Morte de adolescente nos EUA alerta sobre uso de cafeína
Itaboraí, RJ... [ASN] A morte do adolescente Davis Allen Cripe, de 16 anos, na Carolina do Sul (EUA) pode acender o sinal de alerta para o consumo de energéticos entre os adolescentes. O estudante sofreu uma arritmia e entrou em colapso na escola apó...
Itaboraí, RJ... [ASN] A morte do adolescente Davis Allen Cripe, de 16 anos, na Carolina do Sul (EUA) pode acender o sinal de alerta para o consumo de energéticos entre os adolescentes. O estudante sofreu uma arritmia e entrou em colapso na escola após ingerir cafeína em excesso no período de duas horas. Aqui no Brasil, pessoas da mesma idade podem se render ao uso da substância para afastar o sono, principalmente no período de provas e na fase pré-vestibular.
O diretor médico do Hospital Adventista Silvestre de Itaboraí, Thiago Pinhel, alerta para os riscos do uso indiscriminado da cafeína, sobretudo, nessa faixa etária. “O cérebro é uma matriz cognitiva. Ele controla todas as nossas funções. Quando dou um estimulante para o sistema nervoso central, ele acaba estimulando também o coração, alterando a frequência cardíaca e pressão arterial, que podem desencadear em uma arritmia”, explicou.
Uma xícara de café contém, em média, 95mg de cafeína. A mesma quantidade dos energéticos e o dobro do índice encontrado em refrigerantes de cola. Para quem se habitua a ingerir a substância, a falta dela pode causar efeitos colaterais. “A cafeína é energética e estimulante, porém não é cientificamente comprovado que seja uma droga que cause dependência. No entanto, a retirada dela causa sintomas de abstinência, como dor de cabeça” alertou Pinhel.
O componente que nos faz sentir sono é a adenosina. A cafeína atua, justamente, impedindo a ação desse neurotransmissor. “A cafeína é uma espécie de maquiagem. Quem usa com o objetivo de aumentar a concentração, não conseguirá bons resultados, pois ela causa agitação. O corpo dá sinais. Se a pessoa sente sono, será mais produtivo que ela durma do que ficar tentando se manter acordada artificialmente”, concluiu.
A estudante Ana Rafaela Oliveira, 16, conta que beira ao desespero e tem a sensação de que não vai conseguir estudar todo o conteúdo no período de provas. Ela conta que acorda às 4h para estudar e quando o sono chega, a ideia de usar um estimulante passa pela sua cabeça. “Tenho amigos que bebem energéticos para estudar e já pensei em tomar café, mas nunca cheguei a fazer. Na minha família não há o costume de consumir bebidas com cafeína, porque se considera que não faz bem à saúde, por isso não tomei”.
Mas, com um currículo enorme de disciplinas para dar conta e a pressão da conclusão do Ensino Médio e das provas do Enem e do vestibular, como fazer para ajudar aos adolescentes a não caírem na tentação dos estimulantes? O Colégio Adventista de Itaboraí adotou duas medidas para diminuir a ansiedade e a pressão sobre os alunos desse segmento. O departamento de Psicologia da escola tem encontros periódicos com eles para auxiliá-los a superar a ansiedade e estimular boas práticas, como respeitar as horas de sono e fazer exercícios físicos.
“Trabalhamos com eles os aspectos relacionados à ansiedade e frustração. Entendemos que, realmente, o currículo é extenso e há a sensação de que as 24 horas do dia não serão suficientes para estudar todas as matérias, por isso oferecemos, sem cobrança adicional na mensalidade, o curso pré-vestibular no contra turno do aluno”, explica o diretor da unidade, professor Robledo Moraes. Segundo ele, o objetivo é que o aluno dilua o estudo das matérias durante o ano e não fique sobrecarregado no período de provas e do vestibular. A escola também organiza torneios esportivos, também em horário diferente das aulas regulares, para estimular a prática de exercícios físicos. [EquipeASN, Marcely Seixas]