Missionários compartilham experiências sobre desafios e oportunidades do voluntariado
Durante a programação do I Will Go, participantes têm conhecido experiências de voluntários que atuam em diversos países.
A experiência da missão e voluntariado é inspiradora, porém não é isenta de desafios. Durante a programação do I Will Go, evento que está acontecendo na Faculdade Adventista da Bahia (Fadba) desde o dia 19 de outubro, os 5 mil participantes têm a oportunidade de conhecer experiências contadas por voluntários que atuam em diversos países do mundo.
Em formato de semi-plenárias e workshops, 15 temas foram abordados para motivação e orientação, como, por exemplo, como usar a profissão como missão, como superar o choque cultural e desafios e oportunidades em países com restrições à liberdade religiosa.
Leia também:
Missão do outro lado do mundo
(Por motivo de segurança, os nomes dos missionários entrevistados foram alterados para preservar a identidade dos mesmos. As fotos acima não correspondem a nenhum deles.)
Ao contar sobre sua experiência em países do Oriente Médio, o missionário João contou que o islamismo é a religião majoritária, e por isso o conteúdo da Bíblia não é conhecido por grande parte da população. Realidade diferente da região ocidental, por exemplo, onde histórias como a de Davi e Golias ou Daniel na cova dos leões são comuns ao repertório, mesmo de quem não é religioso.
Por isso, segundo João, o trabalho nos países muçulmanos precisa ser progressivo e cauteloso. Ele relatou que experimentou duas importantes formas de atuação nestes países: a primeira, pelo ministério da oração; a segunda, construindo relacionamentos. “Construir relacionamentos demanda sacrifício de tempo. Às vezes, leva cerca de oito anos para que estas pessoas mudem sua cosmovisão para entender e aprender sobre o Deus que acreditamos”, disse.
Já Marcos contou experiências de voluntariado na Ásia, que aconselhou os ouvintes a buscarem conhecimento sobre o país onde pretendem servir. “Assista a documentários, filmes, conheça o estilo de música regional. Todo preparo e toda busca por conhecimento não são em vão no que diz respeito à missão”, falou.
Mesmo com os desafios enfrentados para falar sobre a mensagem bíblica com muita discrição, Marcos relata que foi a realização de um sonho. “Desde pequeno eu já sonhava em ser missionário. Sempre quis expandir meus horizontes. Eu já tinha um ministério no Brasil, mas eu percebia que eu precisa de algo mais. Uma coisa é você saber acerca do que os livros falam e o que outras pessoas te contam. Isso te motiva, mas você viver, te transforma. Eu e minha esposa estamos na expectativa de quando vai ser a próxima oportunidade”, compartilhou.
Choque cultural: ponte para o aprendizado
“Até mesmo dentro de um mesmo país como o Brasil, vemos culturas diferentes de uma região para a outra”, pontuou Maria, psicóloga estrangeira que já está há oito anos na Ásia Central como missionária. Ela deu dicas de como superar o choque cultural ao ingressar em uma região diferente. Como destaque, falou sobre o quanto é importante que o voluntário se prepare para o campo missionário cuidando da espiritualidade, estando firme sobre o propósito que o move e também preparando a mente.
Maria também conta que, ao estar no local de atuação, é necessário que o missionário cultive o respeito pelo diferente e trabalhe em equipe para que uns aprendam com os outros. E encerrou citando o que está escrito no livro de Eclesiastes, no capítulo 4, versos 9 e 10: "É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!"
Gabriel do Valle trabalha no Estado de Goiás e acompanhou a palestra dada por Maria porque ele se identificou com o tema, já que também teve a oportunidade de ser missionário em um local de cultura diferente da sua. Todo ano, ele e sua equipe fazem missão por um mês em uma aldeia indígena no Estado do Tocantins. Cada visita é como uma imersão cultural de aprendizado para todos. “Nós não podemos ir para o campo missionário só com o intuito de ensinar, mas temos que ter em mente que podemos aprender muito com o povo local e, a partir disso, ensiná-los dentro do seu contexto”, ressaltou.