolis, a pior registrada até hoje. Enquanto isso, a carreta solidária da ADRA - Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais está fornecendo mil refeições diárias e lavando meia tonelada de roupas todos os dias.

Voluntários estão se desdobram para manter os pontos de apoio espalhados pela cidade abastecidos com água e alimentos todos os dias. Pastor João Custódio, líder da Assistência Social Adventista na região central do Rio de Janeiro, está em Petrópolis desde quarta (16) e destaca a importância de permanecerem com as doações.

"A partir de amanhã, faremos uma triagem entre as famílias cadastradas pela Defesa Civil (mais de 1.400 famílias), para verificar as necessidades e ajudá-las", explica o pastor, que agradece todas as doações feitas, desde as menores às maoires, que excederam às expectativas da cidade, como água e roupas que já não são mais necessárias.

A fim de facilitar a entrega de alimentos não perecíveis e água, a Igreja Adventista disponibiliza quatro pontos estratégicos para distribuição de cestas básicas na cidade de Petrópolis, através de cadastro:

Castelânea: Rua Cistóvão Colombo, 860 (Castelânea)

Itamarati: Rua Gregório Cruzick, 4 (Itamarati)

Mosela: Rua Frederico Kronemberg, 112 (Mosela)

Petrópolis: Rua Alberto Torres, 103 (Centro)

Atualmente, os itens de maior necessidade são: roupas íntimas (novas), fraldas infantis e geriátricas, leite em pó, colchonetes e cobertores, kit´s de higiene, hit´s de limpeza (vassoura, rodo, panos, balde, cloro), frutas, legumes e verduras. As doações poderão ser entregues no SESC Quitandinha, onde a carreta solidária da ADRA permanecerá por duas semanas.


Faça sua doação para os moradores de Petrópolis pelo PIX ADRA RJ: (21) 96940 5542