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Moradores de rua casam em cerimônia realizada por voluntários

Eles ganharam roupa, bolo, ornamentação, álbum de fotos, música ao vivo e mais os comes e bebes do casamento. Hotel ofereceu lua de mel ao casal


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Quem passou pelo local não deixou de dar uma paradinha para prestigiar a cerimônia. (Foto: Cristiane Aparecida da Cunha - Arquivo Pessoal)

Ao meio dia, de quinta-feira, 11 de julho, Selma Zenilda Maria de Jesus, 42 anos, e João Ramalho de Souza, 38 anos, prometeram um ao outro viverem juntos na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe. Os votos foram feitos durante a cerimônia de casamento realizada na Avenida Olegário Maciel, em Belo Horizonte. Dezenas de pessoas pararam para prestigiar a união dos dois pombinhos.

A cerimônia teve música instrumental ao vivo, troca de alianças e os votos matrimoniais. Ao final, o casal recebeu chuva de arroz e a noiva jogou o buquê. Era mais quem queria abraçar e desejar ao casal uma vida feliz e amor eterno.

Selma tinha o sonho de se casar, mas esse desejo parecia distante devido as marcas deixadas no corpo e na alma, por causa de um relacionamento anterior abusivo. Até que um dia, em Itaúna, Região Centro-Oeste de Minas Gerais, conheceu João Ramalho de Souza, 38 anos,. O casal passou a namorar, manter um bom relacionamento e continuar a vida nas ruas.

Eles são conhecidos e muito queridos na localidade. Tanto que, os amigos comerciantes do bairro fizeram uma coleta e bancaram o bolo e os comes e bebes do casamento. Selma ganhou um dia de noiva. Um hotel ofereceu a lua de mel, mas o casal recusou, pois não queriam deixar a cachorrinha de estimação, Lilica, sozinha por muito tempo.

Casal é muito querido na localidade. Selma fez fotos com amigos. (Foto: Cristiane Aparecida da Cunha - Arquivo Pessoal)

“ Os dois banharam, foram levados de carro até o ponto onde seria o casamento, montamos toda a estrutura de ornamentação da festa, fizemos uma mesa com comida. Muitas pessoas filmaram e gravaram”, conta Felipe Marçal Anunciação, que tocou no casamento.

A união de Selma e João foi realizada de forma simbólica, pelos funcionários da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), em parceria com os servidores da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

Os funcionários de ambas as instituições formam uma das equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), composta por psicólogos, assistentes sociais, arte educadores e educadores pares (pessoas que um dia já estiveram em situação de rua). A equipe está diariamente pela cidade e realiza intervenções com pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Eles estão no território de 8h as 22h, de segunda a sexta, para encontrar essas pessoas e entender as demandas, seja de saúde, educação, assistência social, documentação. A equipe já os acompanha de um tempo e construiu vínculos com o casal e eles demandaram a necessidade que tinham de se casarem”, diz a gerente de projetos da ADRA, Dayane Arantes.

O casal ainda não externou o desejo de sair das ruas. Porém, a equipe continua a assisti-los para garantir-lhes os direitos de cidadão e assim conscientiza-los sobre a oportunidade de superar a vivência nas ruas.